NAS REDES SOCIAIS
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
William Bonner e Marcos Mion falaram ao Fantástico sobre uso indevido de suas imagens
Artistas da Globo declararam guerra a anúncios fake compartilhados na internet. Neste domingo (17), uma reportagem do Fantástico expôs o problema, que aflige de William Bonner a Marcos Mion. Segundo a revista eletrônica, só na Meta (responsável por Facebook e Instagram), foram identificados 7.618 propagandas fraudulentas que envolviam contratados da emissora.
Nas montagens, Bonner aparece "vendendo" produtos contra a calvície que "causam furar na Redação da Globo", enquanto Mion ficou frustrado ao se deparar com um anúncio em que promove uma "cura milagrosa" para o autismo --o filho mais velho do apresentador, Romeo, está no espectro.
"É um vídeo de uma baixeza... Eu sou uma cara que luta tanto pela conscientização do autismo. Então usar a minha imagem, com a minha voz, minha boca mexendo, para tratar o autismo como doença e, pior ainda, vendendo uma cura milagrosa, que não tem princípio médico", reclamou Mion.
Luciano Huck (que aparece em montagens nas redes sociais como se tivesse sido preso), Pedro Bial, Sandra Annenberg e até o doutor Drauzio Varella também deram seus depoimentos à revista eletrônica, que lembrou ainda um desabafo de Ana Maria Braga ao vivo no Mais Você.
Segundo os entrevistados, além da dor de cabeça de ter sua imagem usada ilegalmente para fraudes, há uma extra, que é lidar com a falta de cooperação das plataformas. "Não acontece nada. Quando vem resposta, vem: 'Não, isso não configurou nenhum abuso, nenhuma violência às nossas normas'. Mas como assim? Então as normas da plataforma estão acima da lei?", disse Bial.
"Eu fiquei uma, duas, três, quatro, cinco, seis semanas avisando: 'Gente, vocês não vão fazer nada?'. E ninguém... 'Não, regulação, não sei o quê, Estados Unidos'. Falei: 'Tá bom, então vamos à Justiça'", resumiu Huck. "As empresas das redes sociais não quebram o sigilo, eles não abrem, você tem que entrar realmente com processo", confirmou Mion.
De acordo com o Fantástico, o estudo dos anúncios que revelou as quase 8 mil fraudes envolvendo artistas ou empresas ligados à emissora se resumiu à Meta porque outras plataformas não permitem acesso às propagandas promovidas em suas redes.
Quase 80% dos anúncios fraudulentos (5.943) são ligados à saúde, o que causa mais uma preocupação. Drauzio Varella, por exemplo, é usado para "vender" remédios que prometem de tratamento antirrugas e efeitos similares do Viagra até a cura de problemas de articulação.
"Isso é um crime contra a saúde pública. As plataformas recebem dinheiro pra poder espalhar pela internet, ou ninguém ia ver. Então, elas são sócias desses estelionatários", , desabafou o médico. Como é que essas pessoas têm o direito de enganar a população vendendo pretensos remédios que não servem pra nada? Que a gente não sabe o que têm dentro? As pessoas vão comprar e tomar! E é golpe! E elas caem no golpe com a ajuda das plataformas."
"Se encontrar qualquer propaganda de remédio que eu tenha feito, é mentira, é golpe. Eu nunca faço, nunca fiz e nunca vou fazer", ressaltou Varella.
Bonner apontou o receio de, assim como já é usado para vender remédios --algo que ele não poderia fazer, por ser contratado do Jornalismo da emissora--, ter sua imagem e sua voz utilizadas em propagandas políticas. "Se usam a inteligência artificial para simular a venda de um produto qualquer, também podem usar para a venda de um político qualquer."
"O problema é que nessas redes sociais não tem filtro nenhum. O sujeito chega lá e quer anunciar o que quer que seja, ele anuncia. E quem tá do outro lado, na outra ponta, o consumidor que está ali passando o dedinho na tela do celular, ele é bombardeado por esse tipo de informação falsa, e ele vai ser lesado, ele vai ser induzido a erro."
As redes sociais alegam que o marco da internet de 2014 garante a liberdade de expressão. Mas o marco se refere à opinião, não aos anúncios. Não há lei específica para propagandas no Brasil. As imagens e os vídeos manipulados cometem crimes como uso indevido de imagem, produto falso e golpe financeiro. Mesmo assim, seguem sendo veiculadas pelas plataformas.
Em nota, a Meta afirmou que não permite anúncios que promovam atividades fraudulentas em suas plataformas, que revisa conteúdos por meio da combinação de inteligência artificial e equipes humanas e que os remove quando são constatadas violações das políticas da empresa. O X (antigo Twitter) não retornou os contados da reportagem.
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