EXPERIENTE REPÓRTER
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José Raimundo comunicou desligamento da TV Bahia após 31 anos na afiliada da Globo
José Raimundo Carneiro de Oliveira, experiente e premiado repórter, de 65 anos, anunciou a saída da TV Bahia, afiliada da Globo, nesta quinta-feira (7). O jornalista deixou a emissora após 31 anos e deu a entender que o desligamento se deu por opção da empresa.
"Foram 31 anos de dedicação exclusiva, intensa. Uma estrada longa, enladeirada, sinuosa, surpreendente", resumiu o veterano em uma publicação no Instagram.
"Se tem uma coisa que me maltrata é a despedida. Mas como é inevitável, comunico o meu desligamento da TV Bahia. É aquela velha e conhecida regra: relação de trabalho só se mantém quando as duas partes querem", completou.
Conhecido por suas reportagens especiais sobre meio ambiente no Globo Repórter, José Raimundo foi convidado para trabalhar na TV Bahia em 1990 por Carlos Libório, então diretor da emissora, inaugurada em 1985.
Desde então, ele participou de várias coberturas jornalísticas importantes, desde Carnaval até importantes jogos de futebol disputados na Bahia, como a Copa das Confederações, em 2013, e, no ano seguinte, a Copa do Mundo no Brasil.
"Uma estrada longa, enladeirada, sinuosa, surpreendente, como costuma impor a prática do bom jornalismo na TV. Na bagagem, uma trajetória que me honra, histórias inesquecíveis e a impagável convivência de companheirismo e aprendizado", avaliou o profissional. "Levo dos colegas e amigos que cultivei, além da saudade, o apreço, a gratidão, a admiração, o desejo de que sejam sempre felizes", completou.
O repórter afirmou que ainda não tem planos para a sequência da carreira de mais de 40 anos. "O horizonte é indefinido por enquanto. E desafiador. É hora de pensar e avaliar. E daqui a pouco pegar a estrada novamente. Aliás, novas estradas pela frente. E ainda muita história pra contar", ressaltou.
Nascido em Riachão do Jacuípe, interior da Bahia, próximo a Feira de Santana, José Raimundo começou a trajetória no jornalismo na TV Itapoan, emissora da Rede Tupi, do grupo de Assis Chateaubriand, onde ficou até o início da década de 1980. Na época, era o único repórter do canal, que estava à beira da falência.
Convidado pelo jornalista Hermano Henning, foi trabalhar na TV Aratu, na época afiliada da Globo e líder de audiência na Bahia. Ele demorou um tempo para aparecer no vídeo, uma decisão tomada pelo então diretor de jornalismo, José Amilcar Tavares, que avaliou que a imagem do jornalista ainda estava atrelada à emissora anterior.
Em 1987, a TV Aratu deixou de ser afiliada da Globo, e Alice Maria, então diretora de telejornais da Globo, decidiu pedir a transferência de José Raimundo para Recife, para se integrar à Globo Nordeste, onde ficou durante três anos.
"Recife centralizava o Nordeste. Viajei muito a outros Estados da região, voltei várias vezes à Bahia. A gente não parava, as pautas eram muito dinâmicas. Fiz muitas denúncias sobre prefeitos corruptos que desviavam dinheiro público, muitas reportagens sobre meio ambiente também", disse, em depoimento ao Memória Globo.
Em 1990, começou seu período na TV Bahia, onde ganhou ainda mais projeção e reconhecimento. Suas reportagens já eram exibidas no Jornal Nacional e ele passou a ganhar espaço também no Globo Repórter com uma matéria especial sobre o rio São Francisco, que foi ao ar em 1999. Anos depois, o São Francisco voltaria a ser tema de uma série feita pelo repórter para o principal telejornal da Globo.
Outras séries de destaques foram sobre o centenário de morte de Antônio Conselheiro e a Guerra dos Canudos, exibidas no Jornal Nacional e no Fantástico, em 1997, e sobre os festejos em Porto Seguro para comemorar 500 anos do descobrimento do Brasil, em 2000.
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José Raimundo em visita ao rio São Francisco
A reportagem Trabalho do Menor, sobre trabalho infantil, exibida no Globo Repórter, rendeu a ele e Marcelo Rezende (1951-2017) o diploma de honra ao mérito do Festival de Filme e Televisão de Nova York.
O repórter participou da cobertura de outros fatos relevantes na vida do país, como a visita do papa João Paulo II à Bahia em 1980, eleições nacionais, estaduais e municipais, entrevistas com presidentes, ministros e políticos. Outro marco em sua carreira foi a denúncia sobre fraudes na Previdência Social, apresentada no Jornal Nacional, além das reportagens sobre os Caminhos da Comida (2009) e o Centenário de Jorge Amado (2012).
Especializado em coberturas ecológicas, o jornalista também recebeu outros dois importantes prêmios: Embratel e Conservação Internacional, por uma série sobre a destruição da Mata Atlântica que foi ao ar em 2004 no Jornal Nacional.
Durante a pandemia de Covid-19, o jornalista trabalhou em home office por ter mais de 60 anos e pertencer ao grupo de risco da doença. No período, algumas de suas reportagens foram reprisadas no Globo Repórter, como a que ele fez sobre a Chapada Diamantina.
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