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Roberto Gómez Bolanõs em cena de Chaves; TV Cultura prepara versão brasileira de série mexicana
DANIEL CASTRO
Publicado em 24/7/2015 - 5h30
[Atualização às 18h de 24/7/2015: após a publicação deste texto, a TV Cultura enviou esclarecimentos; leia abaixo]
No meio de uma de suas piores crises, a TV Cultura está preparando uma versão brasileira do seriado Chaves, produção mexicana dos anos 1970 que há 30 anos faz sucesso no SBT. As primeiras gravações do piloto de Quinho e Sua Mochila foram realizadas no último final de semana. Ambientado em uma vila, o programa segue uma linha de dramaturgia popular. A decisão chocou funcionários da emissora pública paulista, que está atrasada em quase um ano na realização do educativo Vila Sésamo.
Segundo funcionários da Cultura, o projeto foi encomendado pelo presidente da emissora, Marcos Mendonça, com a orientação expressa de ser uma versão do humorístico estrelado por Roberto Gómez Bolaños, morto no ano passado. A mulher de Mendonça, Dalva, teria aprovado o roteiro final e opinado nos figurinos e cenários. A TV Cultura apenas confirma que Quinho e Sua Mochila é um "projeto piloto", em fase de testes.
Os testes com o "novo" Chaves estão ocorrendo em um momento em que a Cultura atravessa grave crise. Na semana passada, a emissora descumpriu acordo de estabilidade pós-greve e demitiu 53 profissionais sem se comprometer a pagar seus direitos trabalhistas.
Ao mesmo tempo em que aposta no humor popular da série mexicana, a Cultura tem dificuldades para produzir uma nova temporada de Vila Sésamo, também uma criação dos anos 1970, porém reconhecida como a produção educativa infantil de maior sucesso de todos os tempos. A Cultura já recebeu recursos da TV Brasil, parceira no projeto, e já deveria ter iniciado a produção, com estreia prevista para outubro. O elenco já foi selecionado há mais de um ano, mas até agora ninguém assinoui contrato.
Consultada, a Cultura também foi econômica sobre Vila Sésamo. Apenas informou que "está redimensionando com a Sesame Workshop [empresa detentora dos direitos do programa de bonecos] para produzir o que havia sido acordado inicialmente".
A troca de Vila Sésamo por uma versão de Chaves está sendo vista com preocupação nos bastidores da TV Cultura. Seria um retrocesso para uma emissora com um histórico de produções premiadas pelo valor cultural e educativo. Se vier a produzir Quinho e Sua Mochila como versão de Chaves, a Cultura se equiparará à RedeTV!, que em 2004 tentou realizar uma cópia da série mexicana, intitulada Vila Maluca. Curiosamente, o protagonista do Chaves da RedeTV! se chamava Quinho.
Esclarecimentos da TV Cultura:
"Com relação à matéria TV Cultura grava versão do seriado Chaves, mas atrasa Vila Sésamo, temos a informar o que segue:
Não há crise na TV Cultura. As dificuldades financeiras decorrentes da situação econômica do país estão perfeitamente administradas, e continua produzindo programas de alta qualidade, tanto que é a única emissora do Brasil a ter três indicações ao Prix Jeunesse Iberoamericano, a saber: Quintal da Cultura, Que Monstro Te Mordeu e Incluir Brincando (este produzido em parceria com a Vila Sésamo).
Preocupada em dar prosseguimento a essa linha de programação voltada à infância e à juventude, embora sem descuidar dos programas para adultos, a emissora costumeiramente recebe projetos de produtoras independentes, que podem ou não virem a tornar-se realidade. Vários projetos desse tipo estiveram e estão ainda em andamento. Um deles é um projeto ainda sem nome, provisoriamente chamado de Quinho (apelido de um membro da equipe) que foi mencionado em sua matéria. Trata-se de uma proposta da produtora Comunicult, que é a responsável pelo formato, roteiro, elenco e direção. Na equipe, figuram profissionais que já trabalharam no Bambalalão e no Quintal da Cultura, e em outros programas da emissora. A participação da TV Cultura limita-se à cessão de estúdio e equipe técnica, que não implica em custos adicionais para a emissora, para a realização de um piloto, cujo resultado será avaliado posteriormente.
Esse modelo de coprodução pode vir a tornar-se frequente na TV Cultura, a exemplo do que acontece em várias emissoras públicas e educativas de outros países, como forma de viabilização econômica de projetos, dinamização dos cronogramas de produção e abertura de espaço para produtores independentes."
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