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Direção de Spike Lee

Ela Quer Tudo, até você! Comédia da Netflix fisga público pela arte e acidez

Imagens: Reprodução/Netflix

A atriz DeWanda Wise na segunda temporada da comédia Ela Quer Tudo, criada e dirigida por Spike Lee - Imagens: Reprodução/Netflix

A atriz DeWanda Wise na segunda temporada da comédia Ela Quer Tudo, criada e dirigida por Spike Lee

JOÃO DA PAZ

Publicado em 28/5/2019 - 5h14

Criada pelo provocativo cineasta Spike Lee, a comédia Ela Quer Tudo (She's Gotta Have It) retornou revigorada na segunda temporada, disponível na Netflix desde a última sexta. Ambientada no verão nova-iorquino, a série mostra a arte produzida por negros, tão rara na TV, enquanto faz críticas ácidas à política americana. É uma atração para se divertir e aprender.

Em grande fase, após receber o Oscar de roteiro adaptado por Infiltrado na Klan (2018), Spike Lee dirige todos os nove episódios da segunda temporada de Ela Quer Tudo, assim como fez com os dez do ano de estreia.

Ele fez questão de encher a sala de roteiristas de mulheres, para deixar a jornada de sua protagonista, a hipnotizante Nola Darling (DeWanda Wise), fiel à de uma jovem negra contemporânea.

Pintora de espírito livre, Nola se depara com aventurais sexuais calientes, com direito a posições que são um desafio para quem quer sair do convencional "papai-mamãe".

Tudo isso faz com que Ela Quer Tudo seja imperdível. Confira cinco motivos para você devorar a comédia da Netflix:

Quadro de Michelle Obama pintado por Amy Sherald, que fez a 2ª temporada de Ela Quer Tudo


Arte negra

Nola Darling é uma artista que anda de mãos dadas com a realidade. Exímia em retratos, ela ganhou o respeito com sua arte Meu Nome Não É, na qual ela estampou vários rostos de mulheres negras repudiando termos chulos pelos quais são chamadas nas ruas. Na nova temporada, uma empresa se interessa por essa ideia e deseja usá-la em uma campanha publicitária, o que balança Nola, que não quer ligar sua arte ao marketing.

Fazer arte pela arte ou lucrar com ela é tema de uma forma bem especial. A série abre espaço para artistas negros renomados, como Carrie Mae Weems, Titus Kaphar e Amy Sherald, pintora que entrou para a história por ser a primeira negra a fazer um quadro de uma primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama.

Nola (DeWanda) e Clo (Margot Bingham) conversam enquanto uma mulher branca caminha


Crítica feroz

A acidez da série não poupou o presidente dos EUA, Donald Trump, em um magnífico episódio na primeira temporada. No segundo ano, Ela Quer Tudo não economiza em discursos equilibrados e é socialmente relevante por isso. Os personagens se veem em meio a discussões diversas, que vão de falta de recursos para a educação à gentifricação do Brooklyn, em Nova York.

Esse último tema permeia a nova leva de capítulos, muitas vezes de forma sutil, como quando duas personagens negras conversam sentadas na escada de um prédio e observam somente pessoas brancas andando nas calçadas. A série explica por que a invasão de grandes empresas descaracteriza um bairro habitado por negros e latinos, grupos étnicos que, somados, são maioria no Brooklyn. 

Nola Darling (DeWanda) abre o coração para o telespectador, com conversas francas e íntimas


O charme de DeWanda Wise

Olhando para a câmera, Nola Darling convida quem está assistindo a comédia a embarcar com ela na montanha-russa que é a sua vida, seja no alto do prazer sexual ou das conquistas no trabalho ao vale da rejeição e da fossa amorosa. A atriz DeWanda Wise captura bem a essência da personagem, e o público sente na pele as angústias e alegrias de Nola.

O capricho na construção da pintora não é à toa. Spike Lee encheu a sala de roteiristas de mulheres para que elas pudessem frear qualquer excesso da personagem. Elas também opinaram sobre como deveriam ser as atitudes verossímeis de Nola em determinadas situações. Mais da metade dos episódios da segunda temporada (5 de 9) foram assinados por mulheres.

As atrizes DeWanda Wise e Ilfenesh Hadera em cena de sexo quentíssima de Ela Quer Tudo


Sexo real (na medida do possível)

Ela Quer Tudo tem uma vibe sexual permanente, o que não quer dizer que rola sexo a todo instante na série. Mas o que esperar de uma personagem envolvida em três relacionamentos ao mesmo tempo? Na segunda temporada, no entanto, Nola dá um tempo nos homens e investe num namoro com uma mulher.

Seja como for, assim que o sexo surge, o telespectador pode se preparar para ver algo bem real, na medida do possível, é claro. As transas coreografadas são de tirar o fôlego e saem do lugar comum, principalmente com posições acrobáticas, só para quem tem muita flexibilidade e disposição.

Capa do álbum de Stevie Wonder lançado em 1971; música sofrência do cantor entrou na série


Trilha sonora preciosa

Não é exagero dizer que a trilha sonora é uma personagem da série. Praticamente todas as cenas contam com hits preciosos da black music. Há um mix de canções, com nomes antológicos do nível de Marvin Gaye, Prince e Stevie Wonder em conjunto com artistas desconhecidos do grande público, como The Jones Girls e Eddie Kendricks.

E a série ainda ajuda o telespectador. É comum o fã ouvir uma música em um episódio, gostar e querer ouvir de novo, mas não sabe quem é o cantor ou a banda. Ela Quer Tudo mostra as capas dos álbuns de artistas que tiveram suas músicas tocadas nos episódios, com imagens inseridas nas transições de cenas.

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