JOÃO PAULO VERGUEIRO
DUDA AMOROSINO/BAND
João Paulo Vergueiro descreveu a crise humanitária do povo Yanomami como desesperadora
A crise humanitária do povo Yanomami conquistou atenção internacional no início deste ano. Vítimas do garimpo ilegal, indígenas têm apresentado quadros graves de desnutrição e outras doenças. Em uma reportagem especial para o Linha de Combate, atração da Band, João Paulo Vergueiro cobriu as operações de resgate na região e ainda sofreu com ataques de hackers após as filmagens.
O jornalista conta que, inicialmente, a reportagem teria outro direcionamento. No entanto, a pauta seguiu uma nova rota após um convite feito pelo Exército Brasileiro. Ao acompanhar o funcionamento do hospital de campanha, instalado em Boa Vista, no Estado de Roraima, Vergueiro presenciou momentos angustiantes ao lado de indígenas e médicos.
"Como um soco no estômago", relata Vergueiro em entrevista ao Notícias da TV. "Eu vi um idoso que, em um momento, achei que fosse uma criança. Era um idoso abaixo do peso, ele tinha acabado de ser resgatado da aldeia. Ele não conseguia andar. Ele se agarrava ao profissional de saúde como se estivesse se agarrando à vida, na esperança de viver".
A equipe médica e militares do Exército utilizavam helicópteros para deslocar indígenas da aldeia, localizada no interior de Roraima, ao hospital de campanha. Em outro momento marcante para Vergueiro, o âncora relembra um momento em que precisou carregar o filho de uma mãe indígena para o local de embarque.
"Eu fiz um gesto de estender as duas mãos e perguntei: 'Posso pegar o seu filho?'. Ela cedeu o filho na hora. Eu coloquei a criança no colo e acelerei o passo para eles embarcarem até Boa Vista", conta.
"A médica disse que, se não embarcássemos naquela hora, a criança morreria. A mãe, que estava com malária, não tinha forças para andar", complementa.
Após seis dias intensos de gravações, Vergueiro ainda precisou lidar com ataques de hackers em suas redes sociais. Criminosos invadiram seu perfil no Instagram e publicaram campanhas falsas sobre arrecadação de dinheiro para apoio aos indígenas. "Pediram dinheiro em nome da tragédia humanitária", indigna-se.
Vergueiro explica que a reportagem tem o intuito de conscientizar o público sobre a verdadeira situação enfrentada pelo povo Yanomami. Agravado pela presença de garimpos ilegais na Floresta Amazônica, o desmatamento de áreas demarcadas e a contaminação de rios afetam a sobrevivência da comunidade.
"A gente viu os estragos, o poder de destruição. Quando você sobrevoa, você vê os rios com aquela cor marrenta", testemunha o jornalista. Ele explica que, apesar de não ser algo inédito, a flexibilização dos órgãos de fiscalização nos últimos dois anos facilitou a permanência dos garimpos.
"Eles estão de fato sofrendo. Acho que essas narrativas rasas fazem parte dessa disseminação de fake news e, às vezes, tentam minimizar o real problema que os indígenas estão vivendo", complementa. "É um problema de décadas, mas que se agravou nos últimos anos. É uma situação desesperadora, chocante e perturbadora".
Ao conversar com testemunhas durante a reportagem, Vergueiro também descobriu que muitos garimpeiros entram para o mercado ilegal por conta de necessidades financeiras. "Os garimpos são financiados por gente com muito dinheiro. Aqueles que estão em linha de frente, que tentam sair, são aqueles que não têm condições de sustentar a família. São os peões", pontua.
O Linha de Combate sobre a crise humanitária do povo Yanomami vai ao ar nesta quinta (16), às 23h. Assista aos bastidores da reportagem:
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