Memória da TV
Reprodução/Memória Globo
William Bonner na bancada do Fantástico, em 1988, quando foi promovido a apresentador de primeiro time
THELL DE CASTRO
Publicado em 5/4/2015 - 8h04
Ao longo dos anos, o Fantástico teve altos e baixos nos índices de audiência. Em 1988, ao completar seu 15º aniversário, o programa semanal passou por sua até então mais profunda reformulação, deixando de ser uma revista eletrônica para se tornar um "grande jornal", nas próprias palavras de seu diretor na época, José Itamar de Freitas. Virou um "Jornal Nacional de duas horas acrescido de piadas e de um videoclipe", tão diferente do tom de entretenimento que tentou emplacar em sua última reforma, há um ano.
Depois de cinco programas especiais que comemoram os 15 anos, o Fantástico, que na época marcava, em média, 40 pontos no Ibope, ganhou cara nova em 11 de setembro de 1988. O programa apresentou um novo cenário, composto por uma bancada com três apresentadores. Ao lado do já longevo Sérgio Chapelin se juntavam os novatos William Bonner, que apresentava o SP TV, e Valéria Monteiro, que comandava o RJ TV.
As grandes reportagens sobre temas de saúde, marca da atração por vários anos, foram deixadas de lado. O programa da Globo passou a priorizar as chamadas "hard news", com as notícias mais importantes do dia na política, economia, no Brasil e no mundo.
As novidades não foram bem recebidas pela imprensa. Na Folha de S. Paulo de 18 de setembro, o crítico Nelson de Sá disse que o novo Fantástico tropeçava na notícia. "Sem maior aviso ao público, o Fantástico virou de ponta-cabeça no último domingo. As mudanças anteriores, em 15 anos do programa, sempre foram feitas com estardalhaço e se limitavam a uma nova abertura de Hans Donner. Agora a abertura é a mesma, mas a mudança é enorme. O Fantástico deixou de ser o Fantástico", disse o então secretário-assistente da Redação do jornal.
Sá chamou o jornalístico de "Jornal Nacional de duas horas acrescido de piadas e de um videoclipe". 'Inverteu por completo sua distribuição entre 'entertainment' e jornalismo. Mais que isto, parece ter expurgado a medicina de baixo para calão", completou.
O crítico também não gostou do ingresso dos dois novos apresentadores. "É uma evidente intervenção no trabalho de Chapelin, que chegou a demonstrar incômodo, explicado nos bastidores como resultado de reflexos de luz no teleprompter. Os dois novos apresentadores dão a imagem jornalística do programa, tentando sufocar o inevitável ranço que Chapelin traz do velho Fantástico. Mas os três, ao surgirem em sequência rígida, com distribuição aleatória dos temas apresentados, acabam impedindo que o novo Fantástico mostre um perfil definido. Outro problema foi a sensação de que o programa ficou pesado", comentou.
Mas, independentemente das críticas, a reformulação no Fantástico continuou. Em 1989, Sérgio Chapelin voltou ao Jornal Nacional e passou o bastão para Celso Freitas. Nos anos seguintes, nomes como Fátima Bernardes, Doris Giesse, Sandra Annenberg, Pedro Bial e Glória Maria passaram pelo comando da atração.
Mais recentemente, em 27 de abril de 2014, o Fantástico passou por outra grande reformulação. No entanto, nem todas as novidades foram bem aceitas pelo público, como a exibição de trechos de reunião de pauta e pequenos shows de artistas no cenário do programa. A atração retomou as pautas investigativas e, atualmente, alcança médias de 15 a 20 pontos aos domingos.
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