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CARTILHA

Investigada pelo MPF, Jovem Pan proíbe uso de 'golpista' e 'terrorista'

REPRODUÇÃO/YOUTUBE

Paulo Figueiredo na Jovem Pan

Paulo Figueiredo: comentarista da Jovem Pan questionou o que é um 'ato antidemocrático'

IVES FERRO

ives@noticiasdatv.com

Publicado em 10/1/2023 - 7h00

Investigada pelo MPF (Ministério Público Federal), a Jovem Pan proibia os seus funcionários de usarem termos como "golpistas", "bolsonaristas" e "antidemocráticos" para se referir aos criminosos que invadiram e destruíram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) no domingo (8).

A ordem era de que os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) que estavam em acampamentos em frente ao Exército fossem descritos apenas como "manifestantes". O Notícias da TV apurou que a regra foi flexibilizada durante a última segunda (9), quando saiu a autorização de uso para jornalistas durante a cobertura dos atos em Brasília, mas com ressalvas.

Na página da Jovem Pan, ainda há cuidados com os termos para evitar que apoiadores de Bolsonaro sejam rotulados como criminosos ou associados a algo negativo --"terroristas", empregado por veículos como Globo e UOL, não é permitido.

Os ataques foram descritos como "atos de vandalismo" na maioria dos textos publicados pela Jovem Pan entre domingo e segunda. Normalmente o uso de "golpistas", "bolsonaristas" e "antidemocráticos" é acompanhado de aspas, para indicar que a fala veio de outra fonte, não de alguém do próprio veículo.

O mais comum nas notícias da empresa é que os criminosos sejam descritos como "patriotas", "vândalos", "radicais" ou "manifestantes contrários ao resultado das eleições".

As exceções acontecem em falas de nomes como do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da ministra Rosa Weber e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que já se referiram aos bolsonaristas como "terroristas, golpistas e criminosos".

MPF investiga Jovem Pan

Ainda na segunda, o MPF (Ministério Público Federal) instaurou um inquérito para apurar a veracidade das notícias veiculadas pela Jovem Pan durante os atos antidemocráticos em Brasília. O órgão vai investigar se houve propagação de notícias falsas ou comentários abusivos sobre os três poderes, que poderiam favorecer os golpistas.

Segundo levantamento feito pela instituição, o canal veiculou "sistematicamente fake news e discursos que atentam contra a ordem institucional, em um período que coincide com a escalada de movimentos golpistas e violentos em todo país".

Ainda nos protocolos da investigação, o ministério diz que os comentaristas teriam "minimizado o teor de ruptura institucional e tentaram justificar as motivações dos criminosos que invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes", e que o jornalista Alexandre Garcia fez uma "leitura distorcida" da Constituição para justificar os atos.

Procurada pela reportagem, a Jovem Pan não se manifestou sobre as acusações. Nesta semana, o canal anunciou que o empresário Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, conhecido como Tutinha, deixou a presidência da empresa. Ele foi substituído por Roberto Araujo, que era CEO do grupo desde 2014.

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