PARALISAÇÃO
REPRODUÇÃO/REDETV!
Marcelo de Carvalho, um dos donos da RedeTV!: radialistas da emissora seguem em greve
A RedeTV! não aceitou o acordo da Justiça do Trabalho para encerrar a greve de radialistas, realizada desde a semana passada. A emissora propôs nesta quinta-feira (9) apenas repor as perdas pela inflação até 2020, com aumento de 7,70% nos vencimentos dos trabalhadores pagos em três parcelas. A TV de Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho diz não ter condições de dar aumento salarial no momento. Na interpretação dos empresários, a greve é ilegal. Se aceitarem a proposta, os profissionais perdem dez pontos percentuais em relação ao aumento real pedido.
O Sindicado dos Radialistas fará uma reunião nesta tarde para discutir os rumos da greve. O Notícias da TV apurou que a tendência é que ela continue, já que a proposta foi considerada "baixa e ridícula" pelos grevistas. O Sertesp (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão no Estado de São Paulo) e a Justiça queriam que a RedeTV! crescesse o salário em 17%, o que equivale à inflação entre 2018 e 2021. A emissora de Osasco disse não ao pedido.
A coluna teve acesso à íntegra da contraproposta da RedeTV!. A emissora quer pagar 7,70%, menos da metade do sugerido pela Justiça e pelo movimento. O valor seria dividido em três períodos: 3,80% seriam aplicados imediatamente em setembro. Outros 1,27% seriam somados em outubro. Por fim, 2,63% seriam pagos apenas em março de 2022. Estabilidade para os grevistas não foi citada no documento.
A proposta é considerada ruim porque ela não repõe nada da inflação dos últimos quatro anos. Se aceitarem, os profissionais vão perder dez pontos percentuais de aumento real causado pela inflação só nos últimos doze meses.
Caso os grevistas não aceitem a proposta, a RedeTV! ameaça pedir a consideração de ilegalidade da greve. A empresa argumenta que o Sindicato não avisou com 72 horas de antecedência que faria o movimento e não respondeu às propostas feitas para aumento de salário nos últimos três anos.
Segundo a TV, todas as tentativas feitas desde 2018 foram recusadas pelo Sindicato, o que impediu um acordo coletivo com todos os profissionais da casa. Outro ponto é que a RedeTV! diz ainda sofrer os efeitos da pandemia do coronavírus, que causou uma crise no mercado de comunicação.
"A suscitada detém apenas 0,4% do mercado de publicidade e foi duramente afetada pela pandemia, quando as incertezas refletiram diretamente na redução das campanhas publicitárias. Ainda, o valor da publicidade na suscitada é bem inferior ao valor em outras emissoras e, portanto, o seu faturamento não pode ser comparado a qualquer outros das maiores emissoras do país", alegam os advogados da RedeTV!.
Caso a proposta seja recusada, a RedeTV! deseja que a Justiça decrete a ilegalidade da paralisação. Se isso acontecer e seus contratados não voltarem ao trabalho imediatamente, os radialistas correm risco de demissão.
"Assim, diante o quadro exposto, requer a suscitada que o sindicato suscitante se manifeste sobre a sua contraproposta, de reajuste salarial total de 7,70%, que serão concedidos nos percentuais e nas datas acima indicadas, sendo que, se aceita, os demais aspectos da conciliação poderão evoluir a fim de se alcançar a autocomposição ou, se recusada, que seja sorteado o relator da Seção de Dissídios Coletivos, para que seja dado regular prosseguimento à presente lide, com o acolhimento das razões de defesa para declarar a ilegalidade da pseudogreve deflagrados", concluiu a emissora no documento.
A greve na RedeTV! foi iniciada no dia 31 de agosto. Funcionários reclamam dos baixos salários e pedem um aumento real. Por exemplo, um operador de câmera da emissora recebe um salário base de R$ 2 mil, enquanto a média paga pelas concorrentes é de R$ 3.200.
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