COZINHANDO EM 4:20
FOTOS: REPRODUÇÃO/NETFLIX
O rapper Mod Sun come um sanduíche preparado com maconha no reality Cozinhando em 4:20
GABRIEL PERLINE
Publicado em 24/7/2018 - 5h10
Sem fazer alarde no Brasil, a Netflix lançou Cozinhando em 4:20, mais um reality gastronômico bizarro. Nele, chefs de cozinha elaboram desde sanduíches a pratos da alta gastronomia, tendo como regra o uso obrigatório de um ingrediente especial: maconha. Os jurados, humoristas e rappers que sempre entram em cena chapados, são a alma do show.
No boom dos programas gastronômicos, Cozinhando em 4:20 conseguiu, de longe, superar no quesito inovação. Mas ao ver apenas um episódio logo se percebe que o foco do programa não é a boa culinária, e sim a bizarrice em ver pessoas chapadas ficando ainda mais alteradas após consumir a maconha em versões comestíveis.
Houve um esforço por parte da Netflix em não fazer do programa um completo besteirol. Tanto que no episódio que abre a temporada, promoveu um duelo entre Luke Reyes, vencedor do reality Chopped (Food Network), e Andrea Drummer, formada na prestigiada Le Cordon Bleu.
Ambos desenvolveram receitas elaboradas, mas em nenhum momento mostrou-se o passo a passo do preparo de seus pratos. Enquanto cozinhavam, a edição preencheu o tempo com os jurados contando histórias, bastante surreais, de situações que lhes ocorreram enquanto estavam "doidões" após consumirem maconha.
"Minha mãe fumava na gravidez, então eu estou chapado desde antes de nascer", disse o rapper Mod Sun. "Gasto mais dinheiro com maconha do que com sanduíches. E eu como muitos sanduíches", afirmou o comediante Ramon Rivas. Os dois atuaram como jurados no primeiro episódio.
Outro acerto do Cozinhando em 4:20 é a presença de Ngaio Bealum, um verdadeiro sommelier de maconha. Ele estuda a erva há anos e surpreende os leigos no assunto com a quantidade de variações, os diferentes efeitos que cada uma pode provocar no organismo e também como elas afetam o paladar. Uma verdadeira aula.
A maconha é apresentada como a grande protagonista no reality Cozinhando em 4:20
Mas a seriedade fica por aí. Os jurados roubam a cena com sua espontaneidade e transformam as receitas, os competidores e o apático e robótico apresentador Josh Leyva como coadjuvantes do programa.
Outro momento interessante do reality é a Pausa do THC. Os jurados, que já entram levemente alterados no estúdio, ficam ainda mais chapados após consumirem os pratos, e são obrigados, nesse instante, a darem relatos sobre como lhes caiu o prato que acabaram de consumir.
Alguns ficam tão fora de si que simplesmente não conseguem dizer uma só palavra, apenas riem descontroladamente sob o efeito do THC (tetra-hidrocanabinol), principal substância psicoativa da erva.
O cenário é simples, a cozinha é apertada e ninguém ali (exceto os cozinheiros) entende de gastronomia. É um reality que não cria um clima de competição e deixa o espectador sem torcer para nenhum dos concorrentes. Mesmo assim, diverte.
Como no Brasil o consumo de maconha de maneira recreativa não é legalizado, a Netflix escondeu Cozinhando em 4:20 em seu catálogo. O reality show é recomendado para maiores de 16 anos.
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