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Fosse/Verdon

Minissérie indicada ao Emmy expõe podres de ídolo de Claudia Raia e Sofia Vergara

Imagens: Divulgação/FX

O ator Sam Rockwell dá vida ao polêmico e premiado coreógrafo Bob Fosse na minissérie Fosse/Verdon

Sam Rockwell, vencedor do Oscar, em imagem da minissérie Fosse/Verdon, atração do Fox Premium 1

JOÃO DA PAZ

Publicado em 30/8/2019 - 5h02

Celebrado por musicais épicos no cinema e no teatro, o diretor Bob Fosse (1927-1987) é referência para atores do nível de Claudia Raia e Sofia Vergara. Porém, a carreira dele tem manchas, e a minissérie Fosse/Verdon expõe os podres de sua vida, principalmente na relação com a mulher Gwen Verdon (1925-2000).

O canal Fox Premium 1 exibe o primeiro episódio do drama nesta sexta-feira (30), às 22h30. A produção, indicada a 17 prêmios Emmy neste ano, conta com oito capítulos e tem dois brilhantes atores como protagonistas.

Sam Rockwell (vencedor do Oscar por Três Anúncios Para Um Crime) vive Fosse. Já a dançarina Gwen Verdon é interpretada por Michelle Williams (quatro vezes indicada ao prêmio máximo do cinema). Tanto Rockwell quanto Michelle estão concorrendo a estatuetas no Emmy deste ano.

Sem amenizar nada, Fosse/Verdon é uma leitura crua e fria do casamento de Fosse com Gwen. A trama não é apenas uma narrativa biográfica, mas sim um retrato de um casal que tinha vida própria juntos, como se fossem uma pessoa só. É justamente por isso que o título da atração agrega os sobrenomes dos dois.

Os bastidores dos maiores trabalhos de Fosse são mostrados na minissérie. Caso de Cabaret (1972), que lhe rendeu o Oscar de melhor diretor. A trama musical baseada em uma peça de teatro foi adaptada no Brasil com Claudia Raia no papel principal. Mas é o que ocorre por trás das câmeras durante as filmagens do longa que sintetiza a relação do casal de gênios.

Na Alemanha filmando Cabaret, Fosse travou e ficou sem ideias durante uma cena complexa de dança e canto, além de ter problemas com a escolha ideal do figurino. Nos Estados Unidos, em casa cuidando da filha, Gwen Verdon recebeu uma ligação de socorro. Ele perguntou se ela poderia ir até o país europeu para ajudá-lo a desembaralhar o problema. A dançarina aceitou.

O detalhe: ele fez a ligação sentado em uma cama que dividia com uma amante, a tradutora dele na comunicação com os alemães. Gwen mostrou que desconfiava dos casos extraconjungais do marido ao indagá-lo: "Eu vou ficar magoada quando chegar aí?". "Não, claro que não", minimizou ele.

Acabou que Gwen, com seu brilhantismo, achou solução para todos os problemas com uma rapidez e simplicidade ímpar, dando uma nova cara ao filme. Canto, figurino e dança ficaram ótimos. Ela voltou para casa. E ele ficou com o crédito todinho (e o nome em uma estatueta do Oscar).

Gwen Verdon foi salvadora do mulherengo Fosse inúmeras vezes. Por motivos maiores e que a minissérie explica muito bem, os dois permaneciam juntos, mesmo com Fosse tocando uma vida desregrada, bebendo e cheirando todas. 

Sam Rockwell e Michelle Williams em Fosse/Verdon; uma grande mulher atrás de um homem


Altos e baixos

A dinâmica de Rockwell com Michelle é notável, e dá gosto vê-los atuando em papéis tão delicados e profundos. Sem dúvida, é uma das características principais da minissérie, juntamente com um impecável trabalho de produção.

Esse pacote de qualidades resultou em 17 indicações ao Emmy, de maquiagem a figurino, passando por direção, roteiro e música. Esse total coloca Fosse/Verdon atrás apenas de The Marvelous Mrs. Maisel, Chernobyl (2019) e Game of Thrones (2011-2019) no ranking das séries com mais indicações ao Oscar da TV de 2019.

O visual da produção é belo, assim com as danças e coreografias. Vale ressaltar que atores do teatro norte-americano foram escalados para serem figurantes e protagonizarem as danças na minissérie, o que dá um aspecto real a essas cenas.

Por ter muitas referências ao teatro e a musicais, o público que desconhece esse universo fica perdido em muitos momentos ao longo dos episódios, sem entender a importância das referências. Em contrapartida, o fã de produções como Sweet Charity (1969) e Chicago (1975) vai se deliciar.

Outro ponto negativo é como a história do casal é contada. A narrativa não é cronológica. Cada episódio tem um tema e cenas do passado (flashbacks) e do futuro (flashforwards) são usadas para explicar como atitudes de Fosse e Verdon afetam seu relacionamento.

É fácil o telespectador se perder e não notar em qual ano específico determinada cena se passa e, assim, não compreender o andamento da trama. Por isso, a dica é ficar 100% atento e evitar qualquer distração (como mexer no aparelho celular) para captar devidamente a essência de Fosse/Verdon.

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