Cléber Machado é demitido da Globo sem despedida nem homenagem: por quê?

A demissão de Cléber Machado após 35 anos da Globo levantou uma questão entre fãs e telespectadores: por que ele, um dos principais narradores da emissora nas últimas décadas, saiu sem uma despedida decente? A pergunta veio à tona após a informação ser publicada em primeira mão pelo Notícias da TV, no início da noite de quarta (22). Ao contrário de outros astros veteranos dispensados pela emissora, o jornalista de 60 anos não recebeu homenagens na TV nem mesmo longos comunicados pelo seu tempo de serviços prestados.

O comportamento da área esportiva da Globo em casos de demissão explica a saída sem grandes "honras". Além disso, a relação interna da empresa com o narrador nos últimos anos também indicava um desgaste.

JOSÉ OCCHIUSO

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Desde 2019, quando a direção de Esporte mudou e as decisões passaram a ser centralizadas no Rio de Janeiro, era nítido que Cléber Machado, o principal nome de São Paulo, havia perdido espaço em transmissões e até mesmo em programas. 

Não são raros os comentários do público de que havia uma predileção da Globo em relação a Luís Roberto, que se assegurou como a principal voz das transmissões após a mudança de status no contrato de Galvão. Luís comandou as três últimas finais de Copa do Brasil e já fazia os duelos da Seleção Brasileira quando Bueno precisava se ausentar.

A Globo vive um momento de reformulações em seu esporte. Nesta semana, a empresa dispensou o narrador Jota Júnior, veterano de 72 anos que estava na líder de audiência desde 1999. Os ex-árbitros Sandro Meira Ricci e Fernanda Colombo também foram demitidos por conta do fim do quadro Central do Apito, criado em 2018. 

Globo não tem histórico de homenagem

Na empresa, as despedidas e homenagens feitas para jornalistas como Chico Pinheiro e Carlos Tramontina, citando exemplos de outros nomes ligados a São Paulo, foram criadas pelo departamento chefiado por Ali Kamel.

Por respeito, o diretor-geral de Jornalismo da emissora sempre faz homenagens públicas em longa carta para colegas. Para o executivo, é uma forma de consideração a um empregado que prestou sua credibilidade durante décadas para a líder de audiência.

No entanto, o expediente usado no Esporte costuma ser diferente. Na área, despedidas são mais exceção do que regra. Nos últimos anos, apenas três casos de homenagens para grandes nomes esportivos aconteceram.

A mais recente e marcante foi o encerramento do clico de Galvão Bueno como narrador de TV aberta durante a Copa do Mundo do Catar. Ele recebeu depoimentos de amigos e teria até um Bem, Amigos! de adeus --que foi cancelado por conta de um teste positivo para a Covid-19 antes do Mundial.

Quem também foi homenageado recentemente, mesmo sem demissão, foi Léo Batista --que ganhou especiais no Esporte Espetacular pelo seu aniversário de 90 anos.

Galvão e Batista são considerados os maiores baluartes esportivos da Globo em toda a história. Não homenageá-los não pegaria bem para a imagem da empresa.

Recentemente, nomes como Glenda Kozlowski, Marcos Uchôa e Tino Marcos, que também marcaram época na Globo, saíram sem grandes homenagens --apenas com notas enviadas para a imprensa. Outro ponto que explica a falta de despedidas públicas para Cléber Machado foi a relação interna recente com o narrador.

Com Cléber, a despedida também aconteceu por meio de uma nota enviada ao Notícias da TV. Veja abaixo:

"O vínculo fixo de Cléber Machado com a Globo chega ao fim, mas as portas da empresa continuam abertas para novos projetos no futuro. Nos últimos 35 anos, Cléber Machado narrou grandes momentos do esporte brasileiro na Globo.

Sua história profissional se mistura à história do esporte da Globo e, além de futebol, automobilismo, basquete, vôlei, atletismo, entre outras modalidades, ele mostrou versatilidade ao atuar também como apresentador e comentarista em programas da TV Globo e do SporTV e ao ancorar transmissões de desfiles de Carnaval.

Grande profissional, Cleber esteve presente nos principais eventos esportivos nacionais e internacionais ao longo das últimas décadas e contribuiu para alimentar a paixão do brasileiro pelo esporte, especialmente o futebol".