Pequenos conectados
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Criança vê tablet; especialista alerta que pais devem controlar o uso de eletrônicos pelos filhos
EDUARDO BONJOCH
Publicado em 10/10/2014 - 17h38
Atualizado em 11/10/2014 - 16h34
Nem pega-pega, nem esconde-esconde. Hoje, os jogos eletrônicos, os vídeos no YouTube, as conversas nas redes sociais e a programação da TV (ao vivo ou sob demanda) chamam muito mais atenção das crianças do que as brincadeiras do passado. Mas tanta modernidade exige atenção extra dos pais, principalmente na hora de monitorar o acesso dos pequenos aos tablets, smartphones, videogames e atrações adultas na televisão.
“O encontro com a tecnologia é inevitável e se dá cada vez mais cedo, porque as crianças tendem a seguir e se interessar pelos hábitos dos pais”, explica Andréa Jotta, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Além disso, é cada vez maior a oferta de filmes, séries e joguinhos destinados às crianças. Nas lojas de aplicativos, por exemplo, os pais encontram jogos de todos os tipos para consumidores de até seis anos. Muitos são educativos e trabalham com cores, sons, luzes e até estimulam a capacidade motora.
Todos, entretanto, têm um ponto em comum: funcionam como verdadeiras iscas para prender a atenção das crianças. Por isso, Andréa Jotta defende que os pais tenham uma postura firme, determinando quanto tempo e quais conteúdos devem estar ao alcance dos filhos.
“A criança não pode se tornar refém do videogame, do celular ou do tablet. Em alguns casos, eles não querem sair de casa, comer ou dormir para ficar jogando sem parar, e esse tipo de comportamento é prejudicial", afirma a especialista.
Os irmãos Silvio e Lara Carminato usam tablet monitorados pela mãe (Foto: Juliana Carminato)
Internet esconde maior risco
Quando a criança completa nove ou dez anos, o interesse pelos joguinhos começa a ser substituído pelas inúmeras possibilidades da internet. O acesso às redes sociais, os vídeos no YouTube e os aplicativos de conversa on-line, como WhatsApp, estão entre as atividades preferidas nessa faixa etária e pedem atenção extra dos pais.
“As crianças só devem acessar a internet quando os pais estão por perto, monitorando o que pode ser visto”, explica Andréa. A mesma dica também vale para a escolha de filmes, canais e programas na TV ao vivo ou sob demanda. “Os pais precisam ficar atentos à classificação etária de cada conteúdo", orienta.
Na casa da bancária Juliana Carminato é assim. Mãe de Silvio, de cinco anos, e de Lara, com três, ela conta que os filhos começaram a brincar com tablets antes mesmo de frequentarem a escola. “Acho que a tecnologia, quando utilizada sem exagero, deixa as crianças mais espertas”, afirma.
Mesmo assim, as atividades são monitoradas. “Meus filhos só usam a internet para baixar jogos e, na televisão, filtro o que eles podem ou não assistir. Desenhos e filmes violentos, por exemplo, estão proibidos, porque alteram o comportamento deles no dia a dia", diz ela.
Para ter um maior controle sobre o que a filha mais velha vê na internet, a dona de casa Valéria Caari mudou o computador de lugar. Com oito anos, Maria Luiza já tem celular com WhatsApp e gosta de navegar pelo YouTube.
“Agora, o computador não sai mais da sala e fica sempre com a tela virada para os adultos”, comenta. “Monitoro também os contatos da minha filha no WhatsApp. Ela só fala com a família e, se entra algum estranho, já bloqueio”, fiscaliza.
Por enquanto, Valéria Caari descarta a possibilidade de a menina ter um perfil no Facebook, mesmo com os pedidos insistentes de Maria Luiza: “Acho que tudo tem sua hora e vou segurar mais um pouco".
A dentista Juliana Bagnoli concorda. A filha mais velha, Maria Eduarda, de sete anos, tem seu próprio celular, mas o acesso à internet é limitado. E o uso do Facebook está fora de cogitação. “Se ela quiser ver alguma coisa, só através do meu perfil e da minha supervisão”, afirma.
Perfil na rede social
Uma pesquisa recente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br) revelou que 79% dos usuários de internet entre 9 e 17 anos possuem perfil na rede social, principalmente o Facebook. Os dados são de 2013 e mostram um crescimento de 9% em relação ao ano anterior.
Em relação a situações de risco vividas on-line, 38% das crianças e adolescentes entre 11 e 17 anos adicionaram pessoas que não conhecem pessoalmente a suas listas de amigos ou contatos nas redes sociais. Na outra ponta, 81% dos pais dizem conversar com os filhos sobre o que eles fazem na internet e 43% afirmam realizar atividades junto com os mais jovens na rede.
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