DEPOIMENTO NA POLÍCIA
Reprodução/Record
Ana Hickmann em entrevista ao Domingo Espetacular, na qual disse que não sabia da gravidade de suas finanças
Em depoimento à polícia na semana passada, uma ex-funcionária de Ana Hickmann colocou em xeque a versão da apresentadora de que só soube da gravidade de suas finanças pessoais e de suas empresas dias antes de denunciar o marido por violência doméstica, em 11 de novembro. Ela deve cerca de R$ 40 milhões. Outras ex-colaboradoras afirmaram que nunca vieram Alexandre Correa agredir a mulher.
Segundo Bruna Petinelli Fernandes, gestora da empresa que negociava os contratos de Ana, ela sabia desde 2018 que enfrentava dificuldades financeiras, mas mesmo assim manteve um estilo de vida de gastança e nunca demonstrou interesse pelas contas.
A ex-colaboradora também disse à polícia que foi coagida por Ana e seu ex-marido, Alexandre Correa, e que teve que "emprestar" sua conta bancária para pagar despesas do casal.
Segundo Bruna, que cuidou das finanças da Hickmann Serviços durante quase 11 anos, em 2018 a empresa teve um prejuízo de cerca de R$ 12 milhões, e Ana soube disso. Ela também afirmou que a apresentadora da Record recebia, em "algumas oportunidades", cópias de contratos de abertura de contas e empréstimos bancários cujas assinaturas a ex-modelo está contestando agora.
O depoimento de Bruna, de 43 anos, foi dado ao delegado Eduardo Simões Miraldi, da Delegacia de Fraudes Financeiras e Econômicas do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).
O inquérito foi aberto no final de novembro, a partir de notícia-crime em que Ana Hickmann acusa Alexandre Correa de ter desviado cerca de R$ 25 milhões das contas de empresas do casal e falsificado assinaturas da apresentadora em cheques e diversos contratos de empréstimos.
Na entrevista que deu ao Domingo Espetacular, Ana disse que não sabia da gravidade das finanças até a semana em que denunciou a agressão do marido. Entretanto, de acordo com Bruna Petinelli, além do prejuízo de 2018, a comunicadora teve cartões de créditos bloqueados no final de 2022, quando a gestora financeira "recebeu milhares de ligações de cobrança de bancos e fornecedores" questionando como Ana estava com a família na França se não pagava suas dívidas.
"A declarante [Bruna] esclarece que já nessa data [dezembro de 2022] Ana tinha ciência de que a empresa estava passando por um momento delicado, pois muitos dos cartões de crédito que Ana tinha posse encontravam-se bloqueados, além desta receber ligações e SMS de cobrança", registrou o escrivão do depoimento de Bruna.
Foi logo depois dessa viagem glamurosa à invernal Chamonix-Mont-Blanc que Ana e Alexandre Correa entraram em crise. Na entrevista à Record, Ana afirmou que eles não dormiam no mesmo quarto desde janeiro do ano passado.
À polícia, a gestora financeira relatou que chegou a ficar doente em outubro de 2023 após Ana procurá-la pedindo explicações sobre as contas da empresa e as planilhas financeiras que ela elaborava.
Bruna contou que recebeu diversos áudios de Ana, às 6h37 de 24 de outubro, em que apontava "possível má administração" da empresa e questionava sua conduta profissional. Na denúncia que gerou o inquérito no Deic, Ana afirmou que o ex-marido teria lesado seu patrimônio com a ajuda de duas funcionárias. Uma delas era Bruna.
A colaboradora afirmou que pediu demissão a Alexandre Correa, "visto não aguentar mais toda a coação sofrida", mas ele não aceitou imediatamente e ela se afastou por saúde, por recomendação de psiquiatra.
A gestora financeira também apontou uma possível tentativa de Ana Hickmann e seus advogados de persuadi-la a denunciar Correa ao Ministério Público. Em uma reunião, teriam prometido que Bruna deporia "na qualidade de testemunha protegida", o que ela não fez, alegando fragilidade psicológica.
Apesar da fidelidade ao ex-chefe (Alexandre Correa), Bruna também acusa o ex-marido de Ana Hickmann de coação. Disse à polícia que o empresário "de forma ardil sugeriu" que ela emprestasse uma conta no Nubank para receber dinheiro de um empréstimo e usá-lo para pagar despesas, "devido às contas de todas as empresas encontrarem-se com saldo negativo".
De acordo com Bruna, sua conta foi usada por Correa entre agosto e outubro últimos. Ela entregou à polícia extrato bancário comprovando o pagamento de gastos das empresas, dos familiares de Ana, de despesas pessoais da apresentadora e do então marido, de salários dos funcionários e de impostos.
No depoimento, Bruna também revelou problemas de gestão na empresa, dirigida por Alexandre Correa. Ela disse à polícia que "acredita que esse prejuízo não foi lançado em livro fiscal na época", referindo-se ao rombo de R$ 12 milhões com a falida operação de confecções de Ana Hickmann, em 2018.
Bruna afirmou que tinha poderes limitados e que o responsável pelas finanças da empresa era o irmão de Alexandre, Gustavo Correa. Relata que era responsável apenas pela elaboração de planilhas, mas que esses documentos eram sempre validados pelo então marido da apresentadora.
Segundo ela, Correa "por vezes solicitava a alteração de dados, sem o devido esclarecimento do motivo". Quando o questionava, ele "apenas ordenava que o fizesse".
Bruna, contudo, negou ter conhecimento de falsificação de assinatura de contratos de empréstimos. Disse que esses documentos ou eram enviados para Ana por email, ou por portadores dos bancos ou por intermédio de Alexandre Correa, que os devolvia assinados.
De acordo com a gestora financeira, a apresentadora nunca questionou nenhum ato administrativo ou financeiro de seu então marido. Só o destituiu do comando das empresas no final de outubro, duas semanas antes da briga na mansão de Itu, quando ela passou a investigar a fundo as finanças pessoais e de suas empresas.
Bruna também apontou à polícia que Ana e Correa "gastavam muito", apesar dos prejuízos de 2018 e 2020 (pandemia) e de as empresas já estarem "devendo milhões de reais para bancos".
Segundo ela, Ana ajudava financeiramente suas irmãs, pagava plano de saúde para os sobrinhos, enviava dinheiro para parentes no Rio Grande do Sul e até uma ajuda de custo aos pais de Alexandre Correa.
O jornalista Ricardo Feltrin divulgou que duas mulheres que já trabalharam com Ana Hickmann e outras duas que ainda prestam serviços ao casal negaram ter presenciado qualquer agressão verbal ou física de Correa à esposa. Duas chegaram a dizer que era Ana quem humilhava o marido e que frequentemente o tratava com desdém.
Procurada pelo Notícias da TV, Ana Hickmann alegou sigilo de Justiça e não comentou o depoimento de Bruna Petinelli. Porém, na nota, indiretamente apontou "ilicitudes" por parte da ex-colaboradora:
"O inquérito policial agora corre em segredo de Justiça, então não temos autorização para nos pronunciarmos com informações mais aprofundadas. O caso está sendo conduzido pela Justiça, a qual irá responsabilizar todos que praticaram ilicitudes com a Ana Hickmann, inclusive seus ex-funcionários, que agora tentam se eximir de suas responsabilidades."
Por meio de advogado, Alexandre Correa negou irregularidades contábeis e afirmou que Bruna Petinelli não foi coagida por ele e que ela nunca foi obrigada a nada. Disse que o empréstimo da conta do Nubank foi "uma solução encontrada por ambos" para pagar contas.
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