ALY RAISMAN
REPRODUÇÃO/LIFETIME
Aly Raisman durante o especial Uma Luz no Fim do Túnel, que o Lifetime exibe nesta quinta (25)
[Alerta de gatilho: este texto pode conter informações sensíveis a sobreviventes de abuso sexual]
Capitã da seleção de ginástica norte-americana que levou o ouro nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, e de 2016, no Rio de Janeiro, Aly Raisman voltou aos holofotes em 2017, quando ela e mais de uma centena de atletas denunciaram o médico Larry Nassar de abuso sexual. Agora ativista, ela encara os próprios gatilhos para ajudar outros sobreviventes --o termo "vítima" foi banido de seu dicionário.
Parte de sua jornada em apoio a pessoas que sofreram esse tipo de violência é mostrada no especial Aly Raisman: Uma Luz no Fim do Túnel, que o canal Lifetime exibe nesta quinta-feira (25), em pleno Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. No programa, a ginasta ouve sobreviventes e especialistas, compartilha momentos de sua trajetória e tenta usar sua vivência para inspirar, ajudar e mostrar a crianças e seus pais como identificar comportamentos predatórios.
"Espero que o especial possa ajudar alguém, porque sei que há muitas pessoas pelo mundo com dificuldades, lutando por sua saúde mental ou em processo de cura por abusos do passado. Não importa o que você já viveu, terá alguma lição para tirar do programa, que vai ajudá-lo a se sentir menos só ou te dar esperança de que há uma luz no fim do túnel", diz a ginasta.
A tentativa de ajudar outros sobreviventes, porém, também reabre feridas na própria atleta. Aly conta ao Notícias da TV que, como o abuso de Nassar foi bastante exposto na mídia, algumas pessoas a abordam na rua para contar suas histórias. "Às vezes estou passeando com meu cachorro, esperando o voo no aeroporto ou fazendo compras no mercado, e alguém me para para contar que é sobrevivente. Mas detalhes explícitos são meus gatilhos."
Eu desenvolvi na terapia uma maneira de tentar ajudar a pessoa, mas se ela começa a ser detalhista demais, tenho um jeito de falar: 'Eu te apoio e acredito em você, mas se importa de não contar tantos detalhes?'. Todos sempre entendem o meu lado, nunca deixei ninguém chateado por não querer ouvir tudo. Anos atrás eu tinha medo de falar alguma coisa e pensarem que estou agindo como uma diva. Mas percebi que, para continuar meu trabalho, preciso impor alguns limites.
reprodução/c-span
Aly prestou novo depoimento em setembro
"Fazer esse trabalho pode ser um gatilho, porque eu preciso falar sobre o que vivi e sinto que as feridas ainda estão abertas. Então, tenho de encontrar um equilíbrio. Se estou com amigos, tento não falar sobre isso e me divertir. Se tenho um dia difícil, brinco à noite com meu cachorrinho, que me traz alegria. É um trabalho importante, e quero continuá-lo, mas é um desafio diário", explica.
Aly revela também que conversar com alguém de sua confiança foi um passo fundamental para ela. "Faço terapia uma vez por semana, mas às vezes preciso de duas sessões. E às vezes nem isso parece o suficiente. Tem dias em que acordo mais calma, em outros não consigo dormir porque estou estressada. Aprendi a importância de viver dia a dia, de refletir sobre como me sinto. Se sou muito crítica comigo, não estou me ajudando em nada."
"Precisamos lembrar que somos todos humanos, temos altos e baixos, a vida é uma montanha-russa. Espero que todos se lembrem de que vamos ficar bem. Se você está passando por um momento difícil, não vai se sentir assim para sempre. É importante ter uma comunidade e um sistema de apoio à sua volta, e encontrar essas pessoas pode ser difícil. Mesmo que leve algum tempo, continue procurando, porque eu sei que há muita gente boa no mundo. Ter alguém para te validar é essencial", recomenda a ginasta.
Aly Raisman: Uma Luz no Fim do Túnel estreia no Lifetime nesta quinta (25), às 21h. Confira o trailer:
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