ENTREVISTA EXCLUSIVA!
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Buddy Valastro posa com bolo que fez para celebrar aniversário de cassino em Las Vegas
O confeiteiro Buddy Valastro é um fenômeno de mídia, e seu sucesso nos Estados Unidos rapidamente se estendeu para o Brasil --não foi à toa que, em 2014, ele literalmente parou o trânsito da marginal Pinheiros quando realizou um evento para fãs no shopping Eldorado. Dono de um império milionário, que inclui programas de TV e dezenas de lojas pelo mundo, ele não deixa o sucesso subir à cabeça. Faz questão de colocar a mão na massa e alega trabalhar 18 horas por dia para manter as encomendas em dia. "Tenho até uma cama no meu escritório", conta.
Depois de 15 anos como astro nos canais da Discovery, onde ficou famoso com o programa Cake Boss (2009-2020), ele vai migrar para o Lifetime com o reality Cake Dynasty, que estreia na próxima segunda-feira (11).
O formato é uma extensão do que ele já fazia na "casa" anterior, mas agora com mais foco em seus quatro filhos, Sofia, Buddy Jr., Marco e Carlo --que apareciam pouco nas atrações anteriores, por uma precaução de Valastro.
"Nós sempre mantivemos meus filhos longe das câmeras. Eles até apareciam um pouco, mas o foco não estava neles. Eu queria que fosse uma decisão deles, sempre quis protegê-los de qualquer coisa. Mas, conforme eles foram ficando mais velhos, passaram a pedir por isso", aponta Buddy, em conversa exclusiva com o Notícias da TV direto da fábrica conceito que inaugurou há cinco meses na Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo.
A expansão da marca Carlo's Bakery pelo mundo é celebrada pelo chef, que por pouco não precisou abandonar a confeitaria de vez: em setembro de 2020, um acidente doméstico enquanto jogava boliche em sua pista particular machucou sua mão de maneira tão grave que Valastro pensou que nunca mais conseguiria fazer um bolo ou decorá-lo. "Eu fiquei muito preocupado", admite.
Quatro anos depois, ele diz que ainda não se recuperou totalmente: "Acho que estou por volta de 95%, mas consigo fazer tudo o que fazia antes. Considerando a gravidade do que ocorreu, é uma bênção".
Confira a entrevista exclusiva com Buddy Valastro:
NOTÍCIAS DA TV - Quinze anos se passaram desde que você começou a aparecer na televisão. Agora, em Cake Dynasty, você mostra mais de sua família, dos seus filhos. O que fez você decidir que era hora de eles estarem na televisão também?
BUDDY VALASTRO - Quando comecei o Cake Boss, anos atrás, nós sempre mantivemos meus filhos longe das câmeras. Eles até apareciam um pouco, mas o foco não estava neles. Eu queria que fosse uma decisão deles, sempre quis protegê-los de qualquer coisa. Mas, conforme eles foram ficando mais velhos, passaram a pedir por isso.
Então, nós nos sentamos, tivemos uma conversa em família. Eu e minha mulher [Lisa Valastro] dissemos: "Isso é algo que vocês querem mesmo?". Eles falaram que sim, então concordamos, como uma família, a abrir as nossas portas e mostrar como nossa vida é de verdade. Não só nos negócios, mas em casa e em todo o resto!
Também é uma oportunidade de eu mostrar mais do que eu faço do que só os bolos. Porque eu gerencio um negócio, você sabe. Nós vendemos bolos em supermercados, nós vendemos um monte de coisas diferentes. Então, era uma chance de divulgar melhor tudo o que fazemos. E de ensinar aos meus filhos algumas lições valiosas, não só nos negócios, mas também na vida.
Vocês impuseram algum limite para o que a série pode mostrar e o que vocês desejam manter em particular? Ou, quando você decide expor sua vida na TV, é para expor tudo mesmo?
Bem, nós não temos nada muito ruim para esconder (risos). Como toda família, às vezes nós discordamos em algumas coisas. Mas, na verdade, nós nunca brigamos. Nós fazemos muitas brincadeiras uns com os outros, e acho que o público entende isso e gosta.
Mas a coisa principal, o que eu quero que as pessoas vejam, é que, apesar de meus filhos terem uma vida abençoada, porque nós somos muito afortunados em vários sentidos, eles continuam humildes e trabalham duro.
Eu também sigo trabalhando duro mesmo depois de todos esses anos e de tudo o que já consegui. Acho que muita gente não acreditaria se eu contasse o quanto eu me esforço. E acho que por isso que as pessoas gostam do conteúdo que eu produzo, porque sabem que é autêntico. O que você vê na TV é o que acontece na vida real. E poder fazer isso com meus filhos agora tem sido muito incrível.
divulgação/lifetime
Buddy com a mulher, Lisa, e os quatro filhos no Cake Dynasty
O fato de o programa ter Dynasty [Dinastia, em inglês] é tão apropriado, porque realmente é uma dinastia dos bolos. Você é da quarta geração de uma família de confeiteiros, e agora seus filhos vão continuar o negócio. No Brasil, nós somos muito voltados para nossas famílias, você acha que é por isso que seus programas fazem tanto sucesso por aqui?
Eu sei que é por isso que as pessoas me abraçaram tanto. De verdade. Acho que os brasileiros são muito emotivos, mas de um jeito bom, de um jeito verdadeiro. Se estão tristes, vocês choram; se estão felizes, riem. E acho que eu também sou assim, e o público vê isso em mim e sente que é real.
Tem sido uma jornada muito boa poder fazer isso e ver meus filhos também. E, olha, eu não sei o que a próxima geração da família Valastro vai fazer. Não sei se eles vão querer continuar nos negócios ou se vão elevar a empresa para um outro patamar. Não sei qual será o resultado...
Mas acho que isso é interessante, as pessoas vão querer saber o que vai acontecer. Quem vai assumir a empresa? Quem vai fazer o quê? E vocês vão ver isso no decorrer da temporada. Uma coisa de que podem ter certeza é que não vou entregar para os meus filhos de mão beijada só porque são meus filhos. Nem que vou escolher o Buddy Jr. como meu sucessor por ser o homem mais velho.
Eu vou colocar a pessoa mais qualificada para assumir os negócios. Se for minha filha, se for um dos meus filhos, se não for nenhum deles... Eu fiz uma promessa para os meus pais de que eu faria o melhor para a confeitaria e para a família. E fazer os testes com meus filhos cria uma dinâmica interessante.
Então é como Succession [2018-2023], mas sem as traições e as chantagens da família Roy...
Exatamente (risos). E, tem uma coisa engraçada. Eu não quero soar arrogante, mas eu sou um cara único. Cada um dos meus filhos tem uma habilidade única, e se você combinar todos eles, sou eu. Minha filha Sofia é a mais criativa, boa com a decoração dos bolos, é uma sonhadora. Buddy Jr. é focado; não importa o obstáculo, ele consegue o que quer. Marco é o vendedor. E Carlo é o cérebro da família, o inteligente.
Quando você coloca todos juntos, eles precisam uns dos outros, e é importante para mim mostrar a eles que as pessoas com quem você mais pode contar são as da sua família. Eles precisam confiar uns nos outros e nos seus atributos individuais. Se você é bom nisso, é isso que você vai fazer. Se você é bom naquilo, vai fazer aquilo.
Você mencionou que continua trabalhando todos os dias. Eu sei que a primeira coisa que você faz quando acorda é ir até a confeitaria e preparar bolos. Mas você chegou a um patamar da sua vida em que poderia apenas curtir suas conquistas e pagar alguém para administrar tudo para você.
Bem, eu posso, mas não posso (risos). Estamos em um estágio da empresa em que eu preciso estar lá. Espero que, daqui a alguns anos, talvez eu não precise mais estar tanto. Mas acabamos de fazer uma reforma enorme na fábrica, tem uns três meses. E, nos últimos três meses, seis dias por semana, eu trabalho lá 18 horas por dia. Durmo no meu escritório, tenho até uma cama lá. Não é algo que eu vou ficar divulgando, não vou mostrar isso na TV.
Mas, como tivemos que fechar durante cinco semanas [para a reforma], precisamos correr contra o tempo para colocar os pedidos em dia. Então, eu fico lá das primeiras horas da manhã até o fim da noite. E, quando os funcionários me veem fazendo isso, eles criam um respeito maior por mim.
Até agora, comigo aqui no Brasil, eu estava no telefone com a equipe, ajustando tudo o que precisamos fazer ao longo do dia. Eles me mandam vídeos perguntando sobre a textura e a aeração do buttercream.
O que eu mudei no meu trabalho é que não foco mais tanto em criar bolos gigantes, a questão agora é como fazer 25 bolos por minuto. Quais os processos e os procedimentos para que isso aconteça. É tão difícil quanto fazer um bolo gigante, mas de uma maneira diferente. E a única maneira de aperfeiçoar o processo é me envolver em cada etapa. Então, eu estou na fábrica com a equipe, sujando as mãos, fazendo tudo. E aí, você ganha o respeito dos seus funcionários.
Você deixa de ser apenas um chefe e se torna o líder...
Exatamente. Eu sou o líder. Um general que vai para o campo de batalha com seu exército é muito diferente daquele que fica apenas no quartel-general determinando os próximos ataques. E eu espero que meus filhos sejam assim também.
Buddy, quando você teve o acidente na pista de boliche, chegou a pensar que poderia ser o fim da sua carreira?
Sim. Eu fiquei preocupado. Muito preocupado! Agora, eu já recuperei a firmeza da minha mão, mas ainda preciso fazer mais uma cirurgia para desentortar esse dedo [o do meio]. Mas, considerando o que aconteceu e onde eu estou hoje? É inacreditável.
Foi meu filho Buddy que precisou cortar o equipamento de boliche para me libertar. Ele serrou um pedaço da estrutura, porque eu estava preso. Isso aconteceu em setembro [de 2020], e eu fiquei muito preocupado até fevereiro [de 2021]. Naquela época, eu estava imobilizado, já tinha feito quatro cirurgias, mas ainda não conseguia apertar meus dedos.
E a médica me disse: "É o tecido da cicatriz que precisa curar. Na última cirurgia, eu vou soltar os tendões e você vai poder mover sua mão novamente". Eu nunca vou esquecer o dia depois da cirurgia, em que ela tirou o gesso e falou: "Agora aperte sua mão". E eu pensei: "Ah, graças a Deus". Foi o momento em que eu soube que tudo ficaria bem. Acho que estou por volta de 95%, mas consigo fazer tudo o que fazia antes. Considerando a gravidade do que ocorreu, é uma bênção
E você voltou a jogar boliche depois disso?
Sim, claro (risos). Olha, o que aconteceu... Eu sou propenso a mexer em coisas mecânicas, quando estou na fábrica, aperto todos os botões, sei o que cada equipamento faz. Então, eu já tinha mexido naquela pista de boliche um milhão de vezes antes do acidente.
O que aconteceu foi que um pintor tinha pintado a pista e, quando ele acabou, ele não colocou o sensor de volta. Quando a bola passa pelo sensor, ele reinicia os pinos. Mas, ali, a bola passou pelo sensor e nada de reiniciar. Outra bola, e nada aconteceu. E eu não percebi que era porque ele não tinha recolocado o sensor.
Eu já tinha mexido muito no maquinário da pista, porque os pinos ficam presos, são coisas que acontecem. Então, eu sabia o que precisava fazer. Mas eu olhei rapidamente para o lado errado e a máquina pegou minha mão. Foi minha culpa, não da máquina.
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