20 ANOS
DIVULGAÇÃO/UNIVERSAL PICTURES
Gabrielle (Renée O'Connor) e Xena (Lucy Lawless): dupla se tornou ícone LGBTQ+ dos anos 1990
Em meio aos efeitos especiais de qualidade duvidosa e dezenas de referências à mitologia grega, o seriado Xena: A Princesa Guerreira (1995-2001) exibia o seu último episódio há exatos 20 anos. Originalmente um spin-off, a produção superou as aventuras de Hércules (Kevin Sobbo) ao entrar para a história e sair do armário --a protagonista Lucy Lawless rapidamente se tornou um ícone LGBTQ+.
Xena nunca foi abertamente lésbica, mas o texto da trama deixava bem claro que ela e a pupila Gabrielle (Renée O'Connor) tinham mais do que uma amizade. Logo em um dos episódios da primeira temporada, a jovem foi drogada por um dos vilões, mordeu a língua e deixou os fãs em polvorosa. "Você é tão linda", derretia-se ela, nos braços da heroína.
Hoje a sequência parece risível em termos de representatividade, mas a série começou a ser produzida apenas três anos depois que a homossexualidade deixou de ser classificada como doença mental pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
O assunto ainda era tabu, e os roteiristas recorriam ao queer coding, quando há uma representação de gênero ou sexualidade distinta da canônica no subtexto. As produções dos anos 1990 são cheias dessas codificações, com personagens dúbios como o demônio Ele de As Meninas Superpoderosas (1998-2002) ou a bruxa Úrsula de A Pequena Sereia (1989).
O preconceito só começaria a ceder quase dez anos depois, com a chegada de séries como The L Word (2004-2009), possibilitando que Xena finalmente saísse do armário. Em 2016, a rede americana NBC decidiu refilmar a série e assumir que a princesa guerreira e Gabrielle realmente eram um casal --em um projeto que não chegou a ver a luz do dia.
Lucy Lawless em Xena; atriz se tornou ativista
Ao lado da colega Renée O'Connor, Lucy Lawless sempre falou abertamente sobre o subtexto homossexual de Xena e fez da polêmica um espaço para debates e discussões a favor da comunidade LGTBQ+. Ela, porém, é apenas uma aliada, já que se identifica como uma mulher heterossexual --casada desde 2008 com o produtor Robert Tapert.
A intérprete também costuma levantar bandeiras feministas, especialmente contra padrões de beleza, já que sofreu com a bulimia na adolescência. Ela, no entanto, conseguiu dar a volta por cima, procurou tratamento e ganhou projeção ao representar a Nova Zelândia no Miss Universo em 1989.
Lucy, contudo, também já passou maus bocados por causa de seu ativismo. Ela invadiu e sequestrou um navio da Shell que mantinha atividades ilegais no Ártico em um protesto do Greenpeace que durou pouco mais de 77 horas. Ela foi presa, mas recebeu uma pena mais branda posteriormente --apenas alguns dias de serviço comunitário.
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