Christiane Torloni não teve paz com espíritos durante A Viagem: 'Pediu licença?'

Os primeiros meses de gravação de A Viagem (1994) foram conturbados para Christiane Torloni, intérprete de Diná na novela espírita. Quadros cairam, campainhas tocaram e barulhos estranhos a incomodaram no meio da noite, num apartamento antigo onde ela morava provisoriamente. Os espíritos só deixaram o local em paz após a família de Wolf Maya, seguidora da doutrina espírita, fazer uma oração pedindo licença para a realização da novela.

A atriz relatou o episódio no Conversa com Bial desta sexta (11), dedicado aos 30 anos da exibição da novela. Antonio Fagundes, que deu vida a Otávio Jordão, estava junto da colega. Os dois falaram de outros projetos --inclusive  Dois de Nós, peça de teatro que estrelam juntos em São Paulo, mas deram ênfase a trama de Ivani Ribeiro (1922-1995).

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Christiane havia acabado de voltar ao Brasil quando a trama teve início. Asilada em Portugal desde a morte do filho, Guilherme, a atriz só aceitou fazer a novela porque pensou se tratar de uma comédia. Wolf Maya a enganou para que ela fizesse parte do elenco --sabia que ela não aceitaria o convite caso soubesse que era um drama. 

A artista, ainda sem saber de nada, se mudou às pressas para um apartamento antigo. Ela começou as gravações e entendeu do que se tratava, mas não desistiu do projeto. O problema é que os espíritos começaram a dar as caras no apartamento em que ela morava. 

"Sabe quando tinha aqueles botõezinhos que você apertava e ia na cozinha, baixava onde que estava chamando? E chegava de noite, no começo das gravações, a casa não ficava em paz.  Eu estava morando sozinha e ficava apitando. Quarto 1, quarto 2... Caía coisa na sala. Eu nunca fui uma pessoa impressionável. A casa da minha avó, era uma casa antiga, e eu não tinha medo", explicou ela.

"Aí um dia eu liguei pro Wolf, que é de uma família espiritualista muito tradicional de Goiás, e falei: 'Wolf, a gente pediu licença para fazer esse trabalho?' Porque eu acredito nessas coisas, quando você vai lidar com coisas que são reais, mesmo, você tem que fazer uma mentalização (...) Eu falei: 'Precisa fazer alguma coisa, eu estou tão cansada, cara. Chega na hora de dormir a casa vira...'"

Pedro Bial perguntou se quadros caíam. "Sim, essas coisas.  E aquilo começou a me incomodar, mais do que assustar", definiu ela. "E o que foi feito?", questionou o entrevistador. "Eles fizeram um encontro lá numa casa dos espíritos, para variar, né, e eu fiquei quietinha em casa, eles oraram lá, eu me concentrei. Parou", revelou.

Meses depois, a atriz começou a ler cartas que recebiam dos fãs. E descobriu que, durante todo o tempo que estava sendo atormentada, foi tranquilizada por mensagens psicografadas.

"Quando chegou mais ou menos do meio para o final da novela, que eu só estava entre o céu, e o inferno, e a Terra, mas a vida ficou mais calma... A maioria eram cartas psicografadas. Dizendo: 'Se acalma, está tudo bem, esse trabalho precisa ser feito, vai confortar as pessoas. Vocês estão confortando as pessoas", narrou.

O titular do programa perguntou se ela respondia as mensagens. "Eu orava, que é a ferramenta que a gente tem", disse. E Christiane acredita fielmente no que as cartas diziam. "A Viagem é um antídoto para dor. Foi para mim. Passou por mim".