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MEMÓRIA DA TV

Em 1977, Miele driblou preconceito para apresentar Praça da Alegria

Reprodução/TV Globo

Luiz Carlos Miele na Praça da Alegria; perfil elitizado do novo apresentador causou discórdia - Reprodução/TV Globo

Luiz Carlos Miele na Praça da Alegria; perfil elitizado do novo apresentador causou discórdia

THELL DE CASTRO

Publicado em 18/10/2015 - 8h18

Reconhecido pela elegância e por seus impecáveis smokings, Luiz Carlos Miele, que morreu na última quarta (14), no Rio de Janeiro, aceitou um desafio em sua carreira ao comandar a versão da Globo para a Praça da Alegria, inspirada no humorístico homônimo originalmente criado por Manoel de Nóbrega nos anos 1950. Mas muita gente foi contra a escolha de Miele por ele não ter o perfil popular da atração.

Em 1976, a Globo fez uma homenagem a Nóbrega, morto em março daquele ano, produzindo uma edição especial da Praça da Alegria dentro do programa Chico City, de Chico Anysio. A boa repercussão encorajou a emissora a produzir uma nova versão do humorístico.

Na hora de escolher o apresentador, a Globo chamou diversos nomes para testes. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então diretor de operações da emissora, decidiu por Miele. Mas muita gente foi contra, não por duvidar da capacidade do showman, mas por ele não ter o estilo de humor popular característico da Praça.

O próprio Miele falou sobre isso em entrevista ao jornal O Globo em 24 de dezembro de 1977. “Eu não estava definitivamente aprovado para fazer a Praça. O Boni perguntou se eu queria fazer o teste, pois, às vezes, se um artista não passa, isso pode repercutir negativamente. Outras pessoas já tinham tentado, mas não tinham acertado com o espírito que deveria ser o programa”, comentou.

A reportagem destacou que muitos colegas mudaram de opinião após o início das gravações. “O Lúcio Mauro estava comentando e disse que tinha sido contra. Ele achava que minha imagem de smoking, programas musicais, sofisticação, nada tinha a ver com o trabalho feito anteriormente pelo Manoel de Nóbrega. O Boni era o único que acreditava”, completou.

divulgação/tv globo

A humorista Zilda Cardoso com Miele na versão da Globo para a Praça da Alegria

Deu certo e a Praça voltou em 1º de maio de 1977, com muita gente que participou da versão original, como Simplício, Walter D’Ávila, Ronald Golias, Moacyr Franco e Zilda Cardoso, entre outros.

“O elenco estava acostumado a fazer o programa, enquanto que, para mim, é a primeira vez que tenho um trabalho de resultado realmente popular. Desde que trabalho na televisão, nunca tive esse tipo de aproximação com o público. É aquele negócio, se for ao supermercado, tumultua. É engraçado como o tipo de programa se reflete no comportamento das pessoas”, explicou Miele.

Humilde, Miele disse que estava aprendendo com os colegas de palco. “O contato com humoristas como Simplício, Walter D’Ávila, Ronald Golias e Moacyr Franco está me trazendo uma reserva enorme de chaves de humor. Estou aprendendo uma série de macetes da profissão, a saber como usar e jogar com o povo. Coisas que nunca tinham passado pela minha ideia, aquele tipo de comportamento ou chavão com desfecho, provocando um resultado muito grande”, comentou.

No entanto, a Praça da Alegria não teve vida longa na Globo. O programa foi exibido até 18 de novembro de 1978, durando pouco mais de um ano.

Em 1987, a Band reuniu humoristas e criou a Praça Brasil, com apresentação de Carlos Alberto de Nóbrega, filho de Manoel. Poucas semanas depois, o apresentador e boa parte do elenco migraram para o SBT, que colocou no ar A Praça é Nossa, no ar até os dias de hoje.


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