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COMÉDIA OU DRAMA?

Há 10 anos, Orange Is the New Black desafiou rótulos e forçou Emmy a mudar

Divulgação/Netflix

Com olhos arregalados e expressão maluca, Uzo Aduba parece surpresa em cena de Orange Is the New Black

Uzo Aduba venceu Emmys de comédia e de drama por seu trabalho em Orange Is the New Black

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 11/7/2023 - 6h25

Um dos pilares iniciais da Netflix, Orange Is the New Black (2013-2019) estreava há exatos dez anos. Ao lado de House of Cards (2013-2018), a série sobre um presídio feminino ajudou a popularizar o streaming e a provar que produções feitas para a internet poderiam ser profissionais e tão boas (ou, em muitos casos, melhores) do que aquelas pensadas para a TV tradicional. A atração também desafiou rótulos e forçou o Emmy a repensar sua classificação dos gêneros comédia e drama.

Orange Is the New Black, na verdade, se tornou a primeira atração da história da TV norte-americana a ser indicada ao Emmy de melhor comédia e ao de melhor drama em anos diferentes. Definida pelos produtores como dramédia, a série realmente não poderia ficar presa em um só gênero. Proporcionou cenas engraçadíssimas ao mesmo tempo em que fez o público chorar.

Assim, por sua primeira temporada, a produção da Netflix foi considerada uma comédia --e recebeu impressionantes 12 indicações ao Emmy, inclusive de melhor série do gênero, atriz (para Taylor Schilling), atriz coadjuvante (Kate Mulgrew) e atriz convidada (Laverne Cox, Natasha Lyonne e Uzo Aduba --que venceu a primeira de suas três estatuetas já em 2014).

No ano seguinte, porém, a Academia de Televisão baixou uma nova regra para facilitar a classificação dos inscritos em meio à ascensão das dramédias: séries de meia hora concorreriam nas categorias de comédia, enquanto atrações de uma hora seriam consideradas dramas.

Era um critério prático, mas pouco efetivo, que não levava em conta produções como Glee (2009-2015) e Desperate Housewives (2004-2012), obviamente engraçadas apesar de terem episódios mais longos, ou In Treatment (2008-2010; 2021), que lotava de cenas dramáticas seus capítulos de 30 minutos.

Os produtores de Orange Is the New Black até tentaram refutar a classificação e lutar por uma vaga entre as comédias --onde a concorrência é tradicionalmente um pouco menor--, mas não tiveram sucesso. Derrotados, eles foram obrigados a se conformarem com o decreto da Academia, e a série passou a concorrer em quesitos dramáticos de 2015 até 2020.

De certa forma, isso acabou se tornando um diferencial para a atração, que foi a primeira série a ser indicada como melhor comédia e melhor drama. Uzo Aduba também virou a única atriz a levar estatuetas dos dois gêneros por um mesmo trabalho. E Laverne Cox fez história como a primeira atriz trans a receber uma nomeação ao Emmy --ela foi indicada quatro vezes, e também emplacou seu nome nas listas de comédia e drama em anos diferentes.

Desde o ano passado, a Academia de Televisão mudou sua regra de classificação novamente. Como séries do streaming não precisam respeitar a minutagem da TV tradicional, a divisão 60 minutos/drama e 30 minutos/comédia passou a fazer ainda menos sentido. Agora, são os produtores que definem em qual categoria gostariam de inserir sua atração no Emmy, e à organização cabe apenas aprovar (ou não) o pedido deles.

É por isso que séries como Cobra Kai, Disque Amiga para Matar (2019-2022) e Barry (2018-2023) são consideradas comédias --embora não sejam necessariamente engraçadas e muitas vezes abordem temas pesados. E isso também explica por que Succession e The White Lotus estão bem cotadas para as categorias de drama, apesar de serem uma crítica acida e bem-humorada à burguesia e à sociedade contemporânea.

Aliás, a lista de indicados à 75ª edição do Emmy será revelada nesta quarta-feira (12). A premiação está marcada para ocorrer em 18 de setembro, mas a data pode ser afetada pela greve dos roteiristas, iniciada em 2 de maio e sem previsão de chegar ao fim. Já se cogita a possibilidade de a cerimônia ser adiada para o ano que vem caso a paralisação se estenda ainda mais.


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