MICAEL BORGES
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Micael Borges participou do Domingão neste domingo (13) e explicou trauma da violência policial
Intérprete de Jefinho Sem-Vergonha em Fuzuê, nova novela das sete da Globo, Micael Borges participou do Domingão com Huck deste domingo (13) e revelou um trauma da violência policial nas comunidades. O ator, criado no Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro, confessou que passou anos sentindo os efeitos do abuso das autoridades mesmo depois de se mudar. "Sonhava que era baleado", disse.
O assunto surgiu porque Luciano Huck fez um longo discurso sobre mortes de crianças inocentes durante operações policiais nas últimas semanas. "Deixa só eu fazer uma reflexão, se vocês me permitem. Eu tava olhando o Micael aqui, lembrei dele ainda adolescente, atuando em Cidade de Deus [2002], foi a primeira vez que vi ele na tela", começou o apresentador.
"Antes de seguir o programa hoje, eu queria falar sobre um assunto que não dá para passar em branco, que não pode passar batido, que tem que gerar indignação em todos nós. Nesta semana que passou, um menino de 13 anos foi assassinado em Cidade de Deus aqui no Rio de Janeiro. Como disse Thiago Amparo, acho que na Folha de S.Paulo, a esperança da criança, em especial da preta e periférica, é permanecer viva, hoje em dia no Brasil. É muito pouco, mas nem isso a gente está conseguindo fazer", discursou.
"E como eu li essa semana, e concordo, uma sociedade que mata as suas crianças não é uma sociedade, é um cemitério de sonhos. A gente tem que se indignar, a gente tem que reagir, tem que se mobilizar para que, num futuro próximo, o sonho dessas crianças vire realidade. Que as famílias brasileiras, principalmente as mais pobres e periféricas, frequentem mais formaturas e menos velórios", finalizou o marido de Angélica.
Micael Borges, então, pediu a palavra para o apresentador do Domingão. "Eu queria falar mais uma coisa também. Antes de mais nada, meus sentimentos a todas as famílias que perderam seus familiares no meio dessas operações. Muita gente não sabe, mas eu sou criado na comunidade do Vidigal e já passei por várias situações", falou o ator.
"Eu tenho muitas coisas para falar, mas a gente precisa daquele filtro e de tomar cuidado com as nossas palavras. Mas a pergunta que eu sempre faço é: 'Será que quem manda acontecer essas operações coloca na balança o que pode acontecer?', 'Será que estão realmente atingindo seus objetivos?'. Porque, se o objetivo é matar inocentes, eles estão conseguindo", filosofou.
"E isso acontece desde quando eu morava lá no Vidigal. É muito doido, eu me mudei pra São Paulo, eu moro em São Paulo há dez anos, e durante muito tempo eu sonhava que era baleado. E aí eu fui entender que eu tinha trauma disso. Eu já tive vários amigos que foram baleados lá, já me joguei no chão várias vezes", lembrou o protagonista de Rebelde (2011).
"Então a gente tem que rever essa forma de eles lidarem, combaterem o tráfico nas comunidades", apontou Borges. "E dar oportunidade pra todas as crianças, independentemente de onde elas nasceram", complementou Luciano Huck. "Exatamente!", aprovou o ator.
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