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Memória da TV

Há 40 anos, Carnaval na TV durava 15 horas e tinha revezamento

Reprodução/O Globo

Desfile campeão do Salgueiro na avenida Antônio Carlos, no centro do Rio de Janeiro, em 1975 - Reprodução/O Globo

Desfile campeão do Salgueiro na avenida Antônio Carlos, no centro do Rio de Janeiro, em 1975

THELL DE CASTRO

Publicado em 15/2/2015 - 6h57

A primeira transmissão colorida de Carnaval pela Globo aconteceu há 42 anos, em 1973. Naquela época, ainda não existia o sambódromo do Rio de Janeiro, e as várias escolas de samba desfilavam todas no mesmo dia, na avenida Presidente Antônio Carlos, em um evento interminável, que começava por volta das 18h do domingo e terminava somente na manhã de segunda, sem interrupção. A maratona era tão longa que os narradores se revezavam.

A grade de programação da emissora no Carnaval nos anos 1970 era  bem diferente da atual, que se consolidou nos anos 1990. Mas, apesar de longa, a transmissão dos desfiles já apresentava formato parecido com o que temos hoje.

A Globo batizou o evento de Carnaval Colorido. Na sexta de Carnaval de 1975, 7 de fevereiro, o Jornal Nacional mostrou como seria a folia em todas as partes do Brasil e exibiu flashes do baile do Clube Tamoio. No sábado (8) foi exibido ao vivo, às 23h, o concurso de fantasias do Hotel Nacional do Rio de Janeiro.

A programação global no domingo (9) se deu da seguinte forma: o Programa Silvio Santos começou às 11h30, praticamente com uma edição especial sobre a data, com direito ao animador cantando suas tradicionais marchinhas. A atração foi interrompida às 15h e às 17h para boletins ao vivo, denominados Plantão do Carnaval.

O Fantástico daquele dia começou às 17h50 e teve apenas 10 minutos, com um resumo das notícias do dia.

A transmissão do desfile começou às 18h. Antes de cada escola, era apresentado um pequeno documentário com a história da agremiação e seus destaques para aquele ano. A narração foi dividida entre Luís Carlos Miele, Haroldo Costa, Carlos Campbell, Berto Filho e Luiz Lobo, que se revezavam devido ao grande número de horas do evento.

Os comentaristas foram Mozart Araújo, que analisava baterias e melodias; Sérgio Cabral, falando de harmonias e evoluções; Mauro Monteiro, sobre fantasias, alegorias e adereços; Macedo Miranda, Filho, avaliando mestres-salas, porta-bandeiras e comissões de frente; e o narrador Luiz Lobo, que também avaliava enredos e letras de samba.

Naquele Carnaval desfilaram Unidos de Lucas, União da Ilha do Governador, Unidos de Vila Isabel, Unidos de São Carlos, Mocidade Independente de Padre Miguel, Portela, Mangueira, Em Cima da Hora, Império Serrano, Salgueiro, Imperatriz Leopoldinense e Beija-Flor. Os resultados foram divulgados uma semana depois. O Salgueiro venceu.

“Na prática, tudo bom, também. Durante 15 horas e 5 minutos, o canal 4 mostrou realmente o melhor do Carnaval. E da melhor maneira. Moderna, ritmada, a léguas de distância do blá-blá-blá geral de antes. No timing em tudo, até no uso bem dosado do slow-motion e do replay, um Fantástico muito especial. Um programa de televisão, mais do que uma perfeita transmissão”, elogiou Artur da Távola no jornal O Globo de 14 de fevereiro de 1975.

Completando a programação, a emissora também exibiu os concursos de fantasia do Hotel Glória e do Teatro Municipal do Rio, na segunda (10), e do Clube Sírio Libanês, na terça (11). A transmissão dos concursos de fantasias, que depois se transformou em uma tradição do Carnaval da Manchete, nos anos 1980 e 1990, há alguns anos não encontra mais espaço na grade das emissoras.

O Carnaval de São Paulo, ainda incipiente, apesar de já contar com escolas tradicionais na época, não tinha transmissão ao vivo. Uma curiosidade é que, pela primeira vez, foi utilizado um trio elétrico na folia paulistana. O veículo já era popular na Bahia, onde foi introduzido em 1950.


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