ORÇAMENTO CRESCEU
Fotos: Pedro Saad/Netflix
O ator Rodolfo Valente interpreta Rafael, agora um soldado do Maralto que faz jogo duplo em 3%
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 27/4/2018 - 4h43
Criticada em sua primeira temporada por causa do baixo orçamento, com figurinos e maquiagem de qualidade questionável, 3% volta nesta sexta (27) à Netflix mais rica. Os cenários que representam o Maralto e os efeitos especiais chamam a atenção. É a ação, porém, que salta aos olhos: a trama é repleta de tiro, porrada e bomba. Há até uma relação sexual a três.
Bianca Comparato, que interpreta a protagonista Michele, reconhece que lutou para que a série recebesse mais verba nos novos episódios. "Olha, eu falei algumas coisas com algumas pessoas", conta a atriz, aos risos.
O orçamento extra era necessário para que 3% apresentasse a história planejada pelo criador Pedro Aguilera na nova fase. Além de ter dois episódios a mais (são dez, contra oito do primeiro ano), a narrativa agora se divide em dois lugares: o rico Maralto, onde vivem os 3% aprovados no Processo, e o Continente, parte pobre, no qual o povo não tem o mínimo necessário para uma vida decente.
Há ainda novos personagens (vividos por atores globais, como Maria Flor e Fernanda Vasconcellos), novos cenários, novos conflitos e até uma nova linha temporal. "Tudo expandiu. A narrativa e a mitologia, claro, porque agora abrimos dois mundos, mas os personagens também amadurecem. E, em um paralelo, a Netflix também expandiu, porque quando iniciamos a série ela não era o que é hoje", filosofa Bianca.
Bianca Comparato (Michele) no cenário paradisíaco do Maralto: longe da pobreza do passado
Um mundo dividido
[Atenção: a partir deste ponto, este texto contém spoilers]
No fim da primeira temporada, os cinco jovens envolvidos no Processo 104 descobriram seus destinos: Michele e Rafael (Rodolfo Valente) foram aprovados e levados para o Maralto; Fernando (Michel Gomes) e Joana (Vaneza Oliveira) desistiram das provas e voltaram ao Continente; e Marco (Rafael Lozano) foi esmagado por uma porta automática após surtar e matar competidores.
Nos novos episódios, os personagens têm outros desafios. Fernando está treinando jovens humildes do continente para o Processo 105, prestes a começar. Já Joana se juntou à Causa, um grupo terrorista que deseja acabar com a seleção para o Maralto.
Infiltrados da Causa no Maralto, Rafael e Michele se encontram em pontos opostos: o primeiro, que se tornou um soldado do lado rico, quer provar para os moradores do Continente que tem potencial como espião. No caminho, se envolve com a médica Elisa (Thais Lago), moradora do Maralto que é enviada para o Processo.
Michele, por sua vez, descobre que o líder dos terroristas (Celso Frateschi) mentiu para ela e topa fazer jogo duplo a mando de Ezequiel (João Miguel), o coordenador do Processo, que também tem interesses escusos. Tudo para reencontrar o irmão, André (Bruno Fagundes), que ela acreditava estar morto.
Mas nem tudo é o que parece ser e, a cada episódio, a lealdade dos personagens muda de lado conforme novas verdades vêm à tona. Joana, por exemplo, descobre que um dos chefes da Causa, Silas (Samuel de Assis), deseja explodir uma bomba durante o Processo 105 para desativá-lo de vez. Ela, então, trai os terroristas e busca a ajuda de Fernando para impedir a explosão _sem desistir de acabar com a seleção.
Vaneza Oliveira (Joana) em cena no Continente: até o lado pobre de 3% recebeu investimentos
Amor livre
A série também volta 105 anos ao passado para mostrar a criação do Maralto. Maria Flor, Fernanda Vasconcellos e Silvio Guindane surgem como os idealizadores desse paraíso, um lugar onde todos podem viver em harmonia. Além de parceiros profissionais, o trio também mantém uma relação amorosa, e logo na primeira sequência da temporada já surge em um ménage à trois.
"Eu gosto da primeira temporada, acho que a história é um ponto forte. Uma coisa muito importante para a equipe era que a série nunca fosse morninha. A gente queria algo que realmente envolvesse, pegase o público pelo pescoço", justifica Pedro Aguilera, sobre as decisões criativas que tomou.
O criador defende que não sentiu nenhuma pressão para conquistar mais público. "Eu espero que a gente ganhe novos fãs, claro. Mas eu tenho no meu coração que entregar uma segunda temporada melhor ainda para quem viu a primeira. Críticas? Sempre vai ter alguém que não gosta porque não gosta do gênero."
"Acho que deve ser difícil para o brasileiro assistir a uma série sobre uma distopia quando o país já é distópico, né? Não é uma realidade tão diferente", opina Bianca.
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