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Boca fechada

Por Dilma Rousseff, Silvio Santos mantém Sheherazade 'calada'

Artur Igrecias/SBT

A jornalista Rachel Sheherazade durante a maratona televisiva Teleton, no último sábado (8) - Artur Igrecias/SBT

A jornalista Rachel Sheherazade durante a maratona televisiva Teleton, no último sábado (8)

DANIEL CASTRO

Publicado em 10/11/2014 - 6h15

Proibida de opinar nos SBT Brasil desde abril, após dizer que achava "compreensível" a ação de um grupo de "justiceiros", a jornalista Rachel Sheherazade vai continuar calada. Desta vez, quem a proibiu de voltar a fazer comentários foi o próprio dono do SBT, Silvio Santos. Ela também não terá um programa debates, como se falou em maio, quando renovou contrato com o SBT. A emissora tomou a medida para não se desgastar com a presidente reeleita, Dilma Rousseff.

Angustiada com a demora para voltar a opinar, o que deveria ocorrer durante a Copa do Mundo, Sheherazade procurou Silvio Santos no último dia 28, dois dias após o segundo turno. Ela foi até o salão do cabeleireiro Jassa, em São Paulo, frequentado pelo apresentador. Argumentou com o "patrão" que, agora que já tinham passado as eleições, não haveria risco de problemas legais com suas opiniões.

Sheherazade ouviu um eloquente "não". "Se o Aécio [Neves] tivesse vencido, tudo bem. Mas como a Dilma ganhou, é melhor você continuar calada", respondeu Silvio Santos, segundo uma testemunha. A jornalista, que foi contratada em 2011 justamente por causa de suas opiniões na afiliada da Paraíba, continuará sendo apenas apresentadora do SBT Brasil.

O comportamento de Rachel Sheherazaede durante a campanha eleitoral desagradou a cúpula do SBT. Nas redes sociais, ela fez campanha abertamente para Aécio Neves. Com Dilma, chegou a ser agressiva. Após debate no SBT em que a presidente passou mal ao dar entrevista, ela reproduziu no Twitter trecho de uma coluna da revista Veja: "Pressionada por Aécio no debate do SBT, Dilma perde o rumo no meio da entrevista e culpa a pressão".

Para executivos do SBT, o comportamento de Rachel não é compatível com uma apresentadora de telejornal da emissora, muito menos para uma apresentadora e articulista. Isso, segundo uma fonte, pesou na decisão de Silvio Santos de mantê-la "calada". Sem espaço para opinar no SBT, Sheherazade está fechando contrato com a rádio Jovem Pan, emissora em que já trabalham Reinaldo Azevedo, Joseval Peixoto e José Nêumanne Pinto.

O "não" de Silvio Santos e a vitória de Dilma Rousseff não foram os únicos contratempos de Rachel Sheherazade na virada do mês. No último dia 30, a polícia do Rio de Janeiro prendeu oito jovens por associação com o tráfico de drogas. Entre eles, estavam os "justiceiros" que em janeiro amarraram a um poste um jovem acusado de cometer furtos na região do Aterro do Flamengo, ação que Sheherazade considerou "compreensível". O comentário lhe custou a liberdade de opinar no SBT e um processo do Ministério Público em que a emissora pode ser obrigada a se retratar.


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