Crise: Após roteiristas, atores entram em greve e paralisam Hollywood de vez

Agora Hollywood vai parar de vez! O SAG-AFTRA, sindicato norte-americano dos atores, anunciou na tarde desta quinta-feira (13) que todos os seus integrantes entrarão em greve às 4h (horário de Brasília) de sexta-feira (14). Eles vão se unir aos roteiristas, que estão de braços cruzados desde 2 de maio.

A decisão de paralisar foi oficializada pela atriz Fran Drescher, presidente do sindicato e também responsável pelo comitê que negociava um novo contrato com a AMPTP (Aliança de Produtores de Filmes e Televisão). O acordo anterior tinha vencido no último dia 30, mas os atores concordaram em adiar a paralisação em duas semanas para que as partes envolvidas tivessem mais tempo para tentarem acertar suas diferenças.

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O SAG-AFTRA não declara uma greve geral desde 1980 --na ocasião, a paralisação durou três meses e três dias. Já a união oficial de atores e roteiristas no piquete é ainda mais rara: as duas classes não cruzam os braços ao mesmo tempo desde 1960.

No início de junho, o sindicato dos atores já tinha realizado uma votação com seus mais de 160 mil integrantes para checar quem era a favor de uma paralisação caso os dirigentes não entrassem em acordo com a AMPTP. Mais de 97% dos votantes aprovaram a greve.

Apesar de os escritores estarem sem trabalhar há 73 dias, Hollywood ainda dava um jeitinho de manter algumas produções funcionando. Séries e filmes podiam manter suas gravações, desde que os roteiristas não estivessem no estúdio para acompanhar os trabalhos. Em uma situação normal, pelo menos um escritor precisaria marcar presença no set para realizar mudanças de última hora no texto, seja para adaptá-lo às condições do cenário ou para resolver falas que não alcançaram o efeito desejado na boca do ator.

O produtor Ryan Murphy, de American Horror Story, por exemplo, foi acusado de forçar seu elenco a furar os piquetes para gravar a próxima temporada da antologia de terror, que será estrelada por Kim Kardashian e Emma Roberts --ele nega. A segunda temporada de House of the Dragon também manteve seu cronograma de trabalhos, pois os roteiros tinham sido finalizados antes.

Agora, com a greve dos atores, as produções com elenco norte-americano precisarão parar --mesmo aquelas gravadas fora dos Estados Unidos, como a sequência de Mortal Kombat (2021), que iniciou recentemente as filmagens na Austrália.

O que querem os atores e roteiristas?

As principais exigências das duas categorias giram em torno da utilização de ferramentas de inteligência artificial para substituir o trabalho humano e da remuneração em trabalhos para o streaming. 

Antigamente, equipes de filmes e séries ganhavam os chamados residuais, direitos autorais e de imagem, toda vez que a produção era exibida na TV. No streaming, esse cálculo é mais complexo, já que não há uma grade pré-definida e cada um pode ver o que desejar, na hora que quiser.

Fran Drescher, conhecida do público brasileiro por ter estrelado a comédia The Nanny (1993-1999), afirmou que seu sindicato foi para a mesa de negociação com a melhor das intenções, mas que as "respostas da AMTP às propostas foram insultantes e desrespeitosas".

"As empresas se negaram a abordar de maneira profunda alguns tópicos levantados, e em outros nos bloquearam por completo. Até que negociem de boa-fé, não podemos sequer começar a esboçar um novo acordo", continuou a presidente do SAG-AFTRA.