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DIREITO DE RESPOSTA

Médicos que defendem tratamento precoce contra Covid-19 processam a Globo

DIVULGAÇÃO/GLOBO

Tadeu Schmidt e Poliana Abritta lado a lado, sorriem no estúdio do Fantástico, em 2021

Tadeu Schmidt e Poliana Abritta no Fantástico: Globo está sendo processada por reportagem

GABRIEL VAQUER, colunista

vaquer@noticiasdatv.com

Publicado em 23/6/2021 - 14h33

A Associação Médicos Pela Vida, que divulgou em fevereiro deste ano um manifesto defendendo o tratamento precoce contra Covid-19, através de cloroquina e outros remédios sem eficácia comprovada pela ciência, está processando a Globo. A entidade quer direito de resposta no Fantástico para reafirmar suas crenças e um pagamento de R$ 10 mil pelo valor do processo por parte da emissora.

A associação não gostou de uma reportagem exibida pelo jornalístico em 28 de março deste ano. Nela, a Globo condenava o tratamento precoce. Na matéria, apresentada por Tadeu Schmidt e Poliana Abritta, evidências de que remédios como hidroxicloroquina não funcionam contra Covid-19 foram apresentadas para o público. A Associação Médicos Pela Vida em si não foi citada em momento algum na reportagem.

Naquela noite, o Fantástico marcou 21,9 pontos no Ibope da Grande São Paulo. A entidade argumenta que a Globo usou sua visibilidade e seu programa jornalístico de maior prestígio para depreciar o manifesto, que havia sido publicado em 28 de fevereiro nos principais jornais do país --fato que gerou grande polêmica na internet.

O processo corre na 29ª Vara Cível de São Paulo em caráter de urgência. A Associação Médicos Pela Vida já sofreu a primeira derrota: a juíza Daniela de Paula, responsável por cuidar do caso, negou a tutela antecipada para cumprimento imediato do pedido. Isso significa que a Justiça não vê qualquer tipo de urgência no caso.

A magistrada afirmou que não há pressa e provas suficientes de que a Globo não deu direito de resposta para os Médicos Pela Vida e que prefere julgar o caso no rito normal, em primeira instância.

O fato de não ter nenhuma citação nominal a esta associação foi observado pela juíza como algo determinante para a primeira negativa.

Na sentença, a juíza Daniela de Paula afirmou:

Não se verifica perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, que enseje a concessão da tutela pleiteada, especialmente pelo fato que entre a veiculação da reportagem em questão e a propositura da presente demanda decorreram quase dois meses. Portanto, diante de todo o exposto, indefiro a tutela de urgência requerida em sede de inicial.

Ainda não há uma previsão de quando a Justiça irá julgar definitivamente o pedido da Associação Médicos Pela Vida. No manifesto, os associados defendem a autonomia médica para receitar o que acharem melhor para seus pacientes e que o chamado "tratamento precoce" salva vidas tanto quanto as vacinas.

A Globo tem feito reportagens sistemáticas para conscientizar a população de que cloroquina e outros remédios não fazem efeito contra a doença. No último sábado (19) por exemplo, o Jornal Nacional exibiu uma longa reportagem que explicava a falta de eficácia das drogas defendidas por pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus apoiadores.


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