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EM PRISÃO DIFERENTE

Nova fase de Orange Is the New Black tem guerra de cocô, ratos e debate racial

Fotos: Divulgação/Netflix

Adrienne C. Moore (Black Cindy) e Danielle Brooks (Taystee) no sexto ano de Orange Is the New Black - Fotos: Divulgação/Netflix

Adrienne C. Moore (Black Cindy) e Danielle Brooks (Taystee) no sexto ano de Orange Is the New Black

LUCIANO GUARALDO

Publicado em 27/7/2018 - 5h45

[Atenção: este texto contém spoilers]

A nova temporada de Orange Is the New Black, que chega nesta sexta (27) à Netflix, abandona o ritmo intenso da rebelião do quinto ano e volta à mistura de drama e comédia do início. Os episódios tocam na ferida da questão racial, com referências ao movimento Black Lives Matter (vidas negras importam), mas o clima fica um pouco mais leve com uma invasão de ratos e guerra de cocôs.

As presidiárias de Litchfield foram transferidas para uma cadeia de segurança máxima e, agora, precisam se adaptar a como as coisas funcionam no novo lar. Além de lidarem com as (perigosas) detentas que já estavam no local, elas enfrentam novos carcereiros, sedentos por vingança, e administradores do sistema carcerário que estão loucos para encontrar responsáveis para punir pela rebelião.

Taystee (Danielle Brooks), uma das mais revoltadas durante o tumulto, acaba se tornando um alvo fácil. Mas seu julgamento vira um circo político: de um lado, uma máquina faminta para transformá-la em bode expiatório; do outro, ativistas negros que defendem a presidiária e fazem dela uma celebridade.

Mas os corregedores não querem apenas uma culpada pelo tumulto e ouvem depoimentos de todas as envolvidas. Dispostas a se livrar de uma nova sentença, que pode ir de alguns anos a mais atrás das grades à pena de morte, elas trocam acusações livremente. Amizades se desmancham e novas alianças se formam.

"Eu considerava que elas eram minha família. Mas família de verdade a gente só tem uma, a de sangue", define a russa Red (Kate Mulgrew), uma das incriminadas.

Guerra entre alas
No Litchfield Max, novo cenário da série, as presas são divididas em diferentes setores. A ala B, apelidada de Flórida, é considerada o paraíso, no qual as moradoras recebem até pudim de sobremesa. Já as alas C e D, menos favorecidas, estão em uma guerra eterna. O conflito ganha tons de novela porque Carol (Henny Russell), líder da ala C, e Barb (Mackenzie Phillips), chefe da ala D, são irmãs.

Para uma divisão da cadeia levar vantagem sobre a outra, vale tudo: as detentas da ala D soltam um grupo de ratos no armazém da C, o que faz com que elas percam seus empregos. Em retaliação, as moradoras da C fazem cocô nas máquinas de lavar com uniformes das rivais. Piper (Taylor Schilling), que se recusa a defecar com as colegas, descobre uma "surpresinha fedida" em sua cama.

Em meio à guerra, duas novas personagens ganham espaço: a irritante Madison (Amanda Fuller, ex-Grey's Anatomy) e a masculinizada Daddy (Vicci Martinez, ex-The Voice). A primeira é braço direito de Carol na ala C e divide a cela com Piper; a segunda ajuda Barb no setor D e fica encantada com Daya (Dascha Polanco).

Coates (James McMenamin) e Pennsatucky (Taryn Manning) em hotel: desventuras isoladas

Narrativa fragmentada
O maior problema da entrada de novos personagens é que as antigas acabam perdendo espaço. Suzanne "Crazy Eyes" Warren (Uzo Aduba, que tem dois Emmys pelo papel) não tem quase nada para fazer durante a temporada. O mesmo ocorre com outras queridinhas, como Big Boo (Lea DeLaria) e Sophia (Laverne Cox).

A divisão em alas também fragmenta a história, fazendo com que detentas importantes sumam durante vários episódios. E a série ainda mostra personagens fora do presídio, como o ex-diretor Joe Caputo (Nick Sandow) e a ex-detenta Aleida Diaz (Elizabeth Rodrigues), que tentam encontrar novos rumos agora que estão fora de Litchfield, mas sentem dificuldade para abandonar de vez a vida na prisão.

E ainda há uma outra história totalmente à parte envolvendo a caipira Pennsatucky (Taryn Manning), que conseguiu fugir da cadeia durante a rebelião com a ajuda do namorado (e ex-abusador), o oficial Charlie Coates (James McMenamin). Os dois vivem como um casal normal, algo difícil pelo fato de ela estar sendo procurada.

Orange Is the New Black estreia sua sexta temporada com um sétimo ano já confirmado. Depois de um quinto ano que foi completamente ignorado pelos votantes do Emmy, os novos episódios tentam corrigir o desvio de trajetória e retornar à fórmula que funcionou tão bem anteriormente.

Porém, talvez seja a hora de a criadora Jenji Kohan cogitar que a próxima leva de episódios seja a derradeira: afinal, não será bom para ninguém se a necessidade de acompanhar a série passar a ser uma sentença perpétua.

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