Preconceito?
Divulgação/AMC
Merritt Wever, a Denise, morre em The Walking Dead; ela formava casal com Alanna Masterson
JOÃO DA PAZ
Publicado em 2/6/2016 - 5h00
Atualizado em 2/6/2016 - 5h28
[Atenção: este texto contém spoilers]
A televisão norte-americana vem praticando um verdadeiro extermínio de lésbicas. Levantamento realizado pelo prestigiado site Vox revela que 9,7% dos personagens de séries mortos nos últimos nove meses eram mulheres homo ou bissexuais, exatamente 23 de um total de 237 cadáveres. Entre os homens, só sete eram gays. Dezenove séries mataram lésbicas. A principal ONG de gays e lésbicas dos Estados Unidos já manifesta preocupação. Afirma que muitas mortes não têm sentido.
A última vítima foi a hacker Samantha Groves (Amy Acker), conhecida como Root, na série Person of Interest. Ela morreu no capítulo da última terça (31), o centésimo, após ser atingida por um tiro de sniper. Samantha entra no grupo de personagens queridas e importantes que deram adeus na última temporada, como Denise (Merritt Wever) em The Wallking Dead e Lexa (Alycia Debnam-Carey) em The 100.
A despedida de Root reacendeu um protesto no Twitter intitulado Bury Your Gays (Enterrem Seus Gays, em tradução livre). A revolta ganhou força em março, quando a Lexa de The 100 morreu. Os fãs reclamaram e ganharam apoio da Glaad (Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação). "Com muita frequência, mulheres LGBTs são mortas em séries de TV. Mortes sem propósito algum. Produtores têm de melhorar [isso]", disse a ONG em uma publicação no Twiiter.
Em sua defesa, Jonathan Nolan, criador e produtor-executivo de Person of Interest, disse ontem (1º) para a revista Entertainment Weekly que a morte de Root já estava programada havia três anos. "Não foi uma estratégia para atrair audiência. Nossa história estava caminhando naturalmente para esse momento", explicou.
Além de Root e Lexa, outra lésbica muito importante para uma série se despediu: Bethany Mayfair (Marianne Jean-Baptiste), de Blindspot. Como assistente de diretoria no FBI (a polícia federal-norte americana) em Nova York e chefe de uma equipe especial, seu papel era crucial para descobrir como a protagonista Jane Doe (Jaimie Alexander) perdeu a memória e ganhou mais de 200 tatuagens. Bethany morreu no penúltimo episódio da temporada de estreia.
divulgação/Fox
Naomi Campbell em Empire; personagem da atriz matou parceira e provou do próprio veneno
A série Empire, que tem a maior audiência nos EUA entre o público adulto, perdeu duas personagens gays. Mimi Whiteman (Marisa Tomei) e Camila Marks (Naomi Campbell), que formavam um casal, deram adeus na segunda temporada. Mimi morreu envenenada pela parceira Camila, que provou literalmente do mesmo veneno em uma cilada armada por Lucious Lyon (Terrence Howard). Elas estavam tentando passar a perna no protagonista.
Supernatural, Jessica Jones, Quantico, Code Black e The Catch são mais algumas das séries que mataram lésbicas na temporada 2015-2016. The Walking Dead também está na lista: a médica Denise Cloyd (Merritt Wever), personagem querida dos fãs, foi vítima de um acidente causado por Dwight (Austin Amelio), quando um parafuso atingiu seu olho.
O site Autostraddle, voltado ao público gay e bissexual, mantém uma levantamento de todas as personagens lésbicas e bissexuais que morreram em produções exibidas pela TV norte-americana desde 1976 (incluindo novelas). Até o momento, a conta resulta em 156 mortes.
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