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NILTON TRAVESSO

Após assalto, pioneiro da TV vai para os EUA trabalhar no primeiro filme

Reproduçã

Nilton Travesso em depoimento ao projeto Sonhar TV, que discute os rumos da televisão - Reproduçã

Nilton Travesso em depoimento ao projeto Sonhar TV, que discute os rumos da televisão

DANIEL CASTRO

Publicado em 9/5/2016 - 5h34
Atualizado em 9/5/2016 - 10h00

Um dos principais nomes da televisão brasileira, Nilton Travesso estudava cinema em 1952 quando foi fisgado pelo veículo que nascia no Brasil. Fez história na Record, na Globo, na Band, na Manchete e no SBT. Na última sexta, após 63 anos de carreira, ele se despediu temporariamente da televisão. Traumatizado com um violento assalto à sua casa, decidiu deixar a direção do Todo Seu, de Ronnie Von, e embarca hoje (9) para Los Angeles, onde vivem sua filha e seus netos. Vai passar um temporada trabalhando com o genro no roteiro de seu primeiro longa-metragem.

"Vou fazer um estágio lá [nos Estados Unidos]. Meu genro é diretor de criação e vai trabalhar no roteiro", diz, com humildade. Escrever e dirigir um filme é um sonho que Travesso guarda desde a juventude, quando cursava cinema no Museu de Arte Moderna de São Paulo. "Sempre tive vontade", conta. O primeiro longa será uma história emblemática para Travesso, que produziu e dirigiu quase 30 programas, de Família Trapo, na Record de 1960, ao Saia Justa, no GNT, até 2014, passando pelo Fantástico, que ajudou a implantar na Globo em 1974. 

Aos 81 anos, Travesso escolheu como seu "mais novo desafio" a versão cinematográfica Éramos Seis, que ele dirigiu como novela no SBT, em 1994, naquela que é considerada uma das melhores produções da rede de Silvio Santos. Por que Éramos Seis? "Porque foi uma novela que fiz no SBT e deu certo. É uma história que tem muito a ver com a cidade de São Paulo, todas as histórias se passam na praça Buenos Aires, na avenida Angélica, atravessa a Revolução de 1932. É uma história bonita. Gosto muito dela", simplifica.

Travesso ainda não sabe quando vai começar a filmar o longa _no Brasil. Sabe que há um longo caminho a percorrer antes, tem de ir atrás de aprovação na Ancine (Agência Nacional de Cinema) e de patrocinadores.

Sua viagem para Los Angeles não tem passagem de volta. "Estou me dando umas férias sabáticas", diz, embora continue vinculado à rádio Jovem Pan, onde supervisiona as transmissões de TV pela internet. 

O diretor conta que um fato desagradável "deu uma acelerada" na ideia de passar um tempo nos Estados Unidos trabalhando em seu primeiro filme. Ele acaba de passar por uma experiência traumática: teve sua casa invadida por ladrões. "Eles te amarram, levam tudo. O que juntamos em 60 anos, levaram em uma hora e meia", lamenta.

Travesso diz  que nem pensa em se aposentar da TV. Diz que deixou o Todo Seu, do "amigo de 50 anos" Ronnie Von, na TV Gazeta, com "dor no coração". "Mas não dava para continuar com o Ronnie, porque o programa é diário, e essa fase do filme exige dedicação integral. E o assalto que sofremos em casa ainda está muito presente. Foi muito violento e triste. Volto logo para botar tudo no lugar", afirma. 

História da TV

A história de Nilton Travesso se confunde com boa parte da história da TV brasileira. "Eu inaugurei a TV Record", conta, sem modéstia e sem exageros. Na Record da família Carvalho, onde começou em 1953, dirigiu teleteatros e novelas, além de programas como o de Silveira Sampaio, o primeiro talk show da TV nacional, e shows de Jô Soares e Cidinha Campos.

Foi um dos integrantes da lendária Equipe A, liderada por Antônio Augusto Amaral de Carvalho, o Seu Tuta, e que tinha Manoel Carlos e Raul Duarte. Nesse time, ajudou a fazer a história da TV com programas como o Show do Dia 7 e os festivais da MPB dos anos 1960 e transformou Hebe Camargo na maior apresentadora do país.

Na Globo, Travesso participou da implantação do Fantástico, em 1974, e comandou o TV Mulher e o Balão Mágico, no começo dos anos 1980. Foi para a Manchete em 1987 para instalar o núcleo de teledramaturgia que, três anos mais tarde, abalaria a Globo com Pantanal, de Benedito Ruy Barbosa. Fez a mesma coisa no SBT em 1994, com a já citada Éramos Seis, além de As Pupilas do Senhor Reitor. Passou pela Band, voltou para a Globo e novamente para o SBT. Desde 2014, dirigia o Todo Seu.


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