Incentivo oficial
Fotos: Divulgação
Pedro Carvalho e Gabriela Moreyra, protagonistas de Escrava-Mãe, novela que a Record grava em Paulínia
DANIEL CASTRO
Publicado em 3/8/2015 - 5h44
Cidade com cerca de 95 mil habitantes, localizada a 120 quilômetros de São Paulo, Paulínia está bancando o novo momento da teledramaturgia da Record. A Prefeitura da cidade, que sonha se tornar uma "Hollywood caipira", alugou três estúdios para a emissora com desconto de 90% sobre o que ela considera "valor de mercado".
Para gravar toda a novela Escrava-Mãe, a produtora contratada pela Record, a LynxFilm, vai desembolsar até o final do ano R$ 660.057. É menos do que a emissora diz gastar com um único capítulo de Os Dez Mandamentos _R$ 700 mil. Se tivesse que alugar os estúdios da Quanta, em São Paulo, a Record gastaria R$ 8,226 milhões pelo mesmo espaço e período. Escrava-Mãe substituirá a produção bíblica em outubro.
Enquanto se utiliza dos benefícios de Paulínia, a Record vai aos poucos esvaziando o RecNov, complexo de dez estúdios que montou no Rio de Janeiro com um investimento de mais de R$ 650 milhões nos últimos dez anos. Após o fim de Os Dez Mandamentos, em outubro, o RecNov só servirá ao programa de Xuxa. No ano que vem, receberá a estrutura de jornalismo do Rio de Janeiro. Ainda não é certo que a próxima novela bíblica da emissora, sobre Josué, seja gravada lá _a emissora tenta renovar a parceria com Paulínia para a futura produção.
Sustentada pelos impostos da refinaria de petróleo que abriga em seu território, Paulínia decidiu na década passada destinar uma parte do ICMS que arrecada para incentivar a produção cinematográfica. Imaginando se tornar uma "Hollywood" brasileira, construiu um polo de cinema, com quatro estúdios e um moderno teatro, e passou a injetar dinheiro em filmes rodados no município, como O Palhaço e Bruna Surfistinha. O projeto todo já custou meio bilhão de reais.
Nos últimos anos, no entanto, o projeto sofreu uma reviravolta. Paulínia freou os investimentos em cinema, e os estúdios ficaram ociosos. Três deles foram alugados para LynxFilm, produtora do grupo Casablanca contratada pela Record para gravar Escrava-Mãe, novela sobre a mãe da "lendária" escrava Isaura. Dois estúdios estão locados desde 26 de março. O terceiro começou a ser usado pela Record em 7 de julho.
A Prefeitura de Paulínia, por meio de sua assessoria de imprensa, confirma que está concedendo à produção de Escrava-Mãe 90% de desconto sobre o "preço de mercado" de R$ 10,54 pelo metro quadrado de estúdio. Informa que qualquer produtora ou emissora de TV pode locar o outro estúdio disponível com o mesmo benefício.
A prefeitura da cidade espera reaver parte do desconto concedido à Record por meio de gastos indiretos, doações e contratações de mão de obra local. Estima que a produção de Escrava-Mãe irá injetar em Paulínia R$ 5,240 milhões até o fim do ano. Esses recursos virão da seguinte forma:
1) hospedagem, alimentação e transporte de equipe técnica e elenco;
2) contratação de figurantes, eletricistas, pintores, produtores, estagiários, costureiros, faxineiros, seguranças e bombeiros;
3) doação de dez rádios-comunicadores, dez fones de ouvido e microfones de lapela; melhorias em motor home e trailer; doação de duas cadeiras para maquiagem; perfuração de dutos para transporte de cabos de energia, áudio e vídeo; e perfuração e colocação de dutos e cabos de aço nas salas de figurino.
Todas essas contrapartidas, diz a Prefeitura de Paulínia, foram assumidas pela Lynxfilm em termo de permissão e uso, e a produtora é obrigada a prestar contas delas.
Uma das principais contrapartidas, no entanto, beneficia a cidade de Campinas. Todo o elenco de Escrava-Mãe se hospeda na cidade vizinha, já que Paulínia tem um único hotel.
Procurada, a Record não se manifestou até o momento.
A ex-Globeleza Nayara Justino também está em Escrava-Mãe, que estreia em outubro
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