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GRAG QUEEN

'Neymar de peruca', apresentadora de Drag Race Brasil ressignifica cores da bandeira

REPRODUÇÃO/PARAMOUNT+

Grag Queen em vídeo promocional de Drag Race Brasil

Grag Queen é apresentadora do Drag Race Brasil; programa recupera cores da bandeira nacional

JOSÉ VIEIRA

jose@noticiasdatv.com

Publicado em 23/9/2023 - 6h20

A cantora Grag Queen se descreve como um "Neymar de peruca". Em 2021, ela ganhou a torcida do público nacional ao competir no Queen of the Universe, reality show musical dos Estados Unidos. A visibilidade fez com que a artista fosse selecionada para apresentar o Drag Race Brasil, spin-off da franquia de sucesso comandada por RuPaul. Após a apropriação das cores da bandeira por grupos de extrema direita, o reality recupera o verde e o amarelo em elementos visuais de um espaço que se distancia da opressão.

A última década foi marcada por movimentos reacionários que, sob o manto verde e amarelo, destilaram o ódio contra minorias em defesa de um discurso supostamente patriótico. "A bandeira sempre foi de todos. É nossa, do Brasil", defende Grag Queen em entrevista ao Notícias da TV.

"Foi um golpe de marketing muito bem estratégico para que a gente tivesse aversão às cores da nossa bandeira", continua. "Eu, como o grande Neymar de peruca que foi lá no Queen of the Universe e fez todo mundo virar patriota, entendo que tudo pode ser ressignificado."

As cores da bandeira foram distribuídas por diversos elementos do programa, desde o cenário às imagens promocionais das participantes. A drag queen pontua que, como forma de resistência, a comunidade LGBTQIA+ tem se apropriado de ferramentas que já foram utilizadas como meio de ataque.

"Assim como agora eu chamo meus amigos de 'viado', de 'bicha', de 'gay', que eram coisas que no passado nos ofendiam e nos faziam chorar, a cor do Brasil é nossa", salienta a artista.

Se eles não quiserem mais, que inventem outras cores para fazerem as doideiras que estão fazendo por aí. Enquanto formos brasileiras e estivermos representando o Brasil por meio de nossa arte, nós vamos usar a cor da nossa bandeira. Queiram eles ou não.

O diferencial brasileiro

A franquia teve sua origem nos Estados Unidos, sob o comando de RuPaul, e a popularidade fez com que outros países ganhassem a própria versão do programa. Grag Queen destaca a criatividade como o diferencial das artistas brasileiras: "Eu sei de onde elas vêm, eu sei o quanto a gente recebe, eu sei o quanto a gente passa, o quanto a gente luta. Eu sei dos nossos recortes".

A apresentadora enfrentou dificuldades durante as eliminações nos desafios. Grag conta que mantinha a compreensão quando alguma participante não entregava um resultado final tão polido. Apesar das pressões inerentes a um reality, a artista se esforçou para gerar um ambiente saudável e evitar possíveis autossabotagens entre as concorrentes.

"Esse jeitinho brasileiro que, querendo ou não, é a gente tentando se reinventar nessas condições que a gente tem. Isso nos diferencia", adiciona. "A gente tem muita fome de fazer acontecer. A gente vai e faz. Podiam não saber cantar, não saber costurar, não saber apresentar, mas elas estavam lá. Ser drag no Brasil é ser boa, ser resiliente."

No reality do Paramount+, dez drag queens competem pelo prêmio de R$ 150 mil. Novos episódios são lançados às quartas-feiras na plataforma de streaming. Assista ao trailer:


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