31 ANOS DEPOIS
REPRODUÇÃO/GLOBOPLAY
Beatriz Abagge em depoimento a série documental O Caso Evandro, do Globoplay: inocentada
A Justiça anulou as condenações dos acusados pela morte de Evandro Ramos Caetano em Guaratuba, no litoral do Paraná, nos anos 1990. A defesa destacou a importância do trabalho do jornalista Ivan Mizanzuk --criador do podcast que originou a série do Globoplay-- no processo de revisão criminal. Ele identificou as fitas que provaram que as supostas confissões foram conseguidas por meio de tortura.
Beatriz Abagge, Davi dos Santos Soares, Osvaldo Marcineiro e Vicente de Paula Ferreira foram absolvidos pelos desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná. A decisão, a qual não cabe recurso, foi aprovada por três votos a dois. A informação é do G1.
No julgamento desta quinta (9), os magistrados afirmam que as fitas foram fundamentais para a revisão criminal. "Obrigado a todos que acompanharam meu trabalho. Sem vocês, essas pessoas nunca teriam esse reconhecimento", escreveu Mizanzuk, em seu perfil no X [antigo Twitter].
"Depois de 31 anos e 131 dias, vencemos a luta da nossa vida: provarmos a nossa inocência. Enfim, ela foi declarada pelo Judiciário", acrescentou Beatriz, que chegou a incluir trechos da série em sua defesa.
Evandro foi encontrado morto com sinais de violência em 1992, iniciando uma "caça às bruxas" em Guaratuba. Sete pessoas foram acusadas e quatro foram condenadas.
Os advogados de Beatriz Abagge protocolaram em dezembro de 2021 um pedido de revisão criminal do assassinato de Evandro Ramos Caetano, ocorrido em 1992. A defesa da terapeuta ocupacional solicitou que imagens e depoimentos que aparecem na produção da série O Caso Evandro, do Globoplay, sejam utilizados para "comprovar as injustiças que os acusados sofreram ao longo desses quase 30 anos".
O material da produção é baseado no podcast homônimo idealizado pelo pesquisador e professor Ivan Mizanzuk, que trata da misteriosa morte do menino de seis anos, desaparecido na cidade de Guaratuba, litoral do Paraná.
Em um trecho do documento enviado ao Tribunal de Justiça do Paraná, a defesa de Beatriz Abbage solicitou: "As gravações acrescentam novas perspectivas sobre os fatos e provam aquilo que sempre alegaram os acusados Beatriz, Osvaldo [Marcineiro], Davi [dos Santos Soares] e Vicente [de Paula Ferreira]: de que eram gravados enquanto torturados".
Para os defensores de Beatriz, as cenas que compõem a série podem comprovar que ela e sua mãe, Celina Abagge, falaram a verdade quando afirmaram terem sido vítimas de agressões para assumirem a responsabilidade pela morte de Evandro, que teria sido usado em um ritual satânico.
"Agora, só nos resta esperar que, diante das irrefutáveis evidências, o Tribunal de Justiça do Paraná, enfim, reconheça a injustiça que os acusados sofreram ao longo desses quase 30 anos", afirmou o advogado Tomás Chinasso por meio de uma publicação no Twitter.
Após a estreia da série na plataforma de streaming da Globo, a terapeuta ocupacional falou sobre o desejo de usar o conteúdo do documentário para comprovar suas afirmações.
"Vou entrar primeiramente com o pedido de revisão criminal na Comissão de Direitos Humanos sobre a tortura, para que o Brasil seja condenado e responda sobre isso. Espero que os torturadores sejam identificados e responsabilizados. Eles destruíram a nossa família", disse ela ao Notícias da TV.
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