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MEMÓRIA DA TV

Novelas da Globo foram acusadas de causar desemprego e miséria em Portugal

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Sônia Braga, Gloria Pires e Reginaldo Faria em Dancin' Days, trama exibida pela Globo em 1978

Sônia Braga, Gloria Pires e Reginaldo Faria em Dancin' Days, trama exibida pela Globo em 1978

THELL DE CASTRO

Publicado em 21/8/2022 - 8h58

Um dos grandes sucessos da história das novelas da Globo teve passagem conturbada por Portugal. Exibida no Brasil entre julho de 1978 e janeiro de 1979, Dancin' Days foi apresentada logo em seguida naquele país, pela estatal RTP. De acordo com reportagem do Jornal do Brasil de 11 de novembro de 1979, restaurantes, cinemas, teatros e casas de espetáculos de Lisboa ficavam vazias às oito da noite, horário em que a trama começava.

O fato deu origem a vários protestos formais feitos por empresas e cooperativas à emissora que exibia a produção estrelada por Sônia Braga, que estava no ar há quatro semanas.

"Basicamente, esses protestos chamam a atenção da RTP para o grave problema que o esvaziamento vem causando, podendo gerar desemprego em massa nas casas de espetáculo atingidas por Dancin' Days", destacou a reportagem do JB.

Vasco Teves, que era um dos diretores da emissora portuguesa, foi enfático quando questionado: "E o que podemos fazer? Se tirarmos a novela do ar, o que dirão as donas de casa?", exclamou.

O Sindicato dos Cinemas, Teatros, Hotéis e Restaurantes de Lisboa, em memoriais dramáticos, afirmou que não havia como competir com Dancin' Days, cujo sucesso praticamente reeditava o que ocorrera com Gabriela alguns anos antes no país.

Nesses documentos, falava-se, inclusive, que a novela causava "desemprego e misérias nos lares portugueses".

Outro caso

Em 1981, foi a vez de Água Viva, de Gilberto Braga. A trama era exibida diariamente às 19h30, obrigando o canal português a reprisar os capítulos aos sábados e domingos. Uma parcela dos telespectadores era formada por donas de casa, trabalhadores e comerciantes, que não conseguiram acompanhar a trama no horário original.

Água Viva foi deslocada para a faixa das 22h, gerando uma onda de reações por parte dos envolvidos com teatro e cinema em Lisboa e no Porto.

Com as casas de espetáculo vazias, o então presidente da Associação Portuguesa de Exibidores de Cinema, Castello Lopes, considerou a decisão uma "catástrofe". Em entrevista ao Jornal do Brasil, de 20 de junho de 1981, ele alegou que a mudança rompia o compromisso existente entre a empresa pública e os exibidores de filmes. E lamentou não ter sido notificado com antecedência sobre a decisão da RTP.

"E agora o que farão os cinemas, os teatros e as casas de espetáculos?", questionou Lopes, sem resposta. Apesar das reclamações, a novela foi exibida na nova faixa até o final. Outras tramas brasileiras tiveram êxito nas terras portuguesas, mas sem repetir tais catarses.


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