Segunda temporada
Divulgação/HBO
O apresentador Gregorio Duvivier em episódio da segunda temporada do Greg News, na HBO
FERNANDA LOPES
Publicado em 23/3/2018 - 6h01
A segunda temporada do Greg News estreia nesta sexta-feira (23) falando de direitos humanos, inspirado pelas discussões em torno do assassinato da vereadora Marielle Franco (1979-2018), ocorrido na semana passada no Rio de Janeiro. O programa também abordará a legalização da maconha no Brasil, totalmente apoiada por Gregorio Duvivier. Na essência, não muda nada em relação à primeira temporada. Apenas as risadas da plateia estão diferentes.
"Acho que os direitos humanos são o grande tema do momento, o que está por trás do que aconteceu [com Marielle], e acho que o Brasil precisa mesmo discutir isso. Muita gente acha que direitos humanos são besteira, para defender bandido", opina o apresentador, conhecido por opiniões fortes e que às vezes desafiam as convenções.
"O Brasil tem uma guerra às drogas que, na verdade, é uma guerra aos pobres, aos mais desfavorecidos. Esse pretexto tem que acabar, é uma grande mentira que engana ainda muita gente. Com certeza vamos falar de maconha, de drogas em geral. Todo mundo sabe minha posição. A legalização das drogas é a única coisa que vai ser capaz de desmantelar o tráfico. Qualquer outra coisa é enxugar gelo."
Após 20 episódios na primeira temporada, exibida em 2017, o Greg News volta com o mesmo formato, baseado em atrações de humoristas e apresentadores norte-americanos consagrados, como John Oliver, Jon Stewart e Bill Maher. Duvivier vai falar sobre política, comportamento e sociedade, em monólogos que exploram o noticiário de cada semana com comentários de humor.
O ator, escritor e humorista conta com uma equipe de dez pessoas, entre repórteres, roteiristas de humor e produtores, para redigir seus textos, que passam pelo crivo do setor jurídico da HBO. Ele sabe que toca em feridas da sociedade brasileira e diz não se incomodar com retornos negativos dos alvos de suas críticas.
"Um monte de gente não deve ter gostado, com certeza. Mas também, algumas pessoas não gostarem é sinal de estar fazendo a coisa certa. Se gente como [o deputado federal da bancada religiosa] Marco Feliciano gostar do que você tá fazendo, acho que você tá errando. Várias críticas foram de gente que não me incomoda em nada, não me preocupa", explica.
divulgação/hbo
Gregorio Duvivier no novo estúdio do Greg News, que comporta até 120 convidados
Risadas de qualidade
O que realmente incomodou o humorista na primeira temporada foram, curiosamente, as risadas da plateia. Esse foi o principal ponto de mudança dos episódios iniciais para cá. Agora, o Greg News é gravado em um estúdio maior, com o dobro do público: 120 convidados.
"Isso pra mim é essencial, muda tudo. Muda a qualidade da risada da plateia, que me incomodava bastante na primeira temporada. Era uma risada mais enlatada, parecia de mentira, embora fosse de verdade. E agora não, mudou a qualidade do riso que a gente capta, eu senti isso", conta ele, empolgado.
Em ano eleitoral, o Greg News não atacará diretamente a disputa presidencial, mas sim os temas que ditam as campanhas, como saúde, educação e impostos. Ele ressalta, porém, que piadas sobre o presidente Michel Temer não vão faltar.
"Política nacional dá muito caso pra gente, temos um presidente com 3% de popularidade, e o país gosta muito de rir dele. Eu também gosto. Parece um vampiro, fala em mesóclise. Tem muita piada do governo Temer. O humor não salva a gente, mas nos ajuda a suportar o intolerável", conclui o apresentador.
A segunda temporada do Greg News estreia às 22h, na HBO. Novos episódios serão exibidos todas as sextas-feiras.
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