SEM QUÍMICA
Divulgação/AMC
Aaron Paul (à esq.) e Bryan Cranston em Breaking Bad; série completa dez anos amanhã
JOÃO DA PAZ
Publicado em 19/1/2018 - 5h27
Série mais aclamada da história, com nota 99 numa escala de até 100 no Metacritic e selo de reconhecimento do Guinness Book, Breaking Bad completa dez anos neste sábado (20). Antes de arrebatar 16 prêmios Emmy, o drama foi rejeitado por quatro canais diferentes e só teve Bryan Cranston como protagonista porque não conseguiu nenhuma outra opção.
A produção passou por perrengues na primeira temporada: como não tinha dinheiro para contratar figurantes, teve de apelar a pessoas dos bastidores para aparecerem em algumas cenas. A história também seria ambientada na Califórnia, em uma cidade conhecida pelo consumo de metanfetamina, mas foi transferida para o deserto do Novo México porque recebeu incentivos fiscais mais vantajosos.
Em cinco temporadas e 62 episódios, Breaking Bad contou a história do professor de química Walter White (Cranston), um homem correto que decidiu produzir e vender metanfetamina após ser diagnosticado com um câncer na garganta. Ele tinha a ajuda de um de seus ex-alunos, Jesse Pinkman (Aaron Paul).
Confira cinco curiosidades sobre Breaking Bad no aniversário da série:
Até a HBO rejeitou
Canal nanico da TV paga norte-americana, o AMC acreditou em Breaking Bad após a série ser recusada por outros quatro canais; entre eles, a HBO. Em entrevista ao site Emmy TV Legends, o criador da trama, Vince Gilligan, afirmou que a apresentação do projeto para a HBO foi a pior experiência da sua carreira. "[Durante a reunião,] a pessoa que nos ouviu não poderia ter mostrado menos interesse", contou.
Na mesma semana, Gilligan se encontrou também com executivos da TNT. O canal até ficou animado, mas queria trocar a profissão de Walter White para contraventor. O Showtime e o FX, que tinham receio de saturar seus telespectadores com muitas tramas protagonizadas por anti-heróis, também reprovaram Breaking Bad.
O AMC encontrou espaço em sua grade entre várias reprises de filmes. O resultado? Foram 16 vitórias no Emmy, duas delas como melhor série dramática.
reprodução
Nada de Bryan Cranston: Matthew Broderick era a primeira opção para interpretar Walter White
Terceira opção
O AMC comprou a história de Breaking Bad, mas queria um ator de peso para viver Walter White. A primeira opção do canal era John Cusack (Alta Fidelidade). Depois de levarem um fora do ator, tentaram Matthew Broderick (Curtindo a Vida Adoidado), mas também não deu certo. Gilligan decidiu interferir na escalação e jogou na mesa o nome de Bryan Cranston (os dois já tinham trabalhado juntos em Arquivo X).
Os executivos do canal não curtiram muito a ideia, pois enxergavam em Cranston um ator de comédia. "Ainda tínhamos em mente a imagem dele raspando os pelos do corpo em Malcolm in the Middle", revelou um diretor do AMC ao Hollywood Reporter.
A diretoria chegou a perguntar para o produtor se não havia outra pessoa, qualquer uma, para fazer o piloto. Giligan confiou em sua aposta, o primeiro episódio foi filmado e os homens de terno se convenceram de que Cranston era o cara certo.
Baixo orçamento
A primeira temporada de Breaking Bad foi cheia de problemas. Devido à greve dos roteiristas de 2007, foram produzidos apenas sete dos nove episódios originalmente programados. O orçamento era baixíssimo e, mesmo com uma temporada mais curta, toda a equipe teve de se virar nos 30 para que os episódios ficassem bons.
O dinheiro era tão escasso que a produção não tinha condições sequer de contratar figurantes para cenas banais. A solução foi trazer pessoas dos bastidores para a frente das câmeras.
Em uma cena marcante, quando Walter White acompanha o agente Hank Schrader (Dean Norris) em uma ação contra o tráfico de drogas, a produtora-executiva Melissa Bernstein se apresentou como voluntária para ser uma estudante mostrada no fundo de um ônibus escolar.
divulgação/amc
O ator Bryan Cranston observa estrada de Albuquerque: cidade virou um personagem na série
Breaking Bad na Califórnia
Uma das principais características de Breaking Bad são as belas imagens da seca e ensolarada Alburquerque, maior cidade do Estado do Novo México. Mas a ideia inicial de Gilligan era ambientar a trama em Riverside, município da Califórnia conhecido por ser a capital mundial da metanfantemina nos anos 1990 e 2000.
O motivo da mudança de localidade foi simples: incentivos fiscais. A oferta de Albuquerque foi mais atraente para a produção. O resultado final acabou satisfatório para ambas as partes: Gilligan e seus diretores usaram e abusaram de movimentos ousados de câmera ao registrar as peculiares paisagens da cidade, que viu US$ 1 milhão (R$ 3,2 milhões) ser injetado na economia local a cada episódio produzido.
Morley ou Marlboro?
No mundo de Breaking Bad, a marca fictícia de cigarros Morley é a mais popular entre seus personagens. O drama adotou a brincadeira de mascarar o cigarro Marlboro, conhecido nos Estados Unidos como Marley, como uma homenagem a filmes antigos de Hollywood.
A paródia Morley vem de longa data no cinema, com direito à aparição no filme Psicose (1960), de Alfred Hitchcock. Gilligan viu a marca ser usada em profusão em Arquivo X, na época em que era um produtor-assistente. A grife fake era a companhia inesperável do fumante inveterado Canceroso, vivido por William B. Davis.
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