Sem festa
Divulgação
O bispo Edir Macedo, dono da Record e da Igreja Universal, em culto no Templo de Salomão
PAULO PACHECO
Publicado em 10/12/2014 - 5h17
É tenso o clima entre os funcionários da Record no interior de São Paulo. Os profissionais de jornalismo da Record Paulista, sediada em Bauru e retransmitida para quase 200 cidades, foram avisados por e-mail nesta terça (9 de que todos trabalharão nos dias 24 e 31 de dezembro, dias considerados "mortos", sem produção, e folgarão, em escala de revezamento, apenas nos feriados de 25 de dezembro e 1° de janeiro. Assim, muitos terão de passar a noite de Natal e o Réveillon na Redação.
A Record Paulista pertence ao bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da Record de São Paulo, que orienta as emissoras e afiliadas a darem uma semana de folga aos funcionários no Natal e no Ano-Novo. Quem trabalha em um feriado folga no outro e vice-versa. A emissora do interior paulista, entretanto, está descumprindo esta regra. Os profissionais reclamam de assédio moral e perseguição.
A equipe da Record Paulista é enxuta e faltam equipamentos e profissionais. A Redação de jornalismo, em Bauru, onde a programação é gerada, tem 20 profissionais, mas o quadro de funcionários chega a 200 somando as cidades onde é retransmitida.
Apesar da insatisfação, os profissionais temem demissões se denunciarem os abusos da Record. Três funcionários já foram demitidos neste ano por se rebelarem contra a direção da emissora. "Estamos há três anos sofrendo assédio moral. Não podemos reclamar porque seremos demitidos. Temos medo de denunciar, mas a situação chegou a um extremo", contou um funcionário ao Notícias da TV, sem se identificar.
Vice-líder no Ibope, a Record Paulista chega a socorrer financeiramente a matriz, em São Paulo. Entretanto, segundo o profissional, o café chegou a ser cortado para intimidar os funcionários. Após protestos, a bebida voltou a ser oferecida, mas em menor quantidade. "Brigamos por um gole de café", revelou.
Até a cesta de Natal, com panetone, está ameaçada. De acordo com o profissional, um diretor da emissora justificou a falta da ceia como "ordem do chefe", em referência ao bispo Edir Macedo.
Os funcionários enviaram uma carta ao Sindicato dos Jornalistas de São Paulo denunciando a Record Paulista pelo trabalho forçado e outros abusos, como desvios de função, abuso de poder e chefia omissa. A caça aos profissionais "rebeldes" pela direção da emissora ficou mais intensa.
"Desde que o sindicato começou a batalhar pelas nossas causas, a direção da emissora começou a ter essa postura mais austera. Não divulgou as férias e agora contraria a Record de São Paulo, que orienta as retransmissoras a dar uma semana de folga aos funcionários".
Procurada, a Record não se pronunciou até a conclusão deste texto.
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