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Memória da TV

Em 2001, programa 'inovador' da Globo ficou apenas 9 semanas no ar

Reprodução/Memória Globo

Cazé Peçanha entrevista internauta no Sociedade Anônima, em 2001, numa época em a web era lenta - Reprodução/Memória Globo

Cazé Peçanha entrevista internauta no Sociedade Anônima, em 2001, numa época em a web era lenta

THELL DE CASTRO

Publicado em 26/7/2015 - 8h59

Não é de hoje que a Globo procura uma solução para os fins de noite de domingo, como faz agora com Tomara que Caia. A emissora testou diversos programas nos anos 1990 e 2000 que patinaram na audiência e perderam para Silvio Santos. Um dos casos mais emblemáticos foi o do Sociedade Anônima, comandado por Cazé Peçanha. Vendido como "inovador", o programa teve uma longa gestação e ficou apenas nove semanas no ar em 2001.

Estrela da MTV, Cazé foi contratado pela Globo no final de 1999 e passou todo o ano de 2000 fora do ar, formatando seu programa, que estrearia em janeiro de 2001. O grande diferencial do Sociedade Anônima seria a pioneira integração entre televisão e internet. A atração contava com suporte do portal Globo.com e com a participação dos internautas, numa época que as conexões ainda eram lentas e instáveis _por esse motivo, o início ficou para abril daquele ano.

"Um dos motivos do atraso em entrar no ar são as participações via internet. Webcâmeras no Rio e em São Paulo vão captar intervenções do auditório virtual. As gravações do programa também vão à rede, em uma espécie de making of. Com a lentidão da conexão e transmissão de dados característica da internet convencional, a Globo teve dúvidas quanto ao uso desses recursos e demorou até chegar ao formato que será usado hoje", destacou a Folha de S.Paulo do dia da estreia (1º de abril de 2001).

A proposta era simples: a atração queria mostrar personagens comuns e anônimos, como um lixeiro, um vendedor ambulante, entre outros. Uma das apostas era o show de calouros em que os participantes imitavam profissionais da televisão e eram julgados pelos internautas. Outros quadros compunham o programa, como Bolsa de Valores, sobre prestadores de serviços, e Construção Facial, em que o auditório descobria as feições de uma pessoa com o rosto coberto usando a ajuda de um software.

A audiência do programa não correspondeu. Na estreia, alcançou 15 pontos, contra 16 do SBT, que exibiu a entrega do Oscar. Posteriormente, os números continuaram caindo, e Topa Tudo por Dinheiro, de Silvio Santos, venceu todas as disputas. No dia 20 de maio, por exemplo, o SBT ganhou por 22 a 12.

Com apenas nove edições no ar, o programa deixou a grade global no dia 27 de maio. Foi substituído por filmes. "A tesoura não cortou aos poucos. Cortou de uma vez por todas. Eu disse que não ia sobreviver", contou Cazé à revista IstoÉ Gente de 21 de janeiro de 2002.

Nessa entrevista, o apresentador falou que não tinha mais forças para brigar pelo programa dentro da Globo. "Demorou aquele tempo todo para o Sociedade Anônima entrar no ar. É uma coisa chata, né? Aí o programa ficou só nove semanas no ar, competindo com Silvio Santos, e já me disseram que não estava com a audiência esperada. Não tinha diálogo na Globo. Ninguém me chamou para dizer que não estava do jeito que eles queriam", reclamou.

"Não tinha como discutir o horário e ponto final. Depois da estreia, ouvi de um diretor importante: 'Você não podia entrar no horário que entrou, foi um erro da programação'. Chegou uma hora em que eu não tinha mais forças para discutir com a Globo", completou.

Nova tentativa

Após o fracasso do Sociedade Anônima, Cazé Peçanha ganhou um espaço no Fantástico, o TV Megafone, em que comentava as notícias da semana e fazia intervenções usando o apetrecho que dava nome ao quadro. Mas a iniciativa também não durou muito tempo.

Em novembro de 2001, o apresentador anunciou que não renovaria o contrato com a Globo. "Vou só cumprir contrato nesses dois meses que restam. A menos que haja um súbito interesse da emissora por mim, não voltarei a fazer novos quadros ou programas. Não sei porque, mas a emissora estava com dificuldades de incluir o quadro no Fantástico, mesmo com a boa audiência que ele vinha apresentando. Procurei o Érico Magalhães [diretor de Recursos Humanos da Rede Globo] e disse que não dava para continuar assim. Chegamos a um acordo e decidimos não renovar meu contrato", contou ao jornal O Estado de S.Paulo de 4 de novembro de 2001.

No início de 2002, Cazé Peçanha voltou à antiga casa, a MTV, para comandar dois programas. Nos últimos anos, ele esteve na Band, como um dos apresentadores de A Liga, e também no canal Nat Geo, com Truques da Mente e Os Incríveis.


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