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RENAN DE SOUZA

CNN Brasil é condenada a pagar R$ 50 mil a jornalista por frase racista: 'Coisa de preto'

Reprodução/Instagram

Renan de Souza tem expressão séria em bancada da CNN Brasil

Renan de Souza durante sua passagem pela CNN Brasil; ele alega ter ouvido frase racista do chefe

LUCIANO GUARALDO e LI LACERDA

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 11/9/2024 - 15h27

A CNN Brasil foi condenada a pagar R$ 50 mil de indenização por danos morais ao jornalista Renan de Souza, que trabalhou no canal de notícias entre 2020 e 2022. Ele alegou no processo que ouviu uma frase racista do então editor-chefe Asdrúbal Figueiró Júnior, durante uma discussão na edição de uma reportagem sobre o assassinato do norte-americano George Floyd (1973-2020). "Isso é coisa de preto", teria reclamado o superior. Em nota, a CNN Brasil afirma repudiar qualquer tipo de ato que remeta ao racismo. Ainda cabe recurso.

Na ação, Souza relatou que teria discordado de um corte proposto por Figueiró para a matéria, alegando que ele não passaria a imagem correta do que teria ocorrido com Floyd, homem negro que foi sufocado até a morte por um oficial branco durante uma ação abusiva da polícia norte-americana. "Você está dizendo isso porque é preto, está querendo defender preto, e você não entende nada de racismo", teria rebatido o editor-chefe.

Uma testemunha ouvida no processo confirmou que ouviu Figueiró aumentando o tom com Souza e dizendo "isso é coisa de preto" e "vocês estão querendo defender preto". Ela ainda disse que o jornalista teria ficado abalado e até chorando após a discussão com o superior. Asdrúbal Figueiró Júnior nega ter feito qualquer comentário de cunho racista.

Renan de Souza chegou a perder o processo em primeira instância, mas virou o jogo na segunda. O desembargador Paulo José Ribeiro Mota, relator do caso, concedeu ao jornalista a vitória por danos morais por assédio e racismo.

No entanto, Mota rejeitou outras solicitações do recorrente, que também pedia equiparação salarial com outros profissionais mais experientes da CNN Brasil, como Lourival Sant'anna e Marcelo Favalli, além do pagamento de acúmulo de funções, horas extras, intervalos intrajornada não cumpridos integralmente, e domingos e feriados. Também negou a rescisão indireta de Souza, já que seu desligamento do canal de notícias ocorreu dois anos após a discussão.

Em nota ao Notícias da TV, a CNN alegou que é contrária à discriminação e ressaltou que a Justiça não apontou racismo estrutural em sua decisão favorável ao ex-funcionário. "A CNN Brasil repudia veementemente qualquer ato que remeta a racismo ou qualquer outro tipo de discriminação."

"A CNN Brasil normalmente não comenta decisões ainda passíveis de recurso, como esta. No entanto, a empresa esclarece que a decisão de segunda instância confirmou todos os elementos improcedentes da sentença de primeira instância, exceto um. O Tribunal, de forma unânime, confirmou que não houve discriminação nem racismo estrutural e, em decisão não unanime, concedeu ao ex-colaborador uma indenização por danos morais em razão de um único episódio de desentendimento com outro ex-colaborador, que não faz parte do quadro da empresa há quase dois anos."

À Veja, Asdrúbal Figueiró Júnior negou ter proferido as frases de cunho racista e disse que sequer foi chamado para depor no processo. "Não fui citado nem ouvido no processo trabalhista contra meu ex-empregador. Não usei nenhuma das frases atribuídas a mim, nem nunca usei nenhuma expressão com conotação racial em discussões de trabalho."

"No episódio em questão, meu argumento era que, sim e obviamente, deveríamos usar a imagem do policial ajoelhado no pescoço de George Floyd na reportagem, mas que ela não deveria ficar muito tempo ininterruptamente no ar. É uma imagem angustiante, de uma pessoa sofrendo, agonizando."

"Em nenhum momento pedi que o editor não destacasse o componente racial da violência policial na história, ao contrário. A reportagem foi um dos destaques dos jornais da CNN Brasil naquela noite, e eu fui um dos coordenadores da extensiva cobertura que a CNN Brasil fez do caso e dos protestos que se seguiram, enviando repórteres a várias cidades dos EUA onde as manifestações ocorreram e entrando com a programação pela madrugada", finalizou.


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