MARCELLO MELO JR.
NATALIA ODENBREIT/TV GLOBO
Marcello Melo Jr. reconhece paralelo entre Arcanjo Renegado e a política brasileira
Publicado em 25/8/2022 - 6h25
A segunda temporada de Arcanjo Renegado estreia nesta quinta (25) com um enredo ainda mais envolvido com a política do Rio de Janeiro. Na festa de lançamento da série, na qual o Notícias da TV esteve presente, o ator Marcello Melo Jr. deu detalhes da trama e admitiu que o caos político da ficção se confunde com a realidade do país.
"Arcanjo tem um cunho político, de falar das questões sociais. E de uma certa maneira isso vem à tona porque é uma coisa que está muito ligada à realidade do dia a dia, de você ver na televisão. [E é o] que você acompanha na série, é uma forma de a gente discutir sobre o assunto, inclusive por ser um ano de eleição", conta o ator, que dá vida ao protagonista Mikhael.
Na trama, Mikhael é um policial da elite do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais). Ele chega a ser afastado do posto na primeira temporada, mas volta nos novos episódios com batalhas a serem vencidas.
Eu acho que a ficção acaba imitando a realidade, de uma forma escrachada, porque é muito pior do lado de fora, se você for parar para analisar. E do lado de dentro é uma forma de a gente, artisticamente, colocar nossa revolta, colocar nossa palavra. E tentar conseguir um retorno, nem que seja uma união do povo, uma união de vozes, e tentar fazer a diferença.
"Porque enquanto continua esse número menor fazendo tanta coisa ruim, a gente do lado de fora continua buscando uma forma de tentar melhorar, porque a gente é brasileiro e não desiste nunca", avalia o ator.
Melo Jr. acrescentou que, como spoiler sutil da nova temporada, podia destacar a presença de um bispo na trama. Para Gabriel Maria, roteirista-chefe do projeto, a ideia foi levantar questões para além do estereótipo religioso. Isso foi algo pedido pelo criador da história do Arcanjo, José Júnior.
"Ele [José Júnior] fez isso [saiu do previsível] muito mais nessa temporada do que na primeira, foi muito mais a fundo, seja com a galera do tráfico, ex-traficante, galera de religião, padre, pastor. Ele deu liberdade para criar", conta Maria, que assina o texto final com Bárbara Velloso e Gustavo Rademacher.
Eu acho esse é um dos trabalhos principais que consegui fazer com o Júnior, porque não há estereótipos, nada é preto no branco, [seja] na política, na polícia, na religião, tudo tem dois lados. Você consegue tirar humanidade de gente muito ruim
A tentativa de trazer personalidades críveis ao projeto e levar o trabalho a ter diferenciais fez o grupo de roteiristas inventar situações que, coincidentemente, acabaram acontecendo no Rio de Janeiro, em especial na política. De acordo com Gabriel Maria, isso foi perceptível em relação à primeira temporada, porque a interpretação do público de quem estava no poder mudou.
"A gente tinha muita vontade de falar dessa virada [na política carioca], acho que a gente conseguiu", avalia.
O roteirista adianta ainda que uma terceira temporada da série também já foi escrita e está pronta. A ideia é que o projeto envolva questões ambientais que ficaram em voga principalmente em 2019.
"Na terceira temporada, a gente começa a pincelar as questões florestais, as queimadas", explica Maria, que acrescenta que a linha humanista vai permanecer, dando espaço para vivências das populações que moram próximas às florestas.
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.