QUE TRAMA É ESSA?
Paulo Belote/TV Globo
Marcelo Serrado (à esq.) e João Baldasserini em Pega Pega, exportada como A Armadilha
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 20/1/2018 - 7h12
Você assistiu à novela A Trapaça? Chegou a ver O Limite do Desejo, o maior sucesso da TV brasileira dos últimos anos? Acompanhou algum dos quase 6 mil capítulos de Corações Jovens? Esses títulos bizarros foram escolhidos pela Globo para vender ao mercado internacional as novelas Pega Pega, A Força do Querer e Malhação.
No momento da exportação, é comum que as obras brasileiras ganhem novos nomes, que expliquem mais facilmente a história a ser comprada por canais estrangeiros. Mas há traduções que pouco acrescentam à trama.
É o caso da novela de Gloria Perez: tanto A Força do Querer quanto O Limite do Desejo (título na exibição norte-americana) são abstratos demais para explicar a trama de Bibi Perigosa (Juliana Paes), Ritinha (Isis Valverde) e Jeiza (Paolla Oliveira).
Em espanhol, a trama fez uma mistura dos dois títulos e virou Querer Sem Limites. A tradução para o mercado hispânico também inclui uma nova versão da música de abertura, regravada por Caetano Veloso como Los Quereres.
Nos Estados Unidos, o grande sucesso A Força do Querer recebeu o título O Limite do Desejo
Já o otimismo inabalável de Candinho (Sergio Guizé) em Eta Mundo Bom! (2016) inspirou os títulos internacionais da novela de Walcyr Carrasco, chamada de O Lado Bom da Vida! na versão em inglês e de Que Vida Boa! para o público hispânico. É um avanço respeitável se considerarmos a tradução de outra novela de Carrasco: Amor à Vida (2013) mudou por completo e virou Rastro de Mentiras no exterior.
Além dessas novelas, outras obras recentes que entraram para o catálogo internacional da Globo com nomes diferentes são Dias Sombrios (uma tradução menos romântica de Os Dias Eram Assim) e as séries Os Sábios (Os Experientes) e Baixa Pressão (Sob Pressão).
Já Velho Chico (2016) virou Velho Rio, uma vez que a referência ao rio São Francisco seria incompreensível para estrangeiros _anteriormente, Araguaia já tinha se transformado em O Rio do Destino, pelo mesmo motivo. Velho Chico, aliás, recebeu um banho de edição e virou "supersérie", porque a Globo temia sua aceitação no exterior.
Estranheza em títulos não é novidade
Não são apenas as tramas que entraram no catálogo internacional da Globo neste ano que ganharam títulos praticamente irreconhecíveis no exterior. Sangue Bom (2013), uma gíria tipicamente paulistana, virou Corações Cruzados nos Estados Unidos e Labirintos do Coração em países hispânicos.
Salve Jorge (2012), ao ser exportada, trocou a referência ao santo para dar destaque à heroína Morena (Nanda Costa). Em inglês, a novela foi chamada de Mulher Corajosa; em espanhol, A Guerreira. Em Família (2014) também focou a protagonista e virou A Sombra de Helena, referência à personagem de Julia Lemmertz.
O sucesso Cheias de Charme (2012) foi exportado para os EUA como Garotas Cintilantes; em espanhol, as Empreguetes viraram Encantadoras. Também escrita pela dupla Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, a fracassada Geração Brasil (2014) mudou de nome para se tornar um inexplicável Homem Novo no mercado hispânico.
O remake de Guerra dos Sexos ganhou o curioso título de Briga ou Amor? na versão hispânica
A lista de novelas que também não foram bem de audiência e ganharam títulos bem diferentes inclui: A Lei do Amor (2016), que virou Sombras do Passado; Babilônia (2015), que se transformou em Mulheres Ambiciosas; e o remake de Guerra dos Sexos (2012), chamado no exterior de Briga ou Amor?.
Uma curiosidade fica por conta de Morde & Assopra (2011). No mercado hispânico, a novela foi vendida como Dinossauros e Robôs, título que originalmente batizaria a obra de Walcyr Carrasco no Brasil até que ela foi renomeada antes da estreia.
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