ATENÇÃO: SPOILERS!
Reprodução/NBC
Michael (Ted Danson) e Eleanor (Kristen Bell) tiveram seus destinos revelados no final de The Good Place
HENRIQUE HADDEFINIR
Publicado em 1/2/2020 - 5h20
A série The Good Place chamou muita atenção do público e da crítica ao retratar uma versão complexa e filosófica do que seria a vida após a morte, de forma original e ousada. Após quatro temporadas, o episódio final foi liberado para assinantes da Netflix no Brasil na sexta (31), e a atração surpreendeu pelos destinos que deu a seus personagens.
Criada por Michael Schur, que também comandou as premiadas The Office (2005-2013) e Parks and Recreation (2009-2015), The Good Place tinha nas mãos uma grande ideia, que poderia ter vários desdobramentos promissores. Sobretudo porque, com temporadas curtas e episódios de cerca de 20 minutos, não haveria motivo para esticar a história mais do que o necessário.
A protagonista é Eleanor Shellstrop (Kristen Bell), uma pessoa egoísta, arrogante, fria e gananciosa. Mas, surpreendentemente, ela vai parar no "Lugar Bom" (como é chamado o paraíso) ao morrer.
Lá, ela encontra personagens interessantes, que a acompanham até o fim da série. Há o filósofo indeciso Chidi (William Jackson), a socialite amargurada Tahani (Jameela Jamil) e o ingênuo Jason (Manny Jacinto), que também estão no "Lugar Bom". Michael (Ted Danson) é o arquiteto do referido paraíso e tem uma incrível ajudante, Janet (D'Arcy Corden).
A primeira temporada apresentou bem as peculiaridades e personalidades deles, e rapidamente muitas viradas da história foram reveladas. Mas, com isso, a série acabou entrando num looping de repetições que enfraquecia sua narrativa.
A atração foi se salvando e se mantendo popular entre o público muito por suas piadas rápidas, com referências de cultura pop. Por meio de Tahani e da hilária juíza vivida por Maya Rudolph, Hollywood foi explorada e zoada muitas vezes, com êxito.
A temporada final, no entanto, melhorou a questão da trama e teve capítulos mais enxutos e com rumo definido. Nos últimos episódios, os protagonistas tiveram que resolver uma falha no sistema dos planos pós-morte --estava nas mãos deles salvar a humanidade.
O mais interessante é que, ao mesmo tempo em que a série foi um grande deboche com as noções cristãs de paraíso e inferno, ela apresentou uma visão otimista de redenção em seu caminho para o fim.
Michael Schur é conhecido por sua acidez, pelo humor que pode até não gerar gargalhadas, mas chama a atenção pela agressividade. Por isso, foi surpreendente que os últimos episódios tenham retratado com ternura a ideia de que a morte pode ser uma oportunidade de corrigir comportamentos e atitudes da vida terrena. Mas nada disso é feito com medidas excessivamente emocionais. Mesmo na despedida, a série se mantém debochada.
Nos minutos finais, além do inesperado destino de Michael (com comovente coerência com o personagem), é quase impossível não embargar diante das decisões tão certas e bonitas dos roteiristas para a série.
The Good Place pode ter desgastado sua fórmula muito rapidamente, mas foi uma das atrações mais originais que a TV produziu nos últimos tempos e merece todo o afeto e respeito que conquistou.
Por fim, é preciso dar destaque a uma atriz muito especial que foi responsável por todo o sucesso e carisma de sua personagem: D'Arcy Carden, injustamente, nunca foi premiada por sua Janet, mas é dela que eu vou sentir mais falta. Numa série sobre humanos, foi a não-humana quem mais soube o que é dedicação e amor.
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