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MEMÓRIA DA TV

Em 1998, público rejeitou vilão rancoroso do 'bom-moço' Tony Ramos

Divulgação/Globo

O ator Tony Ramos caracterizado como o personagem Clementino em Torre de Babel - Divulgação/Globo

O ator Tony Ramos caracterizado como o personagem Clementino em Torre de Babel

THELL DE CASTRO

Publicado em 9/10/2016 - 8h14

Um dos maiores motivos da rejeição inicial de Torre de Babel, novela exibida pela Globo em 1998, foi o estranhamento do público em relação ao personagem Clementino, vivido por Tony Ramos. Logo no primeiro capítulo, o pedreiro foi pintado como vilão ao matar a mulher infiel com uma pá e jurar vingança contra seu patrão, César (Tarcísio Meira), que deu um depoimento decisivo para sua condenação a 20 anos de prisão. Mas, ao longo da trama, que volta ao ar nesta segunda (10) no canal Viva, ele se redimiu.

O público estranhou porque Tony Ramos fugia do habitual papel de mocinho para viver um homem amargo e vingativo. O ator raspou os cabelos, deixou a barba por fazer, ganhou olheiras e emagreceu oito quilos. Para despistar os telespectadores, evitou sair de casa por algum tempo, atendendo a pedido dos diretores Carlos Manga e Denise Saraceni.

Segundo depoimento ao site Memória Globo, o autor Silvio de Abreu "aproveitou para falar da dificuldade que os ex-presidiários encontram quando tentam retornar ao mercado de trabalho e de como a escassez de oportunidades e o preconceito social contribuem para que muitos voltem ao crime" através do personagem de Tony Ramos.

Mas esse não foi o destino de Clementino. Desde o início, já estava previsto que ele se redimiria junto ao público após se apaixonar por Clara (Maitê Proença). Uma reportagem da Agência Estado de 24 de maio de 1998, véspera da estreia da trama, informava isso. "Tony Ramos deixa de lado a imagem de moço bonzinho e arrumadinho para se transformar num ex-presidiário rancoroso, pelo menos até se apaixonar por Clara, a cunhada do ex-patrão", destacou a repórter Sônia Apolinário.

Divulgação/Globo

Leila (Silvia Pfeifer) e Rafaela (Christiane Torloni), personagens também rejeitadas na trama

Em entrevista à Folha de S.Paulo em 4 de março de 2007, Tony Ramos achava que, quase dez anos depois, o personagem não teria o mesmo impacto no público. "Além do fato de a violência ter aumentado, Silvio me disse que ficou horrorizado com as reações dos telespectadores em Belíssima", disse, em referência às maldades da vilã Bia Falcão (Fernanda Montenegro).

Em 2007, já dizia que faria outro papel desse tipo novamente, o que ele cumpriu em A Regra do Jogo (2015). "Se um dia pintar, vou lá e vou tentar fazer. É importante dizer que o que é adequado a um ator pode não ser a outro. Se me derem um grande assassino para fazer, teria que sofrer transformações até de caracterização, por ter ainda traços muito, digamos, suaves. Teria que interpretar aquele assassino dos quais as pessoas jamais desconfiam", profetizou.

Mas não foi apenas Clementino que sofreu rejeição do público de Torre de Babel. Outros personagens tiveram que ser eliminados por Silvio de Abreu com a explosão de um shopping, em estratégia similar à realizada na novela Anastácia, a Mulher Sem Destino, de 1967, quando um terremoto dizimou quase todos os personagens da trama.

Com a explosão, deixaram a novela o casal Leila (Silvia Pfeifer) e Rafaela (Christiane Torloni), o dependente químico Guilherme (Marcello Antony) e, temporariamente (ele voltou no final da trama), Agenor (Juca de Oliveira). Após o incidente, a novela engrenou e ganhou audiência até o final, principalmente para se descobrir quem havia promovido a tragédia.


THELL DE CASTRO é jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira (Editora InHouse). Siga no Twitter: @thelldecastro


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