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'CÃODOMBLÉ'

Globo é denunciada por racismo em programa de humor do Multishow

REPRODUÇÃO/MULTISHOW

Chris Pinto e Marcio Machado, apresentadores do Sensacionalista, do Multishow, no cenário do programa em 2013

Chris Pinto e Marcio Machado, apresentadores do Sensacionalista, no cenário do programa em 2013

FERNANDA LOPES e LI LACERDA

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 28/10/2020 - 7h05

Um esquete de um programa de humor já extinto do Multishow ainda causa problemas judiciais para a Globo. A emissora foi denunciada por discriminação racial por causa de uma piada do humorístico Sensacionalista que relacionava uma cachorra à religião de matriz africana candomblé. A denúncia é de 2013, mas a ação ainda corre na Justiça.

O Sensacionalista foi um programa que estreou em 2011, derivado do site homônimo, que ainda existe e faz graça inventando notícias fictícias, mas com críticas sociais reais.

Em 2013, foi ao ar um esquete em que uma cachorra jogava búzios e incorporava entidades, o que fez com que seus donos criassem uma nova prática religiosa, chamada "cãodomblé". Confira no vídeo abaixo:

Na época, a CPPNI (Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena) encaminhou uma denúncia por discriminação racial à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, que instaurou um processo administrativo contra a Globo.

A emissora apresentou defesa, mas ainda assim houve o entendimento administrativo de que o esquete havia sido ofensivo. A Globo foi multada em R$ 88.803,75.

No entanto, a emissora levou o caso à Justiça para recorrer dessa multa, por entender que o processo administrativo teve um desfecho injusto, já que o esquete era claramente humorístico e não visava ofender nenhuma parcela da população.

A Globo já sofreu outra derrota judicial. Ela pediu tutela antecipada para suspender a multa até o julgamento da ação. Tutela antecipada é um recurso processual utilizado quando a defesa entende que o que está pedindo é um direito provado de forma evidente, que pode ser adiantado enquanto o processo está em andamento.

No caso, a Globo alegava que deveria estar evidente que o esquete era uma peça de humor, não discriminatória, e por isso não merecia ser multada por ele.

Mas no último dia 16, o juiz José Eduardo Cordeiro Rocha, da 14ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, decidiu que a emissora não deveria ganhar tutela antecipada. O processo contra a emissora continua em vigência, e a empresa ainda pode recorrer.

Procurada pela reportagem, a Globo disse que não comenta casos sub júdice.


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