TERRA DE NINGUÉM
Reprodução/X
Montagem com Luciano Huck em anúncio veiculado no X; apresentador vai processar rede social
Luciano Huck está revoltado com um anúncio que tem circulado nas últimas semanas no X (ex-Twitter). Nele, o apresentador da Globo aparece algemado, vestindo um traje de presidiário com listas brancas e verdes, escoltado por dois policiais. Na parte inferior do quadro, a manchete: "Sensacional escândalo atingiu os brasileiros; Luciano Huck; o que lhe aconteceu realmente depois de as câmaras se desligarem" (veja abaixo).
Trata-se, evidentemente, de uma montagem tosca, puro clickbait (caça-clique). O pior é que Huck já denunciou a farsa e o uso indevido de sua imagem diretamente à rede social de Elon Musk. No último dia 22, fez um post afirmando que a "imagem absurda e fraudulenta" é "golpe". Mas até agora não teve nenhuma resposta.
"É inacreditável, mas o X, o novo Twitter, perdeu o controle da sua própria plataforma. Há semanas estamos denunciando e pedindo apoio da empresa aos ataques de fake news e clickbaits que estamos sofrendo e nada acontece. Só nos resta a Justiça", disse Huck ao Notícias da TV.
Aparentemente, a cabeça do apresentador foi colada ao corpo de uma pessoa vestindo um uniforme de presidiário e sobreposta a uma cena de série ou filme. Mas Huck não tem certeza se a imagem de seu rosto é de uma foto real. "Tem cara de imagem gerada por inteligência artificial", diz. Sequer o uniforme deve ser de um presídio de verdade. Está à venda na internet como fantasia de Halloween por US$ 35 (R$ 172).
Luciano Huck tentou, mas não conseguiu identificar o responsável pelo anúncio, ao que tudo indica produzido no exterior (afinal, brasileiro não fala "câmaras"). Provavelmente, tem sido disparado no X por contas falsas, pois o usuário muda a cada vez que o banner aparece. Quem clica na imagem também vai parar cada vez em um lugar diferente.
Nos últimos dias, por exemplo, o link do anúncio levava para um site sueco de turismo, que dá dicas de como acampar com crianças e pets; para um site de entretenimento, com uma crítica mal escrita de um episódio de Silo (série do Apple TV+); e para o menu de um restaurante.
Todos esses textos são ilustrados com a imagem de Huck como presidiário, que não tem a menor relação com os temas. Também não faz o menor sentido os artigos serem escritos em inglês, quando o banner é dirigido ao público brasileiro. Por fim, intriga o fato de nenhum post ter anúncios, o que indica que pode ser uma armadilha para capturar dados de quem visita os sites.
O Notícias da TV tentou contato com o X, mas não obteve sucesso. A plataforma não tem mais assessoria de imprensa no Brasil. A mensagem enviada ao email de relações públicas nos Estados Unidos retornou apenas com a frase "Ocupado agora, tente mais tarde". E nada mais.
Luciano Huck, infelizmente, não é a única vítima famosa de anúncios falsos. Sua colega de Globo Ana Maria Braga vive sendo associada a produtos e profissionais que ela desconhece e que tampouco pagam para usar sua imagem. Assim como Ana Maria, Pedro Bial foi vítima de um anúncio que sugeria que ele tinha morrido. Quem clicava, ia para um site que anunciava produto para disfunção erétil.
Ultimamente, a tática dos picaretas tem sido usar imagens de pessoas famosas associadas às logomarcas de veículos de credibilidade, mas com "notícias" evidentemente falsas, que esses órgãos não veicularam.
Na semana passada, por exemplo, circulou no Notícias da TV um anúncio que que dizia que o empresário Luciano Hang, das lojas Havan, havia sido preso "após declarações chocantes ao vivo na televisão", imitando uma notícia do Valor Econômico. Tudo mentira.
O anúncio foi retirado do ar assim que detectado, e o anunciante, bloqueado. Esse tipo de publicidade não é contratada diretamente com o veículo, mas por meio de plataformas tecnológicas que não escolhem o site que querem atingir, mas o usuário (selecionado a partir de dados capturados na internet), por meio de leilões em tempo real.
Tal como a proliferação de fake news e de sites que reproduzem informações arduamente apuradas por terceiros de forma escandalosa, o uso de imagens de famosos em anúncios mal intencionados evidencia a necessidade de regulação das plataformas tecnológicas de comunicação. É urgente. Antes que deixemos de nos indignar com uma montagem de um apresentador falsamente algemado.
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