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Memória da TV

Em 1990, SBT e Band lideraram demissões após Plano Collor

Reprodução

Nair Bello, Ronald Golias e Renata Fronzi, estrelas do humorístico Bronco, cancelado pela Band em 1990 - Reprodução

Nair Bello, Ronald Golias e Renata Fronzi, estrelas do humorístico Bronco, cancelado pela Band em 1990

THELL DE CASTRO

Publicado em 29/3/2015 - 10h55

Todos os dias surgem notícias sobre cortes e demissões nas emissoras de televisão em virtude da crise econômica e das péssimas perspectivas para a economia brasileira em 2015. Na última semana, a Band iniciou o processo de demissão de dezenas de funcionários e descontinuou o Agora É Tarde, de Rafinha Bastos. Uma situação complicada foi vivida pelas emissoras em 1990, após o anúncio do Plano Collor, em 16 de março, que, entre outras medidas, determinou o confisco das poupanças. A Band, justamente, foi uma das emissoras que mais sentiu as medidas do governo.

A emissora demitiu 108 funcionários ligados às áreas técnica e de produção de shows e tirou do ar o humorístico semanal Bronco, com Ronald Golias. “Com essas medidas, a emissora pretende se adaptar à queda de 30% da receita publicitária acarretada pelo Plano Collor”, informou texto de Sônia Apolinário na Folha de S.Paulo de 18 de abril de 1990.

“A Bandeirantes cortou a produção nas áreas que não eram prioritárias. Dificilmente faremos a linha de shows daqui para a frente”, informou o então diretor-geral da rede, Rubens Furtado. “O mercado é que vai determinar novas medidas a serem adotadas”, completou.

A reportagem informou que a Band esperava fechar o mês de abril com uma queda de 20% no volume de anunciantes. “Por enquanto, nossa situação é administrável. Nosso objetivo é dar uma melhor opção de programas, tanto para o público, quanto para os anunciantes. Só dessa forma poderemos evitar a necessidade de mais demissões futuras”, disse o então superintendente comercial, Paulo Saad.

O SBT também fechou as torneiras para evitar prejuízos ainda maiores. Na época, a emissora de Silvio Santos foi a primeira a suspender as produções de programas por causa do Plano Collor. Mais de 200 funcionários foram demitidos e a verba do departamento de jornalismo foi cortada quase pela metade.

“As únicas pessoas que falam sobre o assunto, o superintendente comercial, Rubens Carvalho, e o diretor nacional de vendas, Walter Zagari, não foram encontrados. A programação está desfalcada e não são exibidas muitas atrações anunciadas”, disse reportagem da Folha de S.Paulo de 16 de abril de 1990.

Cristiana Oliveira e Marcos Winter em Pantanal; novela da Manchete não sentiu efeitos da crise

Nem todas as emissoras sentiram a crise

A Globo anunciava que estava se recuperando do baque inicial. O então superintendente comercial Antonio Athayde informou que a emissora sofreu queda de 10% no volume de anúncios. “A principal estratégia adotada pela emissora foi a de negociar, separadamente, com cada anunciante. Athayde contou que os bancos são os responsáveis por essa luz no fim do túnel”, explicou a reportagem.

“Segundo ele, talvez não seja necessário a Globo implantar uma programação de emergência, com tempo total mais reduzido que o atual, que ainda está sendo planejada. A emissora não precisou alterar seu contrato de transmissão exclusiva de corridas de Fórmula 1 nem alterar o esquema para a cobertura da Copa”, relatou o texto. “Nesses momentos de crise, o líder de audiência é sempre beneficiado. As empresas precisam anunciar para vender e não querem correr riscos”, explicou o dirigente.

Na Manchete, o então diretor financeiro David Elkind informou que a emissora não sofreu nenhum reflexo negativo com o plano porque a programação já estava com cotas vendidas anteriormente. “Segundo ele, a novela Pantanal, que estreou com três das suas cinco cotas nacionais vendidas, conseguiu fechar o patrocínio, na semana retrasada”.

Elkind explicou que as revistas do Grupo Bloch, como Manchete, Amiga e Pais e Filhos, registraram uma queda de 30%. “Por enquanto, a estratégia da emissora de não fazer novos investimentos se mantém”, disse a reportagem.


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