REPRESENTATIVIDADE
Fotos: Divulgação/Cartoonito
A pequena Ellen DeGeneres (à dir.) com os amigos Becky e Freckie na animação Little Ellen
Lançado na quarta-feira (1º), o canal Cartoonito quer provar que nunca é cedo demais para debater inclusão e representatividade na TV. Voltado para crianças pré-escolares, de dois a seis anos, o irmão mais novo do Cartoon Network tem em seu "elenco" o primeiro Robin negro da história e uma versão infantil de Ellen DeGeneres, apresentadora abertamente homossexual --na animação Little Ellen, a menina usa roupas com estampa de arco-íris, símbolo da comunidade LGBTQIA+.
"Não minimizamos as crianças nem o que elas precisam ouvir. Nós as levamos muito a sério, sabemos que elas estão preparadas para essas conversas [mais sérias]. E trabalhamos com pais e especialistas para fazer isso da maneira certa e de um jeito natural", explica Pablo Zuccarino, vice-presidente sênior e gerente-geral da WarnerMedia Kids & Family para a América Latina, ao Notícias da TV.
O objetivo principal é fazer com que todos os públicos se vejam na tela do Cartoonito. "A canção de lançamento do canal tem sotaques diferentes do Brasil, é uma maneira de todo mundo se sentir representado pela marca desde o início. Nunca fizemos isso, e acho que nossos concorrentes também não", continua Zuccarino. Confira a música em questão:
Cecilia Villanueva, chefe de Inclusão e Diversidade da WarnerMedia Kids & Family, acrescenta que a proposta não é encaixar o público dentro de um padrão. "Promovemos que as crianças tenham orgulho de suas diferenças. Falamos de compreensão, comunicação, conexão, e tudo isso vai ser feito no nosso conteúdo, nas nossas mensagens. É aprender a ver o mundo de uma maneira inclusiva desde muito pequenos."
Assim, ter o primeiro Robin negro em uma série de animação é um salto para uma população que, apesar de ser maioria no Brasil, raramente se vê representada na TV --ou que aparece em papéis de escravos, empregados ou criminosos. O personagem Duke Thomas, que veste o traje do menino prodígio, trabalha de igual para igual com Batman e Batgirl, que são brancos.
"A presença de personagens negros é muito importante. A população negra no Brasil é imensa e subrepresentada. Queremos ser inclusivos, representativos, dar às crianças a oportunidade de se ver na TV como pessoas bem-sucedidas, felizes, poderosas. Isso reafirma a personalidade delas e mostra que você não precisa mudar para ser feliz", valoriza Pablo Zuccarino.
Batman, Robin e Batgirl na animação Batwheels
O executivo ressalta que os pais cujos filhos estão no público-alvo do Cartoonito também estão mais preparados para terem essas conversas com os pequenos. Não por acaso, aponta ele, muitos dos adultos de hoje cresceram com o Cartoon Network, canal que também levanta debates sobre gênero e identidade --e que completa 30 anos na América Latina em 2022.
"Nós sempre aceitamos as crianças como elas são. E promovemos a ideia de que elas encontrem suas forças e sejam as melhores versões de si mesmas. Mas se o Cartoon falava com as crianças de maneira independente, agora queremos que pais, representantes legais e avós participem também, a experiência precisa incluí-los", finaliza Zuccarino.
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