REDE BANIDA
REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Criadores de conteúdo protestam contra projeto de lei que proíbe o TikTok nos Estados Unidos
A Câmara dos Estados Unidos aprovou, em 13 de março, uma lei que pode banir o TikTok no país. Sob a justificativa de um combate à possível espionagem chinesa, o projeto ainda passará pelo Senado. Influenciadores americanos já têm se reunido em protestos para barrar a legislação. Mesmo que não atinja a permanência do aplicativo no Brasil, creators que tentam a visibilidade no mercado estadunidense terão que recorrer a plataformas de algoritmos não tão favoráveis para alcançar seus objetivos.
João Finamor, professor na área de Marketing Digital na Escola Superior de Publicidade e Propaganda (ESPM), explica ao Notícias da TV que um dos principais destaques do TikTok é a viralização e a entrega de conteúdo. "Não depende muito de quem é o produtor, mas do tipo de conteúdo. Quando se gera um conteúdo curioso, acaba ganhando muita velocidade", afirma.
A facilidade maior para emplacar publicações é o que atrai criadores de conteúdo e artistas à rede social. No cenário do entretenimento, músicos e produções audiovisuais são beneficiados pela rápida disseminação de seus vídeos. Não à toa, cantores investem na criação de dancinhas para serem transmitidas na plataforma --como Anitta, que alcançou o primeiro lugar no Spotify Global com a música Envolver, em 2022.
Outro caso recente é a popularização da minissérie Hilda Furacão (1998), da Globo. Estrelada por Ana Paula Arósio e Rodrigo Santoro, a obra ganhou destaque nos Estados Unidos após gringos se encantarem com edits (vídeos editados por telespectadores brasileiros) divulgados no TikTok.
Em um cenário no qual o aplicativo acabe banido dos Estados Unidos, influenciadores terão que se arriscar em novas plataformas sociais, como o YouTube, o Instagram ou até mesmo o Snapchat, que ainda faz sucesso entre jovens no território americano. Porém, devido à diferença de público e funcionamento dos algoritmos, não será uma tarefa fácil.
"Fazer a transição é sempre difícil. Mesmo que os seguidores gostem do seu conteúdo, todo aquele volume conquistado no TikTok não é tão fácil de imigrar para outras plataformas. Seria um baque muito grande na questão financeira e na sua relevância digital", esclarece Finamor.
Apesar de o YouTube ter a melhor possibilidade de monetização dentre as redes sociais, Finamor salienta que o algoritmo da plataforma "muito cruel e muito difícil". Por isso, exige uma maior constância de postagens até que o creator consiga visibilidade e retorno financeiro pela plataforma.
"No YouTube, fala-se em trabalhar um ano na plataforma para assim conseguir realmente ganhar algum tipo de dinheiro. Tem casos de youtubers que trabalharam anos e anos para conseguir ter alguma relevância", declara.
De acordo com um ranking feito pela DataReportal, o Brasil tem 82,2 milhões de usuários com 18 anos ou mais no TikTok. Finamor pontua que o campo democrático brasileiro tende a replicar certas decisões dos Estados Unidos. Portanto, é possível prever que políticos tentem iniciar um movimento para banir o aplicativo:
Com certeza veremos algum movimento de políticos brasileiros se espelhando no movimento de lá. Mas a gente já sabe que, embora tenha sido aprovado nessa primeira instância da Câmara, o Senado americano já vai ter um grande bloqueio, e aqui também ocorreria algo bem semelhante. Aqui, talvez houvesse algum movimento de algum grupo político, mas depois teria um barramento.
Pertencente à empresa chinesa ByteDance, o TikTok tem 170 milhões de usuários nos Estados Unidos. Os congressistas americanos estão preocupados com o destino dos dados da população cadastrada no aplicativo. Como base, eles mencionam novas leis de segurança nacional na China, que ampliam o direito do regime de exigir qualquer informação das empresas.
Para evitar a proibição, deputados determinaram que o ByteDance deve vender o aplicativo para uma companhia estadunidense. Joe Biden, atual presidente dos Estados Unidos, disse apoiar o projeto de lei e pediu que os senadores sejam rápidos com a decisão.
Na prática, o banimento não é tão fácil. Ainda que as lojas de aplicativo sejam proibidas de oferecer o TikTok, não é assegurado que a plataforma será automaticamente deletada dos celulares em que já está instalada.
"Proibir de vender na loja já é algo complexo, mas mais complexo ainda é conseguir bloquear e excluir dos celulares de quem já baixou. A gente tem um um paradoxo aqui: vamos criar um cenário em que a App Store e o Google Play foram proibidos de ofertar o TikTok. Mas quem já tem, como que vai excluir? Porque não é como se fosse um produto físico, as pessoas já baixaram no celular", destaca Finamor.
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