Luto
Reprodução/Band
José Luiz Datena chorou ao anunciar a morte do amigo Ricardo Boechat nesta segunda (11)
REDAÇÃO
Publicado em 11/2/2019 - 14h15
Coube ao jornalista José Luiz Datena a difícil missão de anunciar ao vivo a morte de Ricardo Boechat, âncora do Jornal da Band. Datena entrou num plantão na emissora por volta das 13h50, muito emocionado, e comunicou que o amigo havia morrido em um acidente de helicóptero, no cruzamento da rodovia Anhanguera com o Rodoanel, na zona oeste de São Paulo. Datena não conseguiu segurar o choro e homenageou Boechat.
"É com profundo pesar, nesses meus quase 50 anos de jornalismo, que cabe a mim informar que o maior âncora da TV brasileira, Ricardo Boechat morreu hoje num acidente de helicóptero no Rodoanel, aqui em São Paulo. Foi a Campinas para uma palestra. O helicóptero em que ele estava não chegou ao seu destino, que era o heliponto da Band. Bateu num caminhão, ele morreu na hora", disse.
A notícia já circulava na redação do jornalismo da Band desde antes das 13h. As pessoas não conseguiam falar com Boechat por telefone e choravam, consternadas. Na Globo e na Record, jornalistas também ficaram emocionados. Maria Beltrão disse no Estúdio i, da Globonews, que todos estavam devastados por lá.
"Com respeito às famílias enlutadas, jamais pensei que fosse dar essa informação. Mas infelizmente é essa a notícia. Nós vamos tomar conhecimento de tudo o que aconteceu, as redes vão estar abertas a essa informação. Era facilmente o maior jornalista do país, pela sua coragem, sua forma de combater a corrupção, combater as injustiças, era hoje uma das grandes referências da história do jornalismo brasileiro", falou Datena na Band.
Amigo pessoal de Boechat, ele deu um longo depoimento em homenagem ao âncora, que apresentava o Jornal da Band e o Jornal BandNews, na rádio BandNews FM. Datena ficou com a voz embargada e chorou ao falar sobre o legado e o caráter de Boechat.
Confira o depoimento de Datena na íntegra:
"Eu confio muito nos desígnios de Deus, mas num momento como esse a gente se pergunta se essa é a forma de terminar sua história nesse plano. [Boechat] Deixa sua obra, independência, amizade. Ele não era só benquisto por vocês que acompanham, ele era amado pelas pessoas internamente. Eu admirava a forma com que ele tratava e era tratado pelas pessoas, todos iguais.
É uma pena informar isso, uma dor tão profunda que é difícil explicar em palavras. Já falei tanto minha vida inteira, e num momento como esse não tem muito o que dizer a não ser comunicar essa notícia profundamente triste. É como se eu, como se nós, perdêssemos um ente querido. Pra nós era muito querido mesmo, uma pessoa especial, não era só um jornalista rigoroso. Era um cara que saía pra jogar bola com a molecada aqui, fazia churrasco, festa com os meninos que ficam atrás das câmeras, da mesma forma que falava com poderosos da política, da imprensa.
Ele sempre foi poderoso, mas tinha o poder que poucos poderosos têm. Ele tinha o dom do amor. Eu já vivi momentos muito difíceis da minha vida, de pessoas que eu perdi. Mas esse, podem ter certeza, é um dos piores momentos da minha vida, da minha carreira. A gente fica pensando até que ponto realmente vale a pena. Até que ponto a vida é legal.
Mas se o Boechat estivesse aqui, diria que a vida vale a pena pra caramba, em todos os seus minutos, segundos, frames. Pra ele sempre valeu. Ele sempre usou o tempo que teve, o espaço, de uma forma honesta, correta e verdadeira. Por isso, mais do que deixar os sentimentos para a família do Boechat e a família brasileira que o recebia todos os dias, é uma vida eterna que fica através de sua obra.
A gente já mostrou muitos acidentes no Rodoanel. É tão insólito, tão impensável isso. De repente acontece com um irmão da gente. Tem que usar aquela velha frase de sempre: a vida continua. Mas vai ser tão difícil continuar sem você"
Assista ao vídeo:
Ricardo Boechat morre em queda de helicóptero em São Paulo. pic.twitter.com/dE4ydLKhIB
— Jornal da Band (@jornaldaband) 11 de fevereiro de 2019
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