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Presidente dos EUA

De Palhaço a palavrão: Donald Trump é o presidente mais zoado da história da TV

Divulgação/Netflix

DeWanda Wise em Ela Quer Tudo; Donald Trump é um 'laranja' na comédia de Spike Lee - Divulgação/Netflix

DeWanda Wise em Ela Quer Tudo; Donald Trump é um 'laranja' na comédia de Spike Lee

JOÃO DA PAZ

Publicado em 2/1/2018 - 6h15

Nunca antes na história dos Estados Unidos um presidente foi avaliado tão negativamente na mídia quanto Donald Trump, de acordo com levantamento do instituto Pew Research. Nas séries, a zoeira chegou ao nível de o homem com o cargo mais alto do país mais poderoso do mundo ser tratado como um palavrão, chamado de palhaço que tem acesso às bombas nucleares e comparado ao salgadinho Cheetos.

A comédia Broad City (Comedy Central) teve a ideia ousada de colocar um bleep, aquele som tradicional na TV para sobrepor um palavrão, a cada referência ao presidente.

"Sempre que falamos sobre Trump, soa como algo nojento", disse Ilana Glazer, protagonista e produtora da atração, no seminário da TCA (Associação dos Críticos de Televisão dos Estados Unidos). "Não queríamos dar a ele mais ibope e pensamos nessa forma diferente de fazer uma piada."

Além de Trump, Broad City tem de soltar o bleep nos palavrões comuns falados pelas personagens, duas jovens nova-iorquinas aventureiras, e jogar um borro nas cenas de nudez (nem seios a série pode mostrar no Comedy Central).

Trump foi citado ao longo de toda a temporada, mas em um episódio a dupla de protagonistas foi com tudo contra o presidente. Nele, a personagem de Ilana estava em meio: ela não conseguia ter orgasmo desde 8 de novembro de 2016, dia da eleição de Trump. Ao consultar uma terapeuta sexual, descobriu que os orgasmos femininos caíram 140% desde a eleição do novo presidente.

Reprodução/comedy Central

A atriz Marcella Lowery em Broad City e sua fala que entrou na lista das melhores do ano

Palhaço com o código nuclear
A estreia de Spike Lee na TV veio carregada de críticas sociais e políticas. A comédia Ela Quer Tudo (Netflix), remake do seu famoso filme homônimo dos anos 1990, não fugiu de Trump e, a partir do oitavo episódio, a ofensiva foi intensa.

A trama sobre a artista Nola Darling (DeWanda Wise) e seus três amantes se passa em 2016. No antepenúltimo episódio da temporada, são dedicados quatro minutos ininterruptos de críticas a Trump, com uma música cujo refrão diz: "Porque um verdadeiro palhaço [Trump] tem acesso aos códigos nucleares".

A faixa toca enquanto são exibidas imagens de capas de jornais e revistas contrárias a Trump, além de fotos de escravos negros em fazendas e com os personagens da série em um clima de velório _tudo embalado por muito choro, maconha e bebida.

Caças às bruxas
The Good Fight, série derivada de Good Wife (2009-2016), mostrou seu desprezo por Trump logo no início. A primeira cena de série trouxe a advogada Diane Lockhart (Christine Baranski), uma militante esquerdista fervorosa, assistindo estupefata e assustada à posse de Trump como o 45º presidente dos EUA.

A série tem como ponto central uma firma de advocacia comandada por negros, especializada em lidar com casos de violência policial.

No terceiro episódio, um cliente pró-Trump ameaça largar o escritório. Os chefes caçam alguma pessoa que votou nele e tem coragem de assumir para resolver o problema. A busca abre um espaço interessante sobre identidade política e defesa de valores sociais.

divulgação/nbc

Debra Messing (à esq.) e Megan Mullally na volta de Will & Grace; estreia toda contra Trump

Já Will & Grace disparou uma metralhadora de piadas contra Trump no seu episódio de retorno, 11 anos depois do "final" da série. A nona temporada da premiada comédia, indicada ao próximo Globo de Ouro, voltou afiadíssima e comparou Trump com um salgadinho Cheetos, por causa da aparência alaranjada de sua pele. No total, foram dez tiradas para desmerecer Trump em um único capítulo.

A raiva que sucedeu a eleição de Trump também foi tema do episódio intilutado Lemon (Limão) de Blackish (Canal Sony). Na agência de publicidade na qual Andre Johnson (Anthony Anderson) trabalha, somente ele e outra pessoa não votaram no empresário. Daí, deu-se início a um debate sobre aceitar a derrota e aprender a conviver com quem pensa diferente.

O salgadinho Cheetos também serviu de alegoria para uma crítica a Trump na temporada mais recente de American Horror Story, que levou o subtítulo de Cult. Assim como Blackish, os dias de temor posteriores à vitória de Trump são abordados na principal série de terror da atualidade.

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