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AOS 91 ANOS

Afastado da TV, Manoel Carlos deixa missão para a filha após diagnóstico de doença

Estevam Avellar/TV GLOBO

Manoel Carlos em entrevista à GloboNews

Manoel Carlos em entrevista à GloboNews; escritor não escreve uma nova novela desde 2014

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 1/5/2024 - 7h55

Afastado dos holofotes e diagnosticado com Parkinson, Manoel Carlos se aposentou e não escreve uma novela desde Em Família (2014). O autor de 91 anos incumbiu a Júlia Almeida, sua filha com Elisabety, a missão de preservar seu legado. A atriz assumiu a produtora Boa Palavra, criada pelo escritor, e tem organizado mais de sete mil caixas com sinopses inéditas e livros. "Ele quer que o trabalho dele continue para as outras gerações", explicou.

A empresária contou que o pai leva uma vida tranquila no apartamento da zona sul do Rio de Janeiro desde que recebeu o diagnóstico há seis anos. "É uma doença tratável. Ele está muito bem assessorado por médicos e tem acompanhantes. Está sendo cuidado direitinho, tem minha mãe ao lado dele. Ela se aposentou junto com ele", afirmou em entrevista à colunista Anna Luiza Santiago, do jornal O Globo.

"A partir daí, me deram essa missão, que estou assumindo com muita responsabilidade e amor. O que ele quer mesmo é que o trabalho dele continue para as outras gerações. Eu entendi o que foi passado para mim", valoriza Júlia, que atuou em várias novelas escritas pelo pai.

Com a ajuda de uma pequena equipe, a empresária é responsável por catalogar e organizar as caixas que ainda guardam prêmios, fotos e objetos pessoais do novelista.

"No começo do ano passado, meu pai sentou comigo e explicou que estava aposentado, minha mãe também. Ele quis as coisas dele organizadas. Estava uma bagunça. Fui criada vendo meu pai e minha mãe trabalhando juntos, como parceiros, criando e construindo esse legado", detalhou.

Minha missão é reunir esses arquivos todos, não só os que já viram, porque tem muita coisa nova, e fazer com que a nova geração tenha acesso à marca do Manoel Carlos. Ele está deixando um legado muito importante para o nosso país, não só para a história da televisão brasileira, mas para todos nós.

"Essa coisa que ele criou de colocar a Bossa Nova junto com o Leblon. Ele mudou a estrutura do bairro. Até hoje é tão misterioso o porquê das Helenas... Tem as histórias das famílias, as causas sociais em todas as novelas. Minha missão é trazer isso para o universo de hoje", explicou.

Manoel Carlos é muito lembrado por ambientar várias de suas novelas no Leblon, área nobre do Rio de Janeiro. Assim como as protagonistas de nome Helena, o bairro carioca é um marco das histórias do veterano.

Entre os folhetins que mostraram a rotina dos moradores do Leblon estão Felicidade (1991), Por Amor (1997), Laços de Família (2000), Mulheres Apaixonadas (2003), Páginas da Vida (2006), Viver a Vida (2009) e Em Família.

O que aconteceu com Manoel Carlos?

Júlia Almeida contou ainda que prepara uma biografia sobre Maneco a partir do contato com o material. O projeto está na fase de entrevistas e deve ser lançado em 2025.

A atriz admitiu que ainda não sabe o que fazer com as sinopses inéditas escritas pelo pai: "Cada projeto vai ser pensado de uma forma, com calma. Pode ser um filme, pode ser uma série. Pode ser que alguém desenvolva ali em cima uma história. A ideia é pensar em cada sinopse e obra inédita de uma forma singular. Sempre mantendo a raiz dele, mas, claro, tem que ter a linguagem dos dias de hoje".

A empresária também não descarta a possibilidade de fazer um documentário. "Meu pai ficou muito conhecido pelas novelas, mas tem muito mais por trás disso. Ele foi ator, diretor do Fantástico, produtor. Fez livros de poema. Ele transitou por tudo até chegar a escritor de novelas. E aí tem, claro, o Manoel Carlos como pai, como amigo. O porquê de ser tão querido neste meio", afirmou.

Ele é querido não só por ser o Manoel Carlos que abriu tanto espaço para os diálogos dentro das famílias. Acho que o público tem uma gratidão muito grande. Ele entrava na casa das pessoas e abria diálogos que a mãe não conseguia ter com o filho.

"Ele entendeu o poder da TV, falou sobre câncer, síndrome de Down, sexualidade, prostituição, racismo... Foi a primeira pessoa a colocar uma protagonista preta [ na novela das nove]. Fez beijo gay. Isso tem uma importância para o nosso país, é fundamental. A Helena morava no Leblon, mas ele falava com o Brasil inteiro", completou.

Júlia também comentou a reação do pai ao saber que virou tema de um episódio da série Tributo, realizada pelo Globoplay para homenagear grandes nomes da teledramaturgia.

"Ele não sabia que ia acontecer, não foi convidado. Foi uma surpresa porque foi no dia do aniversário. A gente ficou sabendo por terceiros. E aí fomos sabendo em pedaços. Ele sentiu muita falta da Regina [Duarte] e do Zé [José Mayer] no documentário. Ele agradeceu a todos os amigos que ficou sabendo que participaram, mas ele não assistiu, foi decisão dele. Eu achei lindo, fiquei emocionada. Agradeço muito a todos", contou ela.

"Eu não sei há quanto tempo estava sendo gravado. Acho que ele teria topado [gravar um depoimento]. Teria pelo menos colocado o dedinho dele de alguma forma ali. Mas foi muito bem-feito", elogiou.

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