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Fim do encanto

Em seis meses, Netflix joga fora séries que custaram R$ 1,2 bilhão

Fotos: Divulgação/Netflix

O ator alemão Max Riemelt em imagem de Sense8, cancelada após a segunda temporada - Fotos: Divulgação/Netflix

O ator alemão Max Riemelt em imagem de Sense8, cancelada após a segunda temporada

JOÃO DA PAZ

Publicado em 6/6/2017 - 6h01

Três dos quatro projetos mais ambiciosos já lançados pela Netflix foram cancelados em um período de apenas seis meses. Juntos, eles custaram US$ 390 milhões (R$ 1,2 bilhão) para a gigante do streaming de vídeo. Essa é a soma do dinheiro gasto nas primeiras temporadas de Marco Polo, Sense8 e The Get Down. Só The Crown, atual vencedora do Globo de Ouro, sobreviveu à sina.

Das canceladas, The Get Down foi a mais cara. Devido ao alto custo com direitos autorais das músicas e o desejo de recriar a Nova York do final dos anos 1970, a série do cineasta Baz Luhrmann (Moulin Rouge e O Grande Gatsby) custou US$ 192 milhões (R$ 631 milhões). O drama sobre o surgimento da indústria do hip-hop teve apenas 11 episódios, um a menos do que o encomendado inicialmente.

The Get Down enfrentou diversos problemas, desde troca de produtores a mudanças na equipe de roteiristas. Isso fez com que a primeira (e única) temporada fosse dividida em duas partes, a mais recente lançada no mês passado, com qualidade inferior à dos primeiros seis episódios.

Já Marco Polo foi a que deu mais prejuízo. De acordo com a Hollywood Reporter, a empresa perdeu US$ 200 milhões (R$ 685 milhões) com as duas temporadas da trama sobre o desbravador italiano do século 13. Só o ano de estreia custou US$ 90 milhões (R$ 296 milhões).

Na época do lançamento, em 2014, Marco Polo só perdia para Game of Thrones na disputa pelo posto de série mais cara da TV. A intenção da Netflix era fazer algo tão grandioso quanto a série da HBO: estrelada por atores de várias nacionalidades e com batalhas épicas e belíssimas paisagens. Mas o tiro saiu pela culatra, e Marco Polo entrou para a história da Netflix como o seu primeiro grande fracasso. 

Benedict Wong e Lorenzo Richelmy em Marco Polo; a 'Game of Thrones da Netflix' fracassou

A inovadora Sense8 foi a baixa mais recente. Só a primeira temporada custou US$ 108 milhões (R$ 355 milhões). Neste caso, a Netflix também pagou caro pela megalomania, pois a ideia não era apenas ter personagens de diversas partes do planeta, mas ir até seus respectivos países para filmar as cenas.

Ou seja, a cidade de Seul não foi retratada em um estúdio hollywoodiano ou projetada em chroma key. A equipe foi até a Coreia do Sul, que serviu como pano de fundo para a economista e lutadora Sun Bak (Doona Bae). A estratégia foi repetida com todos os outros sete protagonistas da trama.

No fim, Sense8 passou por quatro continentes, 13 países e 16 cidades. Até o Brasil entrou na rota, mais especificamente São Paulo, na segunda temporada: os atores gravaram cenas na avenida Paulista durante a Parada Gay de 2016.

Joia da coroa
No fim do ano passado, estreou a primeira temporada de The Crown, superprodução de US$ 124 milhões (R$ 408 milhões). Os figurinos luxuosos do drama sobre a família real britânica ficaram com boa parte dessa quantia. O investimento na produção e na atuação, principalmente de Claire Foy (a rainha Elizabeth) e John Lithgow (o primeiro-ministro Winston Churchill), trouxeram resultados.

Até agora, a série recebeu 36 nomeações nas mais diversas premiações, dos sindicatos dos atores aos críticos da TV. No Globo de Ouro, The Crown concorreu em três categorias e levou duas: melhor atriz (Claire) e melhor série dramática. O drama é nome forte para o Emmy deste ano _os indicados serão conhecidos em 13 de julho.

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